O presidente da Câmara de Comércio de Barlavento afirma que o tecido económico nacional não suporta outro estado de emergência. Jorge Maurício justifica a posição com a actual situação das empresas, que classifica de frágil.
“Não suportamos, tememos. Felizmente já houve da parte do governo uma indicação muito clara de que não haverá estado de emergência em Cabo Verde. Aqui o nosso tecido económico, a nossa estrutura e a nossa escala é tão diminuta que qualquer estado de emergência, numa situação agora muito mais frágil, traria muito mais problemas económicos e sociais do que [aqueles com que] estamos. Não defendemos o estado de emergência, a situação de calamidade já é uma situação difícil que dificulta muito a actividade económica”, alerta.
Cabo Verde tem registado valores máximos diários de novos infectados consecutivos desde 31 de Março.
Esta semana, o Presidente da República não descartou a possibilidade de o país voltar ao estado de emergência, como forma de combater a propagação da covid-19. Jorge Carlos Fonseca defende, por ora, o reforço da fiscalização como melhor medida.
Também a Câmara de Comércio de Sotavento não gostaria de ver o país num novo estado de emergência. O secretário-geral da agremiação, José Luís Neves, diz que as empresas estão uma situação “muito complicada”.
“Se, por razões sanitárias houver fundamentos fortes a favor do decreto do estado de emergência, nós temos que respeitar e aceitar. O certo é que o país precisa de ultrapassar esta situação sanitária, o mais rápido possível. Se for decretado novamente, pensamos que a situação seria extremamente difícil para as empresas. Em Cabo Verde, mesmo em condições normais, o ambiente de negócios já é complexo”, nota.
Com a persistência da crise económica provocada pela pandemia, o representante dos empresários da região de Sotavento considera que são poucas as empresas que estão a conseguir resistir.
“Os empresários contactam-nos praticamente todos os dias expondo a situação. Algumas empresas já fecharam as portas”, nota.
As agremiações empresariais observam que, neste momento, "não há muita coisa para mitigar” e defendem a elaboração de um plano “consistente” de salvação das empresas, que passa, sobretudo pelo financiamento, no pós-pandemia.