"Com respeito à ideia de uma eventual evacuação, importa esclarecer que tal medida contraria frontalmente as directivas das autoridades da República Popular da China e da OMS, visando conter a disseminação do vírus, e encerra elementos de complexidade e riscos a que o governo de Cabo Verde não deve expor os seus cidadãos", disse esta manhã o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Luís Filipe Tavares, em conferência de imprensa.
Esta declaração contraria de certa forma o que ontem tinha sido dito pelo director do Serviço de Vigilância e Resposta às Epidemias, Domingos Teixeira, que tinha anunciado que Cabo Verde estaria a preparar a retirada dos estudantes que estão em Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus, com a parceria de Portugal.
“Há hipótese de os estudantes voltarem para Cabo Verde conforme a evolução da situação. Já estamos a criar um plano para [ver] como organizar o regresso dos estudantes cabo-verdianos. Temos informações que, eventualmente, a sair, sairão junto com os portugueses”, afirmou.
Questionado sobre estas declarações, Luís Filipe Tavares respondeu: "Ele não disse isso. Ele falou da possibilidade de haver a evacuação em concertação com outro país, o que é uma coisa completamente diferente. Nós temos em cima da mesa todos os cenários. Vamos avaliando a situação hora a hora e ajustaremos as nossas decisões à avaliação que fizermos em concertação com as autoridades chinesas competentes e com a Organização Mundial de Saúde", explicou o ministro.
"Nós temos de estar em sintonia com essas duas organizações, mas também com os países parceiros para podermos avaliar a todo o momento quais são as medidas mais adequadas. Mas de momento as informações que temos é para gerirmos isto com toda a cautela, com toda a responsabilidade, ouvindo e respeitando as decisões das autoridades locais e da OMS para garantirmos a segurança e o bem estar dos estudantes que estão na China e também dos cabo-verdianos de um modo geral, porque há risco de transmissão durante o transporte. Temos de acautelar tudo isso".
O ministro acrescentou ainda que "nem a China nem a OMS autorizaram nenhum país a retirar os seus cidadãos. Nós vamos acompanhar, porque acreditamos que as autoridades chinesas estão a fazer um trabalho muito sério".
A cidade de Wuhan na região de Hubei está no epicentro desta epidemia de coronavirus que até ao momento já causou mais de uma centena de mortes um pouco por todo aquele país. Como primeira medida de combate à doença as autoridades chinesas fecharam a cidade de Wuhan, onde residem 16 estudantes cabo-verdianos, sendo permitido o acesso apenas às autoridades sanitárias chinesas.
Entretanto, o coronavírus já se espalhou por mais de uma dezena de países (China, incluindo Hong Kong e Macau, Taiwan, Japão, Malásia, Singapura, Coreia do Sul, Tailândia, Vietname, Nepal, Cambodja, Sri Lanka, Emirados Árabes, EUA e Canadá, França, Alemanha e Austrália).