Cabo Verde acima da média oeste-africana de tratamento de doentes com HIV/SIDA

PorExpresso das Ilhas, Lusa,23 nov 2018 10:11

Estudo da ONUSIDA mostra que Cabo Verde está a fazer um trabalho positivo no que respeita ao tratamento de doentes infectados com HIV. Cenário de outros países africanos lusófonos é bem mais preocupante.

Segundo o relatório divulgado pela ONUSIDA Cabo Verde é o único país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na região da África Ocidental e Central que registou uma taxa de tratamento superior ao valor compilado nestas zonas, superando a média de 40%.

Nas regiões da África Oriental e Austral, ambos os países lusófonos com dados disponíveis - Angola e Moçambique - têm taxas de tratamento prestado a infectados com VIH inferiores à média daquelas zonas, cifrada nos 66%.

Angola surge atrás da Guiné-Bissau, com 30% dos infectados em tratamento, e da Guiné Equatorial, com 38%, sendo estes três os únicos países lusófonos analisados com uma taxa de tratamento de pacientes com VIH abaixo dos 50%.

Segundo o relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o VIH/SIDA (ONUSIDA), Portugal é o país de língua portuguesa com maior percentagem de infectados em tratamento, com 80%, seguindo-se Cabo Verde, com 75%, Brasil, com 64%, e Moçambique, com 54%.

Nas regiões da África Oriental e Austral, ambos os países lusófonos com dados disponíveis - Angola e Moçambique - têm taxas de tratamento prestado a infectados com VIH inferiores à média daquelas zonas, cifrada nos 66%.

O programa das Nações Unidas alertou para a diferença entre estas duas regiões africanas, assinalando que factores como "falta de fundos, fracos sistemas de saúde, dificuldade de acesso a cuidados de saúde, crises humanitárias e os elevados estigma e discriminação" têm comprometido os esforços no sentido da detecção e tratamento do VIH nestas zonas.

No mesmo relatório, os indicadores do Brasil também superam a média da América Latina. No Brasil, cerca de 64% dos infectados estão a ser acompanhados no tratamento, um valor ligeiramente acima dos 61% na região central e austral do continente americano.

O Brasil é, a par de Portugal, o único país lusófono analisado nos três indicadores pela ONUSIDA. Naquele país da América do Sul, 59% dos infectados estão numa situação de carga viral indetectável, que impede a sua transmissão.

O relatório não apresenta dados sobre Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, outros dos países lusófonos.

A ONUSIDA estabeleceu, em 2014, as metas 90-90-90, que pretendiam que cada país alcançasse até 2020.

Estas metas almejam que a detecção do VIH em 90% dos infectados, o tratamento de 90% dos infectados e a supressão da carga viral em 90% dos infectados.

De acordo com os dados no relatório hoje apresentado na capital da Costa do Marfim, Abidjan, a supressão da carga viral a nível mundial alcançou os 47,4% em 2017, um aumento face aos 38% de 2015.

No estudo, a ONUSIDA assinalou, em termos globais, o aumento de infetados com conhecimento da sua situação, tendo registado um crescimento de 66% em 2015 para 75% em 2015.

Ainda assim, o diretor-executivo do programa, o maliano Michel Sidibé, acredita que é preciso fazer mais.

"Para atingir as metas 90-90-90 (...) temos de redobrar os nossos esforços para alcançar os milhões que não estão conscientes da sua situação quanto ao VIH e alcançar os milhões que não estão numa situação de supressão da carga viral", lê-se no prefácio do relatório, assinado por Sidibé.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,23 nov 2018 10:11

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  12 ago 2019 23:22

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