Ministro da Saúde diz pandemia foi caminhada de aprendizagem

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,19 mar 2022 8:58

A pandemia da covid-19 revelou, em dois anos, a importância do Serviço Nacional de Saúde (SNS), destacou vulnerabilidades e realçou a necessidade de se investir na vigilância epidemiológica e nas respostas a nível local.

Em entrevista à Inforpress, para falar de dois anos da pandemia em Cabo Verde, o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, afirmou que Cabo Verde conseguiu desenvolver acções, com mais cautela, para adaptar os serviços de saúde a nível primário, seguir os programas existentes, assim como as doenças crónicas não transmissíveis.

As soluções, segundo disse, foram também efectuadas a nível do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) para o aumento da sua capacidade de resposta e de diagnóstico, enquanto a nível hospitalar foram criadas condições para o tratamento dos doentes em casos mais graves de infecções e a todos os níveis, visando adaptações necessárias para respostas à pandemia.

“Foi um grande desafio que Cabo Verde conseguiu não só responder bem, mas também melhorar a sua capacidade de resposta. Hoje, dois anos depois, o Serviço Nacional de Saúde está melhor preparado, não só em relação à pandemia, mas também na sua capacidade de detecção precoce de outras doenças”, realçou o ministro, apontando ainda melhorias a nível da prevenção, da comunicação de risco, da promoção e do atendimento do Serviço Nacional da Saúde.

Nestes dois anos, conforme disse, os investimentos tiveram reflexo no orçamento do Estado (OE), tendo o orçamento do Ministério da Saúde subido cerca de 2,0 por cento (%), de 9,0 para 11 %, o que em termos de números significou mais de dois milhões de contos, investidos através do tesouro.

“Só em equipamentos, para além deste reforço, já tínhamos investido em materiais médico-hospitalares, o valor de um milhão de contos para cuidados primários nos hospitais regionais e centros de saúde. Isso sem esquecer os investimentos que estamos a fazer, nos hospitais centrais, para melhorar a resposta em termos laboratoriais e de imagiologia”, acrescentou.

Para Arlindo do Rosário se se for contabilizar o apoio financeiro recebido de outros parceiros internacionais, isso sem contar com as doações das vacinas, nos dois anos de covid-19 foram investidos cerca de três milhões de contos para a melhoria do sector.

Neste âmbito, afirmou que os dois anos da pandemia foi uma caminhada de grande aprendizagem a ponto de o Governo descobrir que a Saúde e a Economia são dois sectores muito ligados e de se chegar a dizer que “sem a Saúde o sector económico seria baixo”.

“Aliás, todo o investimento que estamos a fazer no INSP, na área de investigação, indica que estamos a dar passos importantes na comunicação de risco, na capacidade de detectar doenças, na biologia do campo, assim como na prevenção e promoção de um País que se encontra na fase de transição demográfica e biológica, e em que o custo social e económico para a Saúde é muito maior”, disse.

Neste processo, realçou a necessidade de mais recursos, mesmo reconhecendo que acções fortes e eficazes sobre as determinantes de Saúde, em estreita articulação com outros departamentos governamentais e organizações de sociedade civil, seja o caminho para uma segurança sanitária necessária.

“Mas não basta isso, temos de continuar a investir na melhoria da atenção a nível dos cuidados primários de saúde, na forma da divulgação de informações nas plataformas digitais e na gestão de acesso aos testes aproveitando as tecnologias de informação e comunicação”, indicou, sustentando que é este o caminho.

Uma outra prioridade, segundo apontou, é melhorar cada vez mais, a nível central, regional e local, o sistema de informação sanitária integrando vários pacotes a nível hospitalar e privado, nomeadamente, o dossier clínico e a forma digital de informação no país, assim como o reforço na redução das assimetrias regionais para a capacitação dos hospitais regionais.

“Precisamos é não baixar a guarda e continuar a aproveitar todos os ganhos conseguidos, já com certo impacto, e que levar a consolidação do Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou, avançando por outro lado, que com a covid-19 lições importantes foram tiradas no sentido de que “quando existe articulação e liderança, a todos os níveis, tudo corre bem”.

“É necessário continuarmos a investir para o fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde no sector público, privado e das associações não governamentais, pois é isso que faz a resiliência. Vamos trabalhar para melhorar a comunicação entre os vários sectores”, prosseguiu, indicando ainda, como lição, a situação do Serviço Nacional da Saúde e a necessidade de organização entre os vários níveis de prestação de cuidados.

Por este motivo, os desafios em termos de segurança sanitária devem, no seu entender, seguir o rumo de investigação e ser articulada com as universidades, visto ser esta a via que irá permitir medidas adaptativas e ajustadas à realidade do País.

“É um aspecto fundamental no reforço de melhorias do sistema de Saúde. Só para dizer que de 2015 a 2021 o orçamento do Ministério duplicou, de 4 milhões subiu para 8 milhões. É muito pouco? Mas é preciso continuarmos a investir, pois, a Saúde tem um papel importante no desenvolvimento do País”, disse.

Como desafio para os próximos tempos, o governante apontou ainda a melhoria da capacidade na área de prestação e trabalho, e na proximidade para se cumprir os desígnios das Nações Unidas de que “ninguém fique para trás”.

E porque a covid-19 ainda está entre nós a circular, Cabo Verde de acordo com Arlindo do Rosário, vai continuar a informar as pessoas sobre a situação e apelando-as a se protegerem, já que enquanto não for declarado o fim da pandemia “há que se prevenir e respeitar todas as medidas”.

Há precisamente dois anos, Cabo Verde registava o primeiro caso de covid-19 na ilha da Boa Vista, que marcou o início de uma dura caminhada, que ainda hoje se faz sentir.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,19 mar 2022 8:58

Editado porAndre Amaral  em  3 dez 2022 23:27

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