No relatório divulgado esta quarta-feira, a PN conclui que o agente Nuno Sequeira, que pôs termo à própria vida, o fez por remorso por ter disparado contra a vítima e tirado a vida a uma pessoa.
“Voluntário ou involuntário, eis a questão. Pergunta essa a que só ele poderia responder caso estivesse com vida, mais ninguém saberá responder, daí não se poder atribuir a autoria do crime a mais ninguém”, lê-se no documento remitido ao ministro da Administração Interna para apreciação.
De acordo com o relatório, tudo aconteceu ao final da noite do dia 16 de Abril do ano passado, durante o controlo dos detidos que se encontravam nas celas. Os detidos foram retirados das celas e colocados em fila à porta das mesmas e, enquanto eram chamados um a um pelos seus nomes, o agente Nuno Sequeira conversava com Odair Robalo, de 23 anos, detido para ser presente ao Ministério Público, por posse ilegal de três armas de fogo, 19 telemóveis “e vários outros objectos”.
O documento refere que uma outra agente teria visto que Nuno Sequeira e o detido estavam numa conversa pouco amigável, "num tom muito elevado e de clima tenso" e que "o agente Nuno, de pistola ao punho, mantinha o referido detido agarrado ao peito com a outra mão”.
A situação terá sido reportada de imediato aos responsáveis da Esquadra, que se dirigiram para as celas depois de terem ouvido um disparo. O autor do tiro já tinha saído do local.
“Quando ali chegaram deparam-se com a vítima estatelada no chão, sangrando pela cabeça e os agentes Manuel João Andrade, Jailson Vera Cruz e Wilson Andrade em pé em frente à vítima, espantados. A vítima parecia não estar com vida quando lá chegaram, mas, por via das dúvidas, o graduado de serviço de Piquete sugeriu que o levassem para o hospital”, refere.
Odair Robalo chegou ao banco de Urgência já sem vida, na sequência do tiro na cabeça, na região parietal, .
“Acto contínuo, o agente Wilson Andrade e mais um colega saíram em busca do agente Nuno Sequeira. Procuraram nos arredores da Esquadra, mas sem sucesso”, lê-se.
Foram feitas outras buscas durante a noite no sentido de encontrar Nuno Sequeira, mas sem resultado.
No dia seguinte o agente em causa foi encontrado sem vida atrás de um muro perto do Liceu Pedro Gomes, com uma arma de fogo perto do corpo.
“O procedimento do agente Nuno Sequeira, de pôr termo à vida logo após o sucedido, conduz-nos a uma só conclusão: o arrependimento seguido de remorso por ter disparado contra a vítima e tirado a vida a uma pessoa”, conclui o relatório.
O inquérito foi remetido ao ministro da Administração Interna, para apreciação.