Autoridades espanholas estão a desaconselhar o consumo de espadarte, atum-rabilho, tubarão (e cação) e lúcio por grávidas e crianças até aos 10 anos de idade.
Como recorda o Público, a recomendação não é nova — pelo menos desde 2011 que a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (AESAN) desaconselha o consumo destas espécies a grávidas —, mas agora deixou de se aplicar apenas a crianças até aos três anos para se alargar até aos dez.
A razão desta recomendação, explica a AESAN é a presença de mercúrio, que estas espécies absorvem através das guelras e na sua forma mais tóxica (o metilmercúrio) e que fica acumulada nos tecidos gordos.
Por serem espécies com vida mais longa e predadores maiores, como o turbarão (Selachimorpha) ou o espadarte (Xiphias gladius), acumulam maiores quantidades da substância e oferecem um maior risco para a saúde dos consumidores habituais.
O mercúrio é um químico que está presente naturalmente no ambiente, mas que também é resultado da poluição industrial. Os riscos para a saúde são conhecidos, pelo menos desde 1972, altura em que foi pela primeira vez estudado o risco da ingestão deste metal pesado por um comité de especialistas da Organização Mundial de Saúde.
“O mercúrio é prejudicial em alturas em que o cérebro se está a desenvolver”, explica Albert Goday, chefe do serviço de endocrinologia e nutrição do Hospital del Mar, em Barcelona, citado pelo El País.
Por isso, o período pré-natal é a fase da vida humana mais susceptível à exposição ao metilmercúrio, sendo mais grave quando ocorre no segundo trimestre da gravidez, podendo provocar atrasos no crescimento e danos neurológicos permanentes. Explica-se pela maior sensibilidade do sistema nervoso em desenvolvimento, que apresenta uma barreira hematoencefálica mais permeável e facilita a absorção do metilmercúrio.
“Para os adultos o risco é menor, porque a capacidade que temos de os tolerar é maior, mas em grandes quantidades continua a ser tóxico”, continua Albert Goday.
Em Cabo Verde a espécie de atum dominante é a Albacora também conhecido como Yellowfin Tuna e, por isso, diferente da que as autoridades espanholas estão a recomendar a diminuição de consumo e não há qualquer alerta por parte das autoridades públicas para a redução do seu consumo.