Autarca da Boa Vista admite usar força coerciva em situações de desobediência às medidas restritivas

PorExpresso das Ilhas, Lusa,26 mar 2020 6:47

O autarca da Boa Vista, ilha que registou os primeiros casos do novo coronavírus em Cabo Verde, prometeu esta quarta-feira usar a força para quem desobedecer às medidas restritivas, esperando que a ilha volte à normalidade o mais rápido possível.

Em declarações à agência Lusa, José Luís Santos relembrou que desde sexta-feira, quando foi anunciado o primeiro caso do novo coronavírus na Boa Vista, a ilha foi colocada em quarentena pelo Governo e começou a registar uma limitação de movimentos de pessoas.

“Temos estado a pedir às pessoas que se movimentem o menos possível, excepto para situações de extrema necessidade, como para abastecer nos mercados", afirmou, apelando ainda aos munícipes para "não constituírem aglomerados, nem nas lojas, nos chafarizes, nem nas ruas, para ficarem em casa”.

Notando que houve uma “alteração considerável” da vida das pessoas, o presidente da Câmara Municipal da Boa Vista reconheceu que foram registados casos em que as pessoas faziam a sua vida normal, por exemplo, no Bairro de Boa Esperança.

“Não é só no Bairro de Boa Esperança, isso tem acontecido um pouco por todo o lado. Há cidadãos que ainda não tomaram verdadeira consciência da dimensão e do perigo desta epidemia”, notou o autarca.

José Luís Santos revelou que estão a ser utilizados vários meios pedagógicos, mas prometeu usar a força coerciva, quanto mais não seja de um contingente de militares e polícias que viajaram da cidade da Praia para reforçar as equipas locais.

O envio do contingente de militares e de polícias, e ainda de elementos da proteção civil e bombeiros, técnicos de saúde e equipamentos foi uma das medidas tomadas pelo Governo central que, para o autarca, tem surtido efeito.

O presidente da autarquia informou também que a Boa Vista recebeu um carro de recolha de lixo da Câmara Municipal da Calheta de São Miguel, em Santiago.

“Todos esses meios, mais aqueles que o Governo tomou, vão surtir e estão a surtir efeito”, prosseguiu José Luís Santos, que pediu a colaboração, apoio e compreensão de todos para evitar o alastramento da doença pela Ilha das Dunas, a segunda mais turística do arquipélago.

Na terça-feira, após reunião do Conselho de Concertação Social, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou uma série de medidas de carácter social, financeiro e fiscal para proteger as empresas, os empregos e as famílias afetadas pelo novo coronavírus.

Para o líder municipal, essas medidas são boas para proteger a economia e a classe empresarial, que é o motor do desenvolvimento económico do pais.

“São medidas com as quais estamos plenamente de acordo e, se calhar, ter-se-á que se tomar outras para proteger tanto os pequenos como os médios empresários, para que a vida económica possa continuar a fluir e fazer crescer a ilha da Boa Vista”, pediu.

O autarca disse que a Boa Vista é uma das ilhas com maior futuro a nível nacional, que depende quase exclusivamente do turismo, e está a trabalhar para ultrapassar esta crise “rapidamente”, e retomar a normalidade económica, turística, empresarial e social.

“Boa Vista está numa dinâmica muito boa de crescimento e com fé em Deus e ajuda de todos vamos poder rapidamente restabelecer esta dinâmica e continuar a projectar esta ilha grande no setor económico e social, de acordo com o tamanho geográfico dela mesma”, perspectivou.

Além dos apoios governamentais, José Luís Santos avançou que a autarquia está a trabalhar na vertente social, já que muitas pessoas perderam o emprego e muitos outros estão em casa de quarentena.

O trabalho social está a ser realizado juntamente com as igrejas, as associações, a classe empresarial, estando aberta a outras colaborações, para recolha de géneros alimentícios, produtos de primeira necessidade e de higiene para abastecer as famílias mais carenciadas em casa.

Dos quatro casos confirmados de COVID-19 em Cabo Verde, três foram registados na ilha da Boa Vista, todos turistas estrangeiros, um dos quais acabou por morrer e ser enterrado na própria ilha.

O outro caso, na cidade da Praia, é de um cabo-verdiano que chegou ao país em 18 de Março, proveniente de França através de um voo por Lisboa.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infectou perto de 445 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.

O continente africano registou pelo menos 64 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 2.300 casos.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,26 mar 2020 6:47

Editado porSara Almeida  em  28 dez 2020 23:21

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