“Ter acesso à tecnologia faz parte dos direitos humanos”

PorAndré Amaral,2 abr 2023 8:57

Ayumi Moore Aoki, CEO e fundadora da Women in Tech
Ayumi Moore Aoki, CEO e fundadora da Women in Tech

Mulheres e tecnologia são palavras que têm sido associadas muitas vezes como forma de empoderamento feminino.

Para Ayumi Moore Aoki, que participou no Leadership Summit Cabo Verde, no entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Hoje temos “3,6 mil milhões de pessoas que não têm aceso à internet e a maior parte são mulheres. As mulheres são também sub-representadas em tudo o que é matéria de investimento”, com menos de 3% dos investimentos em startups a serem canalizados “para empresas que são lideradas ou fundadas por mulheres”.

Ayumi Aoky aponta ainda que nos países do G20, as maiores economias mundiais, “vemos que apenas 15% dos licenciados são mulheres. Então temos um problema em todos os aspectos da vida de uma mulher, seja durante a educação, ao criarem uma empresa, ou quando vão para o mercado de trabalho onde apenas 20% do talent workforce é feminino”.

Fazendo uma comparação com os anos 70 do século passado, a CEO e fundadora da Women in Tech, aponta que na altura “tínhamos mais mulheres programadoras do que temos hoje”.

O caminho para a igualdade de género passa, por isso, pela tecnologia.

“A tecnologia é a base. O nosso mundo virou tecnologia e ter acesso a ela faz parte dos direitos humanos. Não ter acesso a tecnologia significa não aceder à saúde, à educação, ao trabalho”, apontou.

A tecnologia tem uma influência tão grande no mundo actual que está a alterar progressivamente o mercado de trabalho. “85% dos trabalhos em 2030 não ainda não existem, o que quer dizer que eles vão ser criados pelas tecnologias que estamos a criar agora, seja pela Blockchain, do Metaverso, Realidade Virtual ou Inteligência Artificial. E as mulheres têm de fazer parte desses empregos. Não somente porque vão ser trabalhos melhores e mais bem pagos, mas também porque vão definir a nossa sociedade, como ela vai trabalhar, como ela vai funcionar”.

As mulheres, defende esta empresária, têm de fazer parte “da construção e do desenvolvimento desses novos trabalhos e dessa nova sociedade”.

A Inteligência Artificial, para Ayumi Aoky, “tem coisas positivas e outras, que não sendo negativas, nos obrigam a ter cuidado”.

A fundadora da Women in Tech defende que apesar desses cuidados sempre necessários “a Inteligência Artificial vai abrir portas ilimitadas. Hoje já podemos usar a Inteligência Artificial para fazer o emparelhamento entre mentores e alunos. Quando temos uma base de dados muito grande, não a podemos trabalhar manualmente, temos de o fazer com uma IA. Por isso, penso que pode ser uma coisa que vai fazer a nossa sociedade avançar”.

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Quem é Ayumi Moore Aoki?

Ayumi é fruto da diversidade.

Ela cresceu em um ambiente internacional e multicultural: nascida no Brasil (de um pai japonês e uma mãe meio brasileira e meio inglesa), estudou na África do Sul, viajou e trabalhou em muitos países antes de se estabelecer na França.

Actualmente, lidera a Women in Tech, uma organização internacional sem fins lucrativos cujo objectivo é reduzir a lacuna de género e ajudar mulheres a abraçar a tecnologia.

Ayumi Aoky fundou a organização por diferentes motivos: como empreendedora, ela observou nos últimos 10 anos o aumento da lacuna de género e a dificuldade em encontrar mulheres qualificadas para trabalhar na indústria de tecnologia.

Como mãe de quatro filhos, ela vê em primeira mão como, na educação, as meninas não recebem tanto apoio quanto precisam para descobrir os benefícios de uma carreira em STEM.

A Women in Tech concentra-se em quatro áreas principais que são um apelo à acção: Educação, Empreendedorismo, Projetos e Prémios.

O objectivo é educar, equipar e capacitar mulheres e meninas com as habilidades necessárias para ter sucesso na indústria tecnológica.

Ayumi também é fundadora e CEO da Social Brain, uma agência digital premiada e de escala humana que cria campanhas de social media, conteúdo de marca e sites artesanais.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1113 de 29 de Março de 2023.

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Autoria:André Amaral,2 abr 2023 8:57

Editado porEdisângela Tavares  em  23 dez 2023 23:28

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