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No primeiro dia da JMJ, 6 de Agosto, peregrinos de quase todos os países do mundo formaram uma moldura humana que se estendia do Parque Eduardo VII até ao Marquês de Pombal.
Já no segundo dia, 07, o Papa Francisco aterrou na Base Aérea de Figo Maduro, em Lisboa, onde foi recebido pelo presidente português Marcelo de Sousa, enquanto milhares de pessoas se espalhavam pelas ruas e aguardavam a sua chegada a Belém.
O dia ficou marcado por vários pontos altos, incluindo uma quebra de protocolo por parte do Papa Francisco, que se aproximou dos peregrinos na rua, mas um dos pontos altos foi o primeiro discurso do Papa nesta visita a Portugal.
No discurso, o Chefe da Igreja Católica disse que o mundo, a navegar um momento tempestuoso em que faltam “rotas corajosas de paz”, precisa de uma Europa construtora de pontes e que “use o seu engenho para apagar focos de guerra”.
Fez ainda uma crítica aberta às leis da eutanásia, além de falar sobre os problemas do ambiente e os escândalos dos abusos sexuais de menores.
Ao terceiro dia de Jornada, o Papa encontrou-se com os jovens. Antes, Francisco foi recebido em euforia, naquela que foi a primeira vez que, nesta JMJ, usou o Papamóvel (carro descapotável).
Discursou, depois, advertindo contra as “ilusões do virtual” e insistindo na mensagem de que a Igreja acolhe a todos. Mais à frente, pediu aos jovens que gritassem “Deus ama-nos”. “Mais forte, que não se ouve”, instou, a terminar o discurso. Estiveram no local cerca de meio milhão de pessoas.
No quarto dia, Francisco começou com uma visita à Cidade da Alegria, em Belém, onde foram montados 150 confessionários para os peregrinos. Três deles tiveram a oportunidade de ser confessados pelo Papa.
Ao final do quarto dia, o Sumo Pontífice regressou ao Parque Eduardo VII e participou na Via-Sacra como peregrino. Guerra, intolerância, depressão, alterações climáticas e dependências foram algumas das “fragilidades da sociedade que afectam os jovens actualmente” abordadas durante a Via-Sacra.
No sábado, 5 de Agosto, o Papa passou algumas horas em Fátima. Depois de ser “banhado” por acenos e gritos na avenida principal do Santuário de Fátima, onde parou para abençoar várias crianças. Francisco chegou à Capelinha das Aparições, onde rezou o terço com 112 jovens, entre os quais reclusos e outros portadores de deficiência.
Preferiu improvisar e não ler o discurso que tinha preparado, acabando por evocar a imagem do local e da virgem Maria para afirmar que a capela é “uma bela imagem da Igreja, acolhedora, sem portas”.
“A Igreja não tem portas para que todos possam entrar. E aqui, também, podemos insistir que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe”, disse Francisco.
Ao fim do dia, cerca de um milhão e meio de pessoas deslocaram-se ao Parque Tejo, em Lisboa, para a vigília com o Papa Francisco.
Na missa do último dia da JMJ, Francisco pediu aos muitos jovens que “não tenham medo” do futuro, vincando que estes devem tornar-se “luminosos e brilhantes” pela sua fé.
Na bênção final, Francisco deixou também uma palavra aos peregrinos de países em conflito, que não puderam viajar até Lisboa, com uma mensagem directa para a Ucrânia.
“Pensando neste continente, sinto grande dor pela querida Ucrânia, que continua a sofrer muito”, afirmou. Elogiou ainda a organização portuguesa e a Cidade de Lisboa, que ficará “na memória destes jovens como a casa da fraternidade e a cidade de sonhos”, e acabou a anunciar que a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude será em Seul, na Coreia do Sul, em 2027.
PM participa no último dia do evento
O Primeiro-ministro (PM), Ulisses Correia e Silva, participou nas actividades do último dia da JMJ Lisboa 2023.
De acordo com o Governo, o chefe do executivo participou nessas actividades a convite do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e esteve na “missa do envio”, presidida pelo Papa Francisco, no Parque Tejo, com a presença de um milhão e meio de peregrinos.
Desafios propalados pelo Papa traduzem pensamento e prácticas das igrejas – Bispo de Santiago
O Bispo da Diocese de Santiago disse que os desafios propalados pelo Papa na JMJ traduzem o pensamento e as práticas das igrejas sem nenhum “tabu” e que podem ser explicados pelo Antigo e Novo Testamento.
“No Antigo Testamento a Bíblia fala da comunidade religiosa e ensina que as pessoas devem contribuir para a sobrevivência dos Levitas, a tribo que não recebeu herança terrena por se dedicar ao culto e animação do povo de Deus, mas que precisam de bens materiais para viverem”, explicou o Cardeal Dom Arlindo Furtado, numa declaração à Inforpress, a propósito das intervenções do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) quanto à prática de pagamento das intenções.
“O Papa falou e insiste que a Igreja deve ser pobre e humilde e que não deve dar prioridade de forma alguma à entrada de bens materiais e que seja desprendida. Quanto ao resto, o Espírito Santo providenciará a forma de a Igreja cumprir o seu papel e sobreviver na sua disponibilidade, pobre e humilde para o serviço que Deus providencia para além do que possamos organizar”, observou.
Dom Arlindo Furtado sublinhou ainda que na Igreja ninguém é excluído caso não possa pagar a missa de intenção e informou que aos domingos e dias santos de festas é obrigatório que os padres e bispos celebrem livremente para as intenções da comunidade.
Quanto à intervenção do Sumo Pontífice no sentido de que a Igreja é para todos, D. Arlindo Furtado afirmou que existem vários ângulos em que esta intenção pode ser dita.
*Com agências
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1132 de 9 de Agosto de 2023.
