Júlio Andrade falava em declarações à imprensa, no final de uma formação direccionada aos enfermeiros em Oncologia, financiada pela Gulbenkian.
As duas instituições têm levado a cabo o “Projeto Oncocv”, que contempla a oferta de equipamentos para apoiar o hospital na área da oncologia e apoio na formação.
De acordo com o responsável, vão chegar à Praia dez sistemas de infusão para os doentes que estão a fazer tratamento de oncologia e vários outros equipamentos.
No quadro dessa parceria, médicos na área de cirurgia, anatomia patológica, anestesia e ginecologia, entre outros profissionais, vão participar de uma formação em Cabo Verde e em Portugal.
Júlio Andrade reconhece que o país depara-se com dificuldades no tratamento dos doentes oncológicos.
“Se conseguirmos ultrapassar a questão da radioterapia, isso diminuiria consideravelmente a evacuação para Portugal. O que estamos a fazer, neste momento, em concertação com Portugal é que o paciente faça tratamento, cirurgia e quimioterapia e depois vá fazer a radioterapia, mas também fica muito menos tempo em Portugal e será muito mais rápida essa evacuação”, assegurou.
Referindo-se, em particular, à formação para enfermeiros, a coordenadora do Programa de Prevenção e Controlo do Cancro, Carla Barbosa, referiu que é pela via da capacitação dos profissionais de saúde que se vai criar uma “base sólida para melhorar os cuidados dos tratamentos oncológicos”.
A ideia, apontou, é melhorar o diagnóstico, o registo oncológico e a interacção dos enfermeiros com o doente oncológico nas enfermarias.
“Em Cabo Verde ainda não temos um serviço de oncologia com camas, temos um serviço de oncologia no modo de hospital de dia. Por isso, várias enfermarias, nomeadamente medicina, cirurgia vão receber os doentes oncológicos e esses enfermeiros necessitam de ter conhecimentos básicos para poder dar um melhor tratamento", frisou.
A formação, destinada aos enfermeiros de Praia e São Vicente, é a primeira de várias outras que vão acontecer ao logo dos próximos anos.