O alerta para novas formas de luta parte do secretário executivo do SINDEP em São Vicente, Nelson Cardoso, que discursava no final do protesto que decorreu no Mindelo.
“Estamos disponíveis para dialogar, sim, mas queremos realizações, não queremos apenas conversas. Há coisas que não exigem pagamento, estamos a falar da regulamentação do estatuto. Se o ministro da Educação e o governo estão preocupados com os professores, porque é que não regulamentam os estatutos? Que não há concurso de desenvolvimento profissional, de evolução na carreira?”, questionou.
A manifestação, que começou na Praça Dom Luís e terminou frente à delegação do Ministério da Educação, contou com “boa adesão”, segundo o sindicalista. De acordo com Nelson Cardoso, as exigências não são apenas resultado das pendências. Os docentes também querem a consolidação do sistema nacional de ensino.
“Os professores estão preocupados, não somente com a valorização do seu trabalho, mas também com a qualidade de ensino, que está a degradar-se. A cada dia, adoptam medidas, fazem e mandam desfazer, depois o dedo é apontado aos professores. O ministério está a ordenar a transição de estudantes sem condições, dizemos isso sem medo”, denunciou.
Em resposta, contactado pelos jornalistas, o novo delegado do Ministério da Educação em São Vicente, Jorge da Luz, considerou justas as reivindicações dos professores, apontando que, a seu tempo, serão resolvidas.
“Estamos cientes que aquilo que os professores reivindicam será respondido no tempo em que Cabo Verde consegue dar respostas. Estamos juntos com os professores e queremos trabalhar com os sindicatos para a resolução total e cabal daquilo que são as demandas do Ministério da Educação”, disse.
Jorge da Luz, que foi recentemente nomeado delegado na ilha, em substituição de Maria Helena Andrade, prometeu criar um ambiente de diálogo entre professores, sindicatos e governo.
“Estamos conscientes das preocupações e das reivindicações dos professores, também somos professores, e o que temos a dizer é que o Ministério da Educação fará tudo para responder positivamente às reivindicações dos professores. Estamos abertos ao diálogo, a dar seguimento a todos os processos que temos na delegação de São Vicente e a criar um ambiente de diálogo com o ministério e com os sindicatos, para irmos resolvendo as várias reclamações dos professores, que já têm anos de espera”, assegurou.
Em São Vicente, para além da manifestação de hoje, estava prevista uma greve que, entretanto, foi suspensa por não ter sido comunicada com a antecedência legal prevista à Direcção-Geral do Trabalho.
Professores filiados no SINDEP saíram às ruas nas ilhas de Santo Antão, São Vicente e Santiago, exigindo a resolução de várias pendências.