Foi em finais de 2019 que se começou a ouvir falar de uma estranha doença, causada por um coronavírus desconhecido e com elevada mortalidade. Ao princípio, parecia algo longínquo. Os casos estavam a ocorrer em Wuhan, na China, a milhares de quilómetros daqui.
Contudo, para os profissionais da área, o alerta já estava dado. O sistema mundial de vigilância epidemiológica, no qual Cabo Verde está inserido, passava as informações. Não se sabia ao certo o que era, mas era contagioso, e num mundo globalizado, seria “só uma questão de tempo até chegar cá”.
Artur Correia era, à data, o Director Nacional da Saúde (DNS). Na sua trajectória já passara, enquanto director do Hospital Agostinho Neto, pelo surto de dengue que assolou o país em 2009, e da qual lembra “o impacto enorme”, a lotação esgotada e as enfermarias improvisadas. Mas a maior experiência da sua vida profissional, com forte impacto mesmo em termos físicos e emocionais, começava agora, com esse novo vírus, a que se daria o nome de SARS-CoV-2, e que lançou o mundo no maior caos pandémico em muitas, muitas décadas.
O início
Quando chegaram as primeiras informações de Wuhan, “imediatamente vimos que estávamos perante algo epidémico”, recorda o antigo DNS. Assim, logo em Janeiro de 2020, Cabo Verde começou a preparar-se para enfrentar o que aí vinha, seguindo todo um conjunto de procedimentos para enfrentar as epidemias que foi despoletado. Iniciou-se, assim, a fase preparatória, que antecede a fase de resposta.
Assim, no momento em que a situação de pandemia foi declarada, pela OMS, a 11 de Março, Cabo Verde já tinha organizado o seu pessoal de saúde e foi activada a “equipa técnica de intervenção rápida que é uma equipa multissectorial que existe, a nível do ministério da saúde”.
Múltiplos sectores foram, pois, envolvidos. As reuniões com a DNS eram diárias, com vista a “discutir e preparar o país em termos de documentação técnica, de materiais e equipamentos de protecção individual que era preciso importar rapidamente”, bem como de medicamentos e outros consumíveis. Enfim, tudo o que fosse necessário para enfrentar a epidemia.
Começaram, entretanto, a surgir casos suspeitos, que eram testados. Num primeiro momento as amostram eram enviadas para o estrangeiro, para análise, “mas rapidamente criamos capacidade interna, autonomia para poder fazer os testes de diagnóstico em Cabo Verde”, lembra Artur Correia.
Ainda sem nenhum caso no país, foi também criada uma linha verde para a covid. Várias medidas restritivas começaram a ser impostas, encerraram-se espaços de aglomeração, condicionou-se o atendimento ao público e os horários da restauração. Enfim, o Plano de Contingência entrou em curso.
E esse Plano Nacional, “documento guia que ajudava o país na organização da resposta nas diferentes fases”, foi o grande trunfo de Cabo Verde nessa fase inicial, analisa, hoje, Artur Correia.
“Ninguém conhecia a covid, ninguém tinha um manual de covid, mas tínhamos um manual de enfrentamento de pandemias, sabíamos como enfrentar e já tínhamos vivido outras experiências. Sabíamos, portanto, o que devíamos fazer”, diz.
O isolamento começava-se a desenhar. Isolamento do mundo, das ilhas e de cada pessoa.
O dia zero
O país estava, pois, preparado dentro do possível, quando o inevitável aconteceu.
O primeiro caso de covid-19 em Cabo Verde foi confirmado a 19 de Março. Tratava-se de um turista britânico, na ilha da Boa Vista (que viria a ser também o primeiro óbito por COVID no país).
O resultado foi divulgado às 22h30 desse dia, que foi também o dia em que, desde as 0h00, se havia anunciado a interdição de voos para/de vários destinos. Uma medida, que tal como várias outras, tinha sido discutida por vários actores, envolvendo vários ministérios sob o apoio técnico da DNS, através do ministro da Saúde.
As respostas, claro, extravasavam a Saúde. “Era algo que exigia não só uma intervenção sanitária, mas intervenções que tinham a ver com a disponibilização de infra-estruturas para fazer os isolamentos, para alimentar as pessoas que estavam em isolamento obrigatório…, tudo isto exigia a contribuição de outros sectores, e de forma descentralizada, em todo o país”, recorda Artur Correia.
As prioridades eram, desde o início, diagnosticar, depois isolar, depois tratar e fazer todo o “acompanhamento em termos clínicos e desenvolvimento da doença”.
Entidades como Protecção Civil, as Forças Armadas, Polícia Nacional, foram envolvidas. Foi, como se sabe, criado um Gabinete de crise, e a par e passo a situação ia sendo avaliada, no país e em cada ilha. Mediante a mesma, era declarado o “nível” em vigor, previsto no quadro nacional. A 26 de Março, Cabo Verde passou do nível de Contingência para situação de risco de calamidade e à medida que se endureciam as restrições, a 27 de Março, e pela primeira vez na história de Cabo Verde, foi decretado o Estado de Emergência.
Uma medida radical, mas importante, avalia Artur Correia. “Foi uma boa resposta para tentar travar a epidemia, e teve impactos muito positivos”, diz, lembrando, nomeadamente, que “em momento algum o nosso sistema de saúde esteve em colapso”, facto que corrobora a avaliação positiva às medidas tomadas.
Isolamento
Entretanto, a par com o confinamento, uma das prioridades foi, como referido, isolar os casos positivos do resto da comunidade para estancar a cadeia de contágios.
Além da quarentena para os cabo-verdianos que regressaram ao país, em voos fretados, em infra-estruturas providenciadas pelo Estado, o isolamento obrigatório, em locais designados para o efeito, era também para os que cá estavam e testavam positivos.
Este isolamento constituiu, aliás, um dos momentos mais traumáticos da experiência da covid em Cabo Verde. Ser obrigado a sair de casa, ir para um lugar estranho, com pessoas estranhas e manter-se aí fechado, bem todo o aparato que era usado para proceder à deslocação, foi arrasador para muitos cidadãos. Era necessário?
“Conhecendo hoje os modos de propagação da doença podíamos ter evitado muita coisa, nomeadamente os internamentos obrigatórios”, reconhece Artur Correia. Porém, é preciso ver a questão à luz do momento que se viva na altura. Assim, mesmo podendo parecer excesso de zelo, “fez sentido” pois, “numa questão de segurança sanitária há sempre que tomar as medidas mais seguras possíveis, e o mais seguro possível naquela altura era isolar as pessoas”.
Essa situação não durou muito tempo. “Rapidamente, mudamos para internamento domiciliar, que não tem toda a carga emocional de estar longe da família”, aponta Artur Correia.
Todos juntos
Havia também, nos primeiros tempos, não só um pavor à doença, como um estigma contra os pacientes infectados.
Um estigma que se tentou combater desde o início, garante Artur Correia. Ele próprio, enquanto DNS, com a sua equipa, ia receber as pessoas que saíam do isolamento, tentando naturalizar, de alguma forma a doença, sem deixar, de advertir para que certos cuidados fossem tomados. Ao mesmo tempo foi feita uma grande aposta na educação, informação e comunicação, da população, recorrendo para tal a vários meios, nomeadamente panfletos, à comunicação social que, sublinha, foi uma grande aliada nesta luta, entre outros.
O antigo DNS destaca também o site covid-19 que foi criado, através do instituto nacional de saúde pública, e que continua online, onde eram prestadas informações sobre a doença e também sobre a sua evolução no país.
Uma outra medida que Artur Correia destaca como “momento histórico” foi a criação da linha verde, “uma linha telefónica atrás da qual havia profissionais de saúde, enfermeiras e médicos, espalhados a nível nacional”. Foi um sucesso, e houve inclusive momentos em que a afluência “entupiu” esta linha de aconselhamento, encaminhamento e apoio aos cidadãos, bem como para apoio aos profissionais de saúde, que estavam exausto e também precisavam da apoio. A linha chegou a contar com 40 psicólogos.
“Todas essas medidas, aliadas às conferências de imprensa que diariamente fazíamos, em que falávamos como prevenir e como enfrentar a pandemia, tentando mobilizar a população e as outras autoridades [tiveram efeito]. Todos estiveram empenhados e envolvidos cada um com a sua incumbência, nesta resposta”, aponta.
Na verdade, os estudos mostram-no, “a população tinha grande confiança nos profissionais de saúde. Havia um bom voto de confiança, que tentamos não defraudar”, observa.
Aliada à reposta aos casos fez-se então todo esse trabalho na “prevenção e na mobilização social para a prevenção”. E a população aderiu.
“Alguns dizem que não, mas eu acredito que houve um grande envolvimento, uma grande participação da população na prevenção”, reitera. Mesmo algumas situações de incumprimento das medidas, por parte de alguns, foi marginal e não desvirtua” todo o esforço da maior parte dos cidadãos.
Aliás, elogia, essa participação acontece sempre que há situações de epidemias em Cabo Verde. “Exige uma participação de todos, eu penso que o conseguimos”, resume.
Entretanto, a participação da população foi além da questão sanitária e extravasou também para a mitigação dos impactos económicos e sociais causados.
“O governo teve de intervir também para mitigar esse impacto, não só a nível das famílias, mas também a nível das empresas”, lembra Artur Correia e houve também “um grande movimento de solidariedade social por parte da população, tanto dos residentes, que se organizaram e mobilizavam recursos financeiros para fornecer cestas básicas as famílias mais desfavorecidas, como dos emigrantes que enviavam fundos às associações locais para mitigarem o impacto socioeconómico”.
Por tudo isto, Artur Correia não tem dúvidas de que houve uma mobilização da Nação cabo-verdiana, para ajudar nesta luta.
Estafetas
Artur Correia cessou funções em Novembro de 2020 tendo sido substituído por Jorge Barreto, que já vinha integrando a equipa da DNS e conhecia de perto as respostas e evolução da doença. Também ele lembra 2020 como “um ano difícil”.
Havia que lidar com algo novo, que punha em risco a vida das pessoas, e que para o qual não havia tratamento, cura ou soluções que evitassem a infecção.
Igualmente instado a avaliar as medidas tomadas, nomeadamente as mais radicais, este o médico lembra que “era natural que houvesse muitas incertezas e a adopção de medidas que, posteriormente, num momento de mais calma, podem ser interpretadas de forma diferente”. Interpretadas inclusive como “erros”, embora descarte este termo pois, sublinha, foram medidas tomadas num contexto excepcional e “à luz do conhecimento disponível na época”.
Jorge Barreto lembra que as medidas foram “exaustivamente discutidas, de forma que o impacto da implementação das mesmas não afectasse tanto as pessoas”. Infelizmente afectaram por um período que não foi breve, mas “permitiram que o impacto não tivesse sido pior”, diz.
Erros
Quanto às medidas que, eventualmente, à luz das informações científicas de hoje possam ser interpretadas como “erros”, está a de, inicialmente o uso obrigatório de máscaras por todos ter sido desaconselhado.
“Pode ser apontado como um "erro", mas, na época, não havia stock suficiente de máscaras e era necessário garantir que os profissionais de saúde e as pessoas que fossem lidar mais de perto com os infectados e os doentes tivessem sempre acesso às mesmas. O desafio do stock era tanto que, no princípio, o preço das máscaras disparou e era difícil encontrá-las nas farmácias”, diz, acrescentado que, “para além disso, para uma efectiva protecção, é preciso saber utilizar as máscaras, senão o efeito pode ser o contrário”.
Outro "erro", avança, tem a ver com o período de quarentena após o diagnóstico de COVID-19. “Com o avançar do conhecimento científico, verificou-se que esse tempo poderia ser encurtado”.
Por fim, e olhando a luta em termos mundiais, terá também sido um erro o “timing para a disponibilização de vacinas a todos os países”, que criou uma discrepância entre as recomendações e a real disponibilidade de vacinas. Os países com menos recursos tiveram acesso às vacinas muito tempo depois dos países mais desenvolvidos e em quantidades muito inferiores às necessidades.
“Isto, a meu ver, atrapalhou imenso o alcance das metas mundiais de cobertura estabelecidas pela OMS, sobretudo nos países africanos, por exemplo”, avalia.
ANO II
Seja como for, o ano II da covid-19 em Cabo Verde terá sido o “ano da vacina”.
Corrida de estafetas, foi já com Barreto que o país entrou na fase dos piores surtos, mas também nessa efectiva vacinação que veio permitir uma nova fase, de maior esperança e “normalidade”.
Assim foram dois os grandes desafios do II ano. O primeiro, conta, foi “manter o nível de resposta” perante as vagas provocada pelas novas variantes, nomeadamente Alpha, Delta e Omicron, que trouxeram o “agravamento da situação epidemiológica em termos de número de casos, número de doentes internados e número de óbitos”. E, recorde-se, isso aconteceu depois de um ano cansativo e de stress para os profissionais de saúde, que não puderam, aqui, baixar a guarda.
“O segundo desafio tem a ver com o início da campanha de vacinação contra a COVID-19, o que, para mim, foi também uma enorme conquista”. Finalmente, o país passaria a dispor de uma importante ferramenta para mitigar as consequências da doença.
“O desafio relativamente à vacinação colocava-se pelo facto de ser uma vacina nova, disponibilizada em tempo record, quando comparada com outras vacinas e pelo fato da quantidade não ter sido suficiente para que, nessa altura, fosse possível vacinar todos os adolescentes e adultos interessados (na época ainda não havia vacinas para crianças com idade inferior a 12 anos)”.
Foi feita uma gestão muito difícil e lançada uma campanha de vacinação diferente de todas as outras já lançadas no país. Priorizaram os mais vulneráveis (pessoas com mais de 60 anos de idade e pessoas com doenças crónicas) bem como algumas categorias profissionais, de acordo com as recomendações da OMS.
Depois o leque foi alargado, sendo que o último segmento da população a ser vacinado foram as crianças dos 5 aos 12 anos. Praticamente toda a população tem pelo menos uma dose de vacina e cerca de 40% já tomou a 1ª dose de reforço (a 3ª vacina). Muitos já tomaram inclusive a 4.ª. Houve, entretanto, algumas doses que acabaram desperdiçadas, mas, garante o antigo DNA, a perda não foi significativa. “As doses de vacina foram utilizadas na sua quase totalidade”, diz.
Assim, “o ano 2021 foi igualmente um ano muito difícil, mas foi gratificante ver como as pessoas foram aderindo à campanha de vacinação”, observa o antigo DNS.
Assim, tal como Artur Correia, também Jorge Barreto, que cessou funções recentemente, faz um ”balanço extremamente positivo” do combate à covid em Cabo Verde, considerando que o país teve resultados “muito satisfatórios”.
E esses resultados traduzem-se em números, principalmente na mitigação das formas graves de covid, ou seja da morte.
“Um dos grandes objetivos de uma luta contra uma ameaça à saúde de uma população é evitar o maior número de mortes possível e, neste quesito, penso que Cabo Verde teve um desempenho fantástico, o que revela o elevado nível técnico e de compromisso abnegado de todos profissionais e todas as pessoas que deram a sua contribuição”, refere.
III ano
A pandemia termina o seu terceiro ano com uma taxa de letalidade de em 0,7%, um valor que é bastante baixo comparativamente à média mundial e que é uma prova de sucesso.
O ideal era que não tivesse havido mortes, diz o médico, mas “Cabo Verde conseguiu manter a taxa de letalidade sempre muito baixa, inferior a 1% mesmo nos momentos de maior crise. Isto significa que houve uma excelente capacidade técnica instalada e que recursos foram disponibilizados para que as intervenções fossem bem sucedidas e resultassem num número muito baixo de óbitos”, na sua maioria de pessoas idosas ou com doenças crónicas.
Os óbitos por COVID-19 tornou-se algo esporádico no nosso país. No fim do 1.º ano, Cabo Verde contava com 157 óbitos por covid, no 2.º, 401, e no momento em que se assinala o 3.º ano, 413. Ou seja, 12 mortes no espaço de um ano. A população, apesar de a pandemia não ter acabado já pouco ou nada interfere com a vida dos cidadãos.
Tal como o seu antecessor, também Barreto salienta, além do trabalho dos profissionais de saúde e sectores parceiros na luta, o desempenho da população, que, avalia, “colaborou consideravelmente, tendo em conta que a adesão às medidas de mitigação adoptadas”, o que “foi extremamente importante para os resultados alcançados”.
Sucesso
Enfim, hoje a luta que foi feita é, como já salientado, avaliada positivamente, por todos, de uma forma geral.
“Penso que Cabo Verde pode ser considerado um grande exemplo de boa gestão da Pandemia de COVID-19 no mundo. Vários parceiros internacionais de desenvolvimento o têm referido e há evidências para tal”, aponta Jorge Barreto.
Porém, salvaguarda, as medidas actualmente em vigor no país continuam válidas e, mesmo que haja a percepção de um "final da pandemia", continua a ser recomendável que as pessoas mais vulneráveis tomem as doses de reforço, adverte.
Ademais, embora reconheça que podemos ter já imunidade para as variantes que circularam por Cabo Verde, o vírus pode sofrer mutações e há grande probabilidade de outras variantes de preocupação surgirem, pelo que é importante essa actualização da situação vacinal.
Também Artur Correia, como referido, considera que a luta contra a covid teve resultados muito positivos. Cabo Verde deu “um grande exemplo [dado] ao mundo de que quando há vontade, vontade política e vontade de vencer”, há vitória. Uma vitória que atribui a toda a nação.
Da sua parte, apesar de todo o desgaste na liderança do I ano da pandemia, sente que houve um grande trabalho de equipa e que o país “ganhou resiliência em todos os aspectos”. E saiu do seu cargo, diz, “com sentido de dever cumprido”.
Algo que o orgulha, nesta luta de todo o Cabo Verde é que “tivemos até este momento das melhores taxas do mundo” de vacinação, lembra, e a campanha foi programada e executada de uma forma que considera “brilhante”.
Graças a esta vacinação, bem como às infecções que foram ocorrendo, Artur Correia que considera estarmos já perante uma situação de imunidade de grupo.
Mesmo perante novas variantes que possam surgir – e que é algo que sempre preocupa – estas têm um fundo genético comum, sobre o qual muitas vezes as vacinas existentes actuam, permitindo uma boa resposta. “Salvo casos excepcionais, que espero que não venham a acontecer…”
Assim, apesar de ser necessário manter alguma vigilância, uma vez que o vírus ainda não desapareceu, o antigo DNS está optimista.
O importante, avisa, é “ter uma vigilância epidemiológica sempre operacional”.
Aprendizado
Agora que o maior susto já passou, é hora também de ver o que Cabo Verde aprendeu com esta pandemia.
Para Jorge Barreto, um dos grandes aprendizados a preservar tem a ver com a gestão da ansiedade, do medo e do pânico”.
“Situações deste tipo são muito preocupantes, mas devemos ter a capacidade de não deixar que a ansiedade, o medo e o pânico influenciem as decisões que devem ser tomadas. Há sempre margem para reflexão e tomar a decisão mais acertada”, defende.
O outro, é que as crises devem contar com a “participação de todos, cada um no seu domínio, para que os resultados sejam melhores” o que exige uma “capacidade elevada de concertação e de liderança, para além da tecnicidade exigida”. “É preciso que os países continuem a investir na melhoria das condições para melhor preparação e resposta a situações de crise sanitária, e não só, tendo em conta que é a vida humana que fica em risco”, sublinha.
A COVID trouxe pois experiência no enfrentamento de pandemias, avalia também, por seu turno Artur Correia. Da próxima vez, se a houver, certamente estaremos mais bem preparados. Mas de qualquer maneira, o que veio mostrar é que “o nosso sistema deu provas de ser um sistema de saúde funcional, com profissionais também capazes”, e, ao mesmo tempos, o país respondeu também bem na mitigação dos impactos socioeconómicos do país.
“Críticas há sempre, perdemos porque houve óbitos, mas não há dúvida de que ganhamos” não só a nível sanitário, mas também nas medidas que exigem uma abordagem multisectorial pluridisciplinar.
“Soubemos dar essa resposta, mobilizar profissionais e empoderar a população”, avalia.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1111 de 15 de Março de 2023.