Em três semanas epidemiológicas foram registados em Cabo Verde mais casos do que desde que o primeiro paciente deu entrada no centro de saúde da Boa Vista.
No período entre 16 de Março e 31 de Maio Cabo Verde teve 466 casos de COVID-19. Desde que terminou o Estado de Emergência, no final de Maio, e até ao final da semana passada 478 pessoas foram diagnosticadas com a doença.
Questionado, hoje, durante a conferência de imprensa sobre se este aumento se deve a um maior número de testes realizado ou a negligência das pessoas, Artur Correia respondeu: “Pode ser as duas coisas”.
"De facto, aumentamos o número de testes. Neste momento já temos cerca de 8 mil testes PCR realizados e mais de 27 mil testes rápidos feitos que funcionaram como triagem".
Este aumento do número de testes - passou-se de uma média de cerca de 900 testes por semana para 1400 testes PCR - pode ter sido um factor de aumento do número de casos mas, reconheceu Artur Correia, o crescimento "também tem a ver com o desconfinamento que houve e com a maior mobilidade das pessoas, com casos de desobediência às normas instituídas. Todos os dias vemos nas redes sociais denúncias de festas e de aglomeração de pessoas. Tudo isso contribuiu. Havia quase dois meses, durante o período de confinamento, com uma estabilização de casos".
Outro factor para o aumento tem a ver com o surgimento de "dois novos focos de transmissão activa: o Sal e Santa Cruz contribuíram para desequilibrar a evolução normal", acrescentou Artur Correia.
Quanto à investigação epidemiológica para encontrar a origem da infecção na ilha do Sal, o Director Nacional de Saúde explicou "em epidemiologia sabemos que quando aparece um caso já há mais casos na comunidade e quanto mais procurarmos mais encontramos".
Com o aumento do número de testes "há um aumento do número de casos, disso não temos dúvidas, tal como não temos dúvidas que vão aparecer mais casos não só nas ilhas que já foram afectadas como nas outras, sobretudo agora que vai haver a abertura de Santiago com as outras ilhas", concluiu Artur Correia.
Quanto a números, além dos 54 casos hoje registados, a Direcção Nacional de Saúde registou a existência de 22 casos suspeitos de infecção (um em Santa Catarina, sete no Tarrafal, dois em Santa Cruz e 12 no Sal) e deu conta da diminuição do número de pessoas internadas. Actualmente estão a precisar de cuidados médicos um total de 494 pessoas.
Quanto a casos recuperados, 440 pessoas já receberam alta hospitalar o que significa que 47,3% dos pacientes já foram dados como curados. Em quarentena estão 1.158 pessoas.