A presidente do Instituto Cabo-Verdiano para Igualdade e Equidade do Género (ICIEG), Rosana Almeida disse esperar que “esta parceria contagie outras associações e câmaras municipais, porque Cabo Verde com as limitações que tem só consegue obter resultados se fazer valer o lema ‘djunta-mon’ para transformar as famílias e corrigir o desequilíbrio”.
Para Rosana Almeida, esta é uma excelente parceria já que o objectivo do ICIEG é aproximar quem quer ajudar, indicando que quando a instituição que dirige foi convidado pela Associação Solidariedade e Desenvolvimento (ASDE), que tem feito um “trabalho notório”, não hesitou porque que, no passado mês de Março, prometeu voltar com resultados concretos.
“Hoje temos três centros de atendimento às vítimas em São Filipe, Mosteiros e Santa Catarina, mas faltava-nos dar respostas às vítimas de forma mais acertada”, afirmou a presidente do ICIEG, indicando que este instituto procurou entidades que estejam interessadas em colaborar, dando assistência, acolhimento e protecção às vítimas de VBG, já que o Fogo é uma ilha que tem preocupado esta instituição, demandando respostas urgentes.
Rosana Almeida avançou que a ASDE está disponível em colaborar com o ICIEG para dar respostas às mulheres vítimas de VBG, e tem condições de acolhe-las assim como as crianças, trabalhando a auto-estima, o lado psicológico e dando assistência, inclusivamente jurídica, sublinhando que as partes vão traçar as condições e regras de procedimento, nomeadamente das mulheres que entram, como são tratadas, o que dão em troca, de entre outras.
Esta observou que outras situações serão trabalhadas como a nova forma de masculinidade, os arguidos da VBG que estão detidos para que não reincidam e cometam os mesmos crimes, um trabalho que será desenvolvido em articulação com a ASDE para ajudar a empoderar as famílias no quadro da meta comum que é promover uma sociedade mais tolerante com menos violência e desequilíbrios possíveis.
Quanto ao tempo de permanência das vítimas no centro, Rosana Almeida frisou que existe uma lei que traça as regras tanto para as casas de passagem como as de abrigo, e que a mesma diz seis meses, três meses, mas de acordo com as possibilidades as partes vão trabalhar e estipular um tempo razoável para que a família se restabeleça.
Indicou ainda que a associação tem a missão de acompanhar as vítimas depois de sair do espaço, porque “o que falha em Cabo Verde é o seguimento” e há a necessidade de continuar a seguir e ver se o trabalho tem impactado a sociedade e contribuído para diminuir a violência.
Sem detalhar a contribuição das partes, Rosana Almeida revelou que a ASDE disponibiliza todas as condições para acolher, o ICIEG vai disponibilizar assistência técnica e psicológica e a câmara municipal vai garantir as condições para que as vítimas permaneçam no espaço.
Acrescentou que há outros parceiros fundamentais como a Polícia Nacional (PN) que terá um sistema de avaliação de riscos e poderá intervir juntamente com o técnico do ICIEG, a magistratura judicial, na resposta rápida que se pretende, notando que este ano há uma diminuição considerável de pendência nos tribunais e uma diminuição considerável de denúncias.
A selecção das vítimas também é feita por um técnico da instituição em articulação com a PN, para o encaminhamento ao centro, cuja localização não foi divulgada dado ao sigilo e protecção das vítimas, mas dispõe de todas as condições, nomeadamente três quartos com um total de sete camas, duas instalações sanitárias, cozinha equipada com fogão, frigorifico, de entre outros equipamentos.
A abertura de uma casa para acolher mulheres vítimas de violência doméstica, a primeira infra-estrutura do género, nasce como forma de debelar este flagelo social e o sofrimento “muito grande” por que passam as vítimas, segundo o mentor da ASDE, padre Octtavio Fasano.
Segundo o mesmo, além de ter espaço para acolher vítimas é fundamental que da parte dos homens exista uma mudança de mentalidade, indicando que “se a mulher colabora com homens para dar vidas (filhos), os homens têm a responsabilidade infinita e um amor grandíssima para com a mulher”.
Para o padre Ottavio Fasano, a disponibilidade da ASDE é plena e vai acolher um grupo de mulheres que sofrem a violência doméstica, olhando sempre para o futuro, ajudando-as e acompanha-las, assim como as crianças, na perspectiva de transformar a sociedade.
A ASDE encara a resolução e o combate à VBG como uma acção prioritária para o desenvolvimento que se quer para Cabo Verde.