A manifestação começou na Praça Dom Luís, com passagens pelo Tribunal da Comarca de São Vicente, ruas de Côco e Fernando Ferreira Fortes, Alto Sentina e Cadeia de Ribeirinha.
Em declarações à imprensa, no final do percurso, Salvador Mascarenhas, representante da Sokols, fez um balanço positivo, embora a participação tenha ficado aquém das expectativas.
“A manifestação ficou aquém das minhas expectativas, vou repensar o meu envolvimento como activista político, mas foi bom. Acho que as pessoas estão a começar a se preocupar com a questão da justiça. Não é um tema fácil. Esperamos que os governantes observem a reforma que o Amadeu Oliveira está a propor, porque a justiça é basilar”, sublinha.
De acordo com Mascarenhas, os próximos passos deverão passar pela promoção de iniciativas, como abaixo-assinados, bem como pela promoção de debates, “de modo a envolver a sociedade civil”.
Lídio Silva, activista e antigo dirigente da UCID, anunciou que uma campanha denominada “por mais e melhor justiça”, promovida por emigrantes cabo-verdianos residentes na Holanda, enviou, na sexta-feira, um abaixo-assinado com 250 assinaturas a várias instituições europeias, nomeadamente ao Parlamento Europeu e a outras instâncias holandesas, entre elas a secção da Amnistia Internacional e do Ministério da Justiça, a denunciar aquilo que classificam “do inferno da não justiça em Cabo Verde”.
Em declarações à Rádio Morabeza, Lídio Silva apontou que a reforma da justiça em Cabo Verde é uma necessidade urgente, sobretudo no que tem a ver com a questão da inspecção judicial, da morosidade e da tramitação processual.
“Todos aqueles pontos são fundamentais e não podem ser dissociados. Aquilo tem de ser posto em prática porque, por exemplo, eu não posso fiscalizar o meu trabalho. Nesta nossa terra, temos muita gente que está pobre e que tem a família destruída por causa da injustiça. Quem tem dinheiro, infelizmente, tem conseguido comprar os decisores da justiça, e isso é grave”, afirma Lídio Silva.
Lídio Silva, juntamente com os activistas Maurino Delgado, Arlinda Brigham e Salvador Mascarenhas, lideram uma petição endereçada aos órgãos de soberania, com vista à adopção de medidas “para uma melhor justiça em Cabo Verde”, que passa pela informatização do sistema judicial, melhoria da inspecção judicial, elaboração de uma lei de tramitação processual, entre outros.