“Uso de máscaras deve ser um dever cívico”, Artur Correia

PorDulcina Mendes,26 ago 2020 13:52

Face ao aumento do número de casos no país, o uso de máscaras passou a ser obrigatório na ilha de Santiago, mesmo na via pública, para prevenir a propagação da doença. Pois, a ilha de Santiago, mais concretamente, a Cidade da Praia, continua a ser o epicentro da doença.

O Director Nacional de Saúde, Artur Correia, defendeu que o uso de máscaras não deve ser uma imposição, mas sim, um dever cívico, sobretudo na Praia e na ilha de Santiago.

Artur Correia fez esta afirmação esta segunda-feira, 24, na habitual conferência de imprensa sobre a evolução da COVID-19 no país.

“O uso de máscaras é um dever cívico de respeito para com o próximo, família e vizinhos. As pessoas devem usar a máscara para se protegerem e para protegerem aos outros. Se todo o mundo ou 90% das pessoas usarem máscaras vão ver que a dinâmica da epidemia vai enfraquecer e vai resultar numa baixa de número de casos”, garantiu.

Segundo Artur Correia, se forem usadas máscaras, se forem reforçadas as medidas de higiene, em termos de lavagem das mãos, se se evitar espaços públicos cobertos, o máximo possível, e se se respeitar o distanciamento entre as pessoas nos espaços públicos, “vão ver que a transmissão vai diminuir imediatamente”.

Já se está nos cinco meses do registo do primeiro caso de COVID-19 no país e a doença persiste em não dar tréguas no arquipélago. Continua-se ainda com mais de 20 casos por dia e a cidade da Praia continua a ser o grande foco da doença.

Na ilha do Sal o número de infecções já começou a diminuir, à semelhança da ilha da Boa Vista. Tudo indica que as autoridades sanitárias estão a conseguir estancar a doença.

Outro dado que o Director Nacional de Saúde destacou é que cerca de 30% dos casos registados no país, até o momento, situa-se no grupo etário dos 20 aos 30 anos. “Dos três mil e tal casos que temos no país, cerca de mil casos estão nessa faixa etária”.

Apelou mais uma vez à responsabilidade dos jovens para que a situação seja controlada. “Responsabilidade dos jovens, autorresponsabilidade, autocontrolo e comportamentos responsáveis afastem o risco de contaminação a nível comunitário dos jovens”, explicou, aconselhando os jovens para não porem em risco a vida dos familiares mais idosos, muitas delas com factores de risco e que têm de ser protegidos”.

Ilha do Fogo

Conforme Artur Correia, a ilha do Fogo, mais concretamente o concelho dos Mosteiros, representa uma preocupação para os serviços de saúde. Em termos de casos acumulados, a ilha teve esta terça-feira, 22 infecções por COVID-19.

Esses casos, frisou, resultaram dessa intensa actividade de investigação epidemiológica e são contacto dos casos positivos.

Fim da COVID-19

Para Artur Correia, ainda é difícil prever o fim da epidemia. “A própria OMS já disse que talvez daqui a dois anos, enquanto não houver todos os elementos necessários para conter a epidemia em termos farmacêuticos, vacinas e medicamentos”.

Sublinhou ainda que esta doença tem a ver com o alto potencial preventivo, que depende muito do nosso comportamento. “Muito daquilo que fazemos no dia-a-dia, em termos de evitar aglomeração de pessoas, ficarmos em casa, o máximo possível que podermos, para não nos contaminar, usar máscara sempre e evitar espaços fechados e respeitar o distanciamento entre as pessoas”.

“O fim da epidemia é difícil de se prever. A epidemia veio para durar e vai durar enquanto os países não tiveram acesso a mais dados e estudos para uma melhor compreensão da própria doença e dos dados para reforçar a prevenção”, considerou.

Artur Correia lembra que há cinco meses que estão a aguentar essa doença e que o país tem estado a dar uma resposta razoável à epidemia. “Temos esses casos e os números que são avançados são acumulativos de cinco meses e o país tem respondido de forma razoável à epidemia e a capacidade de resiliência está sendo cada vez melhor, com capacidade de testagem em várias ilhas e previsão de aumento dessa capacidade noutras ilhas que ainda não têm a doença, tudo isto é resposta”.

E garantiu ainda que o sistema de saúde não entrou em colapso. “Estou a prever que não vai entrar em colapso, se todos nós colaborarmos, inclusive a comunicação social”.

A ilha de Santiago continua a ser o epicentro da doença com 2.853 casos; Sal com 562; Boa Vista, 57; São Nicolau, 49; São Vicente, 19; Mosteiros, 22; e Ribeira Grande de Santo Antão 4.

A ilha do Maio teve dois casos positivos, mas essas pessoas já estão recuperadas. Brava é a única ilha que ainda não tem registado casos positivos de COVID-19.

Quanto aos estudantes que chegaram do Brasil na segunda-feira, 24, Artur Correia explicou que foram recebidos por uma equipa no aeroporto, formado por forças de segurança, profissionais da saúde e que foram submetidos ao teste PCR na terça-feira. Esses estudantes vão ficar em hoteis.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado esta terça-feira, 25, Cabo Verde passa a contabilizar 856 casos activos, 2673 recuperados, 37 óbitos, 2 transferidos e um total de 3568 casos positivos acumulados de COVID-19. E entre quarta-feira passada e esta terça-feira, o país teve 237 casos positivos, 221 recuperados e um óbito. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 978 de 26 de Agosto de 2020.

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Autoria:Dulcina Mendes,26 ago 2020 13:52

Editado porSara Almeida  em  8 jun 2021 23:21

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