Em nota divulgada ao início da noite, o Ministério da Agricultura e Ambiente de refere que o “suposto autor do incêndio da Serra Malagueta, que foi detido pela Polícia Nacional e depois solto, voltou, sábado, a provocar fogo no mesmo local onde terá cometido o crime de incêndio florestal”.
Acrescenta que aquele ministério, através do delegado no Tarrafal (ilha de Santiago), João Soares, “apresentou uma queixa na esquadra policial de Santa Catarina, em Assomada, contra o indivíduo”.
“Conforme o delegado, o pior só não aconteceu porque souberam da ocorrência a tempo. O Ministério da Agricultura e Ambiente, espera que as autoridades policiais e judiciais tomem medidas contra este indivíduo reincidente”, acrescenta a nota.
O Presidente da República, José Maria Neves, destacou na quinta-feira o "engajamento patriótico" no combate ao incêndio que matou nove pessoas no Parque Natural Serra Malagueta (PNSM), mas pediu um inquérito "rigoroso" aos acontecimentos.
"Deve-se destacar a presença de quase 300 operacionais da Proteção Civil, das Forças Armadas e da Polícia Nacional que estiveram no terreno a combater as chamas. Trata-se de um engajamento patriótico em torno do bem comum que tem que ser devidamente destacado", disse o chefe de Estado, que visitou o local do incêndio ao final da tarde de quinta-feira.
José Maria Neves chegou à Praia depois de uma visita aos Estados Unidos da América, tendo reconhecido no local do incêndio - que destruiu mais de 200 hectares daquela área natural 50 quilómetros a norte da capital - que o "envolvimento das comunidades vizinhas de Ribeira Prata, Figueira Muita, Fundura, Ribeira da Barca foi fundamental e deve ser saudado".
"É essencial que se faça um inquérito rigoroso sobre as circunstâncias do acidente que provocou a morte dos militares e uma avaliação aprofundada de todo o Sistema Nacional de Proteção Civil. Em função dos resultados devem ser tomadas medidas que se impõem, para prevenir situações desta natureza e melhorar significativamente o desempenho global da Proteção Civil", afirmou ainda José Maria Neves.
"Saúdo o facto de o Governo ter aprovado já pensões de sangue aos herdeiros daqueles que perderam a vida e recursos para recuperar as áreas destruídas. É preciso também prestar atenção àqueles que perderam os seus bens, de modo a serem ajudados na recuperação", acrescentou.
Em causa está o incêndio que deflagrou no sábado, pelas 10:30, na Serra Malagueta e Figueira das Naus. Durante o dia de domingo, uma viatura das Forças Armadas de Cabo Verde despistou-se cerca das 17:20, acidente que provocou a morte a oito militares, tendo ainda morrido nestas operações um técnico do Parque Natural Serra Malagueta.
O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA), António Duarte, garantiu na segunda-feira que está em curso uma investigação às causas que provocaram o acidente que levou à morte de oito militares no combate a um incêndio.
Em conferência de imprensa, o CEMFA referiu que, quando transportava 31 militares para o apoio ao combate ao fogo na Serra da Malagueta "por razões ainda a ser apuradas", a viatura militar embateu e acabou por capotar, provocando a morte imediata a cinco operacionais. Dois militares acabariam por morrer na unidade de saúde do Tarrafal e um na unidade de Santiago Norte, além de 23 feridos, oito dos quais estão ainda internados no hospital da Praia.
O incêndio obrigou à retirada de dez famílias da localidade de Figueira das Naus e a Polícia Nacional anunciou, entretanto, a detenção de um homem suspeito de ter ateado este incêndio no interior daquele parque.