Em entrevista exclusiva à Rádio Morabeza, Jorge Maurício assinala o desequilíbrio económico-financeiro da concessão como o ponto-chave dos problemas enfrentados neste momento pela empresa.
“O desequilíbrio económico-financeiro tem a ver exactamente com o pagamento das indemnizações compensatórias que não são feitas a tempo, isto provoca uma aflição terrível de tesouraria da empresa, o que dificulta muitas vezes até o cumprimento da própria programação. Eu não gostaria de avançar números neste momento, porque isto tem sido muito discutido. Aqui importa realçar uma coisa: estamos a trabalhar ao mais alto nível e o governo tem sido muito aberto a resolver praticamente todas as questões”, explica.
O governo e a CVI renegoceiam o contrato de concessão, materializando a revisão do documento assinado em 2019.
Em Julho, a CV Interilhas anunciou uma dívida de 9,5 milhões de euros por parte do Estado referente à concessão. O valor, entretanto, não foi assumido pelo executivo que, desde então, através do ministro do Mar, fala na realização de uma auditoria para “validação das contas”.
A questão da sustentabilidade da empresa ao longo prazo, segundo Jorge Maurício, é um dos pontos que marcam as negociações.
“Há abertura das partes, várias coisas já foram resolvidas e estamos todos os dias a trabalhar. Estamos a trabalhar no sentido de as partes encontrarem soluções, isto é que é importante, encontrarmos pontos de equilíbrio, para neste momento estabilizamos a concessão e depois entrarmos numa rota de sustentabilidade também da própria operação”, afirma.
No âmbito das negociações, o governo estará a analisar a possibilidade de alterações nos preços do transporte de mercadorias e passageiros.
Jorge Maurício acredita que a alteração das tarifas, aliadas à regularização das dívidas do Estado à concessão são variáveis que poderão alterar o quadro financeiro da CVI e assegurar a sua estabilidade financeira.
“Claramente esta é uma equação que tem valores muito claros. Há uma operação que custa X, ela é deficitária, deve ser compensada do ponto de vista da indemnização compensatória. A indemnização compensatória pode ser mais ou menos, em função daquilo que o tarifário também puder ser, ou seja, se tivermos mais tarifa, teremos menos indemnização compensatória. Quanto maior for o tarifário, mais real, e mais ajustado ao mercado, menor será a indemnização compensatória”, refere.
A entrevista na íntegra poderá ser lida na edição desta semana do Expresso das Ilhas. Também poderá ser ouvida, esta sexta-feira, no programa Panorama 3.0, da Rádio Morabeza.