A declaração foi feita aos jornalistas na noite de segunda-feira, 31 de Julho, à margem da apresentação do livro “Escritos Ucranianos” do ex-Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, em Lisboa, em reação ao anúncio do Comité Organizador Diocesano da JMJ Lisboa 2023, do desaparecimento de 106 peregrinos, entre cabo-verdianos e angolanos, durante os “Dias nas Dioceses”, que decorreram na Diocese de Leiria-Fátima.
“A única situação anormal que requereu uma atenção especial da parte da organização diocesana foi a ausência de 106 peregrinos dos grupos estrangeiros de nacionalidade angolana e cabo-verdiana acolhidos em três paróquias da Diocese”, anunciou em comunicado sobre o balanço dos “Dias nas Dioceses” que levaram a Leiria-Fátima 7.500 jovens de mais de 50 países, de 26 a 31 de Julho.
A mesma fonte explicou que “logo que estas não comparências foram sinalizadas, a organização reportou-as às competentes autoridades de segurança que, desde então, têm assumido as diligências exigíveis e necessárias”.
“Nós temos informações que o registo, de facto, não foi efetuado no lugar onde deveria ter sido efetuado, não temos ainda contacto direto com as pessoas para nós sabermos as eventuais dificuldades. Se será por alguma falha no circuito, alguma falha de informação, portanto, algum desconhecimento, ainda não sabemos. Nada faria prever este evento”, afirmou Eurico Monteiro.
A Inforpress tem tentado reações dos responsáveis cabo-verdianos, sem sucesso, contudo, em comunicado, o Sistema de Segurança Interna de Portugal explicou que esses pouco mais de cem peregrinos estavam “devidamente inscrito” na JMJ e entraram “regularmente e por via aérea em território nacional”.
Entretanto, os mesmos não realizaram o ‘check-in’ na diocese de Leiria-Fátima, conforme estava previsto, sustentando que pelo facto de os cidadãos terem entrado em Portugal “de forma legal e com visto válido no espaço Schengen” não é considerado “para efeitos legais, que o grupo esteja desaparecido”.
“Estão a ser tomadas as competentes medidas de monitorização por parte das autoridades envolvidas, quer a nível nacional, quer a nível internacional”, garantiu o Sistema de Segurança Interna.
Para a JMJ, que vai decorrer em Lisboa de 01 a 06 de Agosto, Cabo Verde participa com uma delegação de cerca de mil peregrinos, entre jovens, padres, irmãs, estudantes, Congregação do Espírito Santo, Diocese do Mindelo, Diocese de Santiago e Congregação Salesiana, assim como o bispo da Diocese do Mindelo, Dom Ildo Fortes.
Durante a JMJ que decorre sob o lema “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, serão realizadas várias atividades, como vigílias de oração, festivais da juventude, missas diárias, concertos, conferências, feira vocacional e reflexões em múltiplos espaços da capital, estando o ponto alto reservado para o dia 06, com a missa presidida pelo Papa Francisco, que também participa na Via-Sacra (04) e na Vigila (05).
Conforme a organização, a Jornada Mundial da Juventude junta em Lisboa entre um milhão e 1,5 milhões de pessoas, sendo que o Papa Francisco chega no dia 02 de Agosto e fica na capital portuguesa até 06 de Agosto.
As principais iniciativas da JMJ Lisboa 2023 decorrem em Lisboa, no Parque Eduardo VII, na zona de Belém e no Parque Tejo (a norte do Parque das Nações e em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures).
A JMJ foi instituída pelo Papa João Paulo II, em 1985, e, desde então, tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas por todo o mundo.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo depois passado pelas cidades de Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).