Em conversa com a Inforpress a partir do município de Tarrafal de São Nicolau, onde se encontra de visita, o ministro das Comunidades, Jorge Santos, disse que o aspecto negativo e que preocupa, tem a ver com o facto dessas pessoas terem ido para um objectivo que era de participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e ainda não apareceram nos locais para onde estavam destinados.
“Se foram para participar nas jornadas deveriam respeitar esse compromisso que tiveram com os organizadores das várias delegações. Portanto, esperamos e apelamos para que participem na JMJ, que é uma actividade importante, um momento ímpar para a Igreja Católica”, disse Jorge Santos.
O governante adiantou que o facto de não terem comparecido nos locais para onde estavam destinados pode ter várias leituras e salientou que é preciso esperar antes de antecipar uma crise que não existe ainda.
“Todos os 913 cabo-verdianos foram a Portugal, legalmente, com visto de curta duração de três meses. Entretanto, agora surpreendeu-nos a notícia de que uma parte dos jovens ainda não se inscreveu nas actividades da jornada. Várias leituras podem ser feitas. Têm pessoas que acham que podem estar com familiares”, aventou, indicando que em Portugal há uma comunidade integrada por mais de 360 mil cabo-verdianos de várias gerações.
Ademais acrescentou Jorge Santos que as actividades da Jornada só arrancaram hoje pelo que esses jovens estão ainda a tempo de participarem nas actividades.
“Eu não vejo como é que isto pode manchar a imagem de Cabo Verde, pelo contrário. Neste momento temos muitos jovens que vão para Portugal. Solicitam o seu visto, existe acordo entre Cabo Verde e Portugal em termos de mobilidade laboral. Isto é um incidente momentâneo que espero venha a ser resolvido”, disse.
Jorge Santos adiantou que a situação está a ser acompanhada de perto pelo embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, reiterou o aconselhamento no sentido de os jovens cumprirem o compromisso assumido de participar no evento.
“Hoje é o primeiro dia de jornada. Ainda temos tempo desses jovens participarem e regressarem depois de três meses. Nós não podemos antecipar uma crise que não existe ainda”, disse.
Informações avançadas hoje pelo diácono Daniel Vaz, coordenador da comitiva cabo-verdiana, indicam que dos 913 cabo-verdianos que deveriam participar a partir de hoje, na JMJ, apenas 400 e tal integram a delegação de pessoas, aproximadamente metade da comitiva que saiu de Cabo Verde.
Em conferência de imprensa, esta terça-feira, a inspectora coordenadora superior do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras português, Cláudia Rocha, tinha revelado o alegado desaparecimento de 195 jovens, dos quais 168 cabo-verdianos e 27 angolanos.
A responsável sublinhou, entretanto, que apesar de não terem comparecido no local onde deviam estar nas suas actividades, não significa que não estejam autorizados a permanecer no território português, até porque todos foram, à partida, com vistos válidos para participarem.