O conhecimento não se gera só no ambiente das escolas e universidades

PorSara Almeida,8 set 2024 7:50

Arlindo Barreto, Reitor da Uni-CV
Arlindo Barreto, Reitor da Uni-CV

A qualidade do ensino básico e secundário em Cabo Verde e as competências dos alunos à entrada na universidade são recorrentemente tema de debate e críticas. A pouco tempo do início de mais um ano lectivo, este foi também o principal tópico de uma conversa com o Reitor da Universidade de Cabo Verde, que defende, por um lado, a necessidade de adaptar o ensino aos novos tempos e “à forma como a nova geração percebe o mundo” e, por outro, a importância de manter o que é “essencial e perene” para o desenvolvimento do pensamento crítico. Os efeitos do uso inadequado dos ecrãs, que moldam os cérebros, afectando habilidades de leitura e concentração são também abordados por Arlindo Barreto. E uma ideia permeia toda a entrevista: a qualidade de educação, preparação e criação de competências nos alunos é um trabalho colectivo, que envolve vários actores e vai muito além das salas de aula.

Na sua perspectiva como académico, como está a qualidade do ensino em Cabo Verde?

Praticamente todos os colegas, professores de várias áreas, com quem falo, dizem que, de há uns anos para cá, se tem notado uma maior dificuldade por parte dos estudantes que vêm do ensino secundário em se adaptarem ao nível do ensino superior. Isso pode traduzir-se numa necessidade de adequação da passagem entre o ensino secundário e o ensino superior.

Faz sentido haver um período de transição, um ano zero?

Na Universidade de Cabo Verde fizemos um programa no sentido de haver uma espécie de “semestre zero”. No tempo do Instituto Superior de Educação (ISE), antes da fundação da Uni-CV em 2006, adoptamos a introdução de um ano de preparação. Na Língua Francesa trabalhámos intensamente o nível linguístico de base, de produção escrita, análise de textos e produção oral – com produção de peças teatrais e música. Na altura, a licenciatura era de cinco anos e o primeiro era destinado a essa preparação. No entanto, actualmente, quase todas as universidades oferecem licenciaturas em quatro anos. Um curso de cinco anos é considerado dispendioso. Assim, há uma redução no tempo de formação superior, e a expectativa de que os alunos adquiram competências antes de ingressarem nas universidades, que lhes permitam avançar mais rápido. Com a disponibilidade de recursos e acesso fácil a conteúdos, esse “encurtar” do tempo de formação pode justificar-se. Contudo, com a redução do tempo para três ou quatro anos, não teremos muita disponibilidade para fazer essa espécie de propedêutica durante um ano ou mesmo um semestre.

Aqui ouvimos, recorrentemente, mesmo da sociedade civil, queixas sobre a qualidade do ensino.

Essa insatisfação não é exclusiva de Cabo Verde. Eu fiz o meus estudos superiores em França, onde há também críticas enormes à baixa qualidade do ensino. Acontece todos os anos, em todos os lugares. Há países, como o Japão, que já tomaram medidas no sentido de adoptarem uma revisão curricular com a insistência em matérias de base: aritmética, leitura, compreensão do mundo em que nos inserimos. E acrescem praticamente uma proibição do uso de ferramentas digitais nas salas de aula.

Fala de um “regresso à base” no ensino. Em Cabo Verde estamos em processo de reforma do ensino, com novos curricula adaptados aos novos tempos e TIC.

Com a evolução que estamos a atravessar, especialmente com a internet e a inteligência artificial, não é possível manter a forma de trabalhar e os currículos de antigamente. É preciso adaptar a educação a essa nova geração e à forma como ela percebe o mundo. Mas, ao mesmo tempo, os responsáveis pela educação devem considerar não apenas a adaptação da escola às novas gerações, mas também a necessidade de transmitir aquilo que é essencial e perene. Ou seja, não se trata apenas de fazer com que a escola se adapte a essa evolução, mas de explorar o que é possível fazer, no contexto actual, para manter as matérias básicas que ajudam a construir o conhecimento e que promovem a reflexão e o pensamento crítico. Fala-se muito sobre a inteligência crítica, mas como alcançar isso efectivamente?Desde 2017, o Ministério da Educação tem trabalhado na reforma educativa, com a introdução de novos programas e manuais desde o ensino básico até ao liceu. É fundamental que haja essas revisões, mas, a par com isso, é importante considerar toda a outra parte do trabalho: o papel das famílias, das instituições e, claro, das escolas, na implementação desses currículos. Ver tudo aquilo que é possível fazer, para além da revisão curricular, que ajude estudantes e professores a tirar o melhor proveito da evolução que as novas tecnologias trouxeram.

Em termos das Línguas, que são uma aposta da reforma, como avalia o nível dos alunos que vos têm chegado?

Alguns estudantes têm bom domínio de línguas estrangeiras, mas muitos enfrentam dificuldades. Quando chegam à universidade, há um trabalho enorme realizado com os professores para recuperar esses estudantes; um trabalho de motivação, essencialmente. Isso inclui técnicas para resumir textos e identificar as ideias principais, questões que têm a ver com a leitura. Observa-se que muitos alunos já não fazem leitura no sentido tradicional – clássicos, romances ou contos – a não ser que seja obrigatório. Essa falta de hábito de leitura pode ser atribuída, se calhar, em parte aos professores dos níveis de ensino anteriores, mas também aos pais, em casa. Toda a “cadeia” tem uma quota-parte de responsabilidade nessa falta de apetência para a leitura. A promoção da leitura deve começar na infância, de criança. E actualmente, há um desafio enorme que é competir com o apelo das telas, como a televisão e os tablets. Mas, hoje, os estudantes possuem também outras competências. Na oralidade, demonstram uma boa destreza na utilização de ferramentas de comunicação, por exemplo ao fazer uma peça de teatro ou gravar um vídeo para mostrar suas habilidades. Os métodos que utilizamos acabam por pôr em evidência as competências dos estudantes, ou não. Vou dar um exemplo. Sou professor de linguística e literatura francesa. Nos últimos anos [antes de ser reitor], comecei a experimentar novas abordagens, usando as tendências actuais. Pedi aos estudantes que preparassem uma apresentação sobre um tema específico, gravando o que tinham a expor. Em vez de fazerem a apresentação presencialmente, fariam a apresentação por meio de um vídeo. Fiquei extremamente surpreendido ao ver que estudantes, que quase não falam na sala de aula, mostraram uma grande capacidade na gravação. Dedicaram-se à memorização e preparação do conteúdo com uma qualidade impressionante. Foi maravilhoso observar como a utilização dessa gravação permitiu que eles se expressassem de forma tão eficaz. Portanto, a competência dos nossos estudantes, muitas vezes, encontra-se nesse equilíbrio entre o que eles já sabem e o que nós, como professores ou instituições, exigimos deles. É importante fazer esse balanço e encontrar maneiras de alinhar o que os estudantes têm como competências para expor e “puxar” um pouco mais. Penso que isso é um trabalho da metodologia, da pedagogia, também, que deve ser aprofundado.

E o português? Há quem diga que há universitários que nem sabem falar português correctamente?

Eu acredito que, às vezes, exageramos um pouco ao avaliar o domínio do português. Temos estudantes que se saem muito bem na prática das línguas, inclusive no português. No entanto, se compararmos com épocas anteriores, pode-se considerar que as pessoas falavam português de forma gramaticalmente mais correcta. Penso que havia mais o domínio da escrita e talvez menos na prática da oralidade. Actualmente, o ensino está mais massificado, e o número de pessoas que falam português e outras línguas é muito superior. Em Cabo Verde, a língua portuguesa está reservada, praticamente, à escrita. Mesmo nas administrações, agora, quando alguém atende o telefone, a resposta é frequentemente em língua cabo-verdiana. A vida em Cabo Verde funciona maioritariamente através da oralidade, um fenómeno que não é exclusivo de Cabo Verde, mas o país tem uma situação específica que é a língua cabo-verdiana, que desde cedo começou a ganhar forma, a ter uma importância, a ser reivindicada. E, como a língua portuguesa não é amplamente falada no quotidiano, isso certamente contribui para que os estudantes tenham mais dificuldades na prática da língua portuguesa.

A nível da expressão escrita, é um problema de língua ou de estruturação do pensamento?

Penso que tem a ver com a predominância da oralidade. Cabo Verde tem a especificidade da língua, mas, como disse, o fenómeno é mundial. Por exemplo, antigamente, as pessoas emigravam, mandavam-se cartas. Depois, os e-mails. Agora, com a ascensão de meios de comunicação modernos, como o WhatsApp, isso caiu em desuso. A escrita está a ser um pouco abandonada, pelo que os estudantes enfrentam mais dificuldades na estruturação de um pensamento escrito, que tem suas especificidades diferentes da oralidade. Dizer que não há dificuldades na elaboração de textos, não corresponderia à verdade. Há dificuldades.

Os tempos mudam, mas não terá também responsabilidade da escola?

É preciso verificar se há um trabalho de exigência nas escolas para que os alunos façam redacção e composição regularmente, a fim de aprender a estruturar o pensamento e para que possam também aprender as características do texto escrito, que são diferentes da oralidade. A questão é como, diante das facilidades da comunicação oral, fazer com que os estudantes se concentrem e trabalhem mais a escrita. Na Universidade de Cabo Verde, há disciplinas que abordam a produção escrita e oral em diferentes línguas. Essa exigência enfrenta algumas resistências. Actualmente, parece haver menos disposição para esperar e corrigir, e o tempo necessário para esse processo é cada vez mais escasso.

E quanto ao uso das novas tecnologias? Como avalia o uso que a geração, que já são nativos digitais, nascem com youtube na mão, faz delas?

Há muitos estudos que criticam fortemente a exposição precoce de crianças a ecrãs e indicam, com resultados e estatísticas comprovadas, que o uso excessivo pode trazer muitos prejuízos. De facto, muitos criadores dessas ferramentas limitam o uso para seus próprios filhos. Li recentemente La Fabrique du Crétin Digital (A Fábrica de Cretinos Digitais) de Michel Desmurget, que explora os perigos dos ecrãs para as crianças. O excesso da utilização lúdica de ecrãs atrasa a maturação funcional do cérebro, daí o título. Mas quem é que evita isso agora? Na sociedade em que vivemos muitos pais e encarregados de educação acabam expondo os bebés a ecrãs para poderem realizar suas tarefas. Também o livro Pris dans la Toile: L'esprit aux temps du Web de Raffaele Simone aborda essa questão. Mostra que crianças que crescem imersas em ambientes digitais desenvolvem um cérebro adaptado a padrões visuais rápidos e fragmentados, em contraste com a leitura sequencial e estruturada de textos. Essa exposição precoce pode afectar a capacidade de desenvolver habilidades de leitura e concentração tradicionais.

Os ecrãs também podem ser fonte de conhecimento…

Claro. Aliás, o livro mostra isso muito bem. Não é ser contra as tecnologias digitais. Sem o uso de ferramentas digitais para a educação, para a medicina, etc., ficaríamos a perder imenso. O problema não é a tecnologia em si, mas o uso excessivo para entretenimento pelos jovens, e também pelas famílias. No Luxemburgo e outros países há escolas que proíbem o uso de computadores, tablets, telemóveis...

Mas as TIC são, como já referimos, uma aposta incontornável de Cabo Verde. Tem sido uma aposta no sentido certo?

As TIC são uma aposta importante. A questão é como usar correctamente essas ferramentas digitais. O seu uso tende a concentrar-se mais no entretenimento do que na educação. Embora a familiaridade com essas tecnologias possa ser uma vantagem, é importante que se promova um uso mais direccionado para o desenvolvimento das competências necessárias. Penso que é esse trabalho, do bom uso das ferramentas, que precisa de ser feito.

E como avalia, a maturidade cultural e a capacidade de concentração, de que aliás já falou, dos alunos que entram na universidade?

A falta de concentração é, de facto, um dos aspectos resultantes de uma sociedade constantemente ligada às tecnologias digitais. Vivemos numa era em que estamos sempre conectados a dispositivos como telemóveis e tablets, constantemente a ser solicitados, por exemplo, por mensagens, o que pode interromper nossa capacidade de concentração. É essencial desligar, estabelecer períodos dedicados exclusivamente a actividades específicas, sem distracções, para melhorar a concentração.

Não cabe às escolas também trabalhar a concentração?

Sim, mas não só. Penso que esse trabalho deve ser feito antes nas famílias, com os pais. Muitas vezes, os pais também precisam de orientação, pois nem todos estão preparados para lidar com os desafios trazidos pelo uso excessivo de tecnologias digitais. Existe uma vasta quantidade de pesquisas que demonstram que o uso excessivo das tecnologias digitais tem um impacto significativo na concentração, devido às constantes solicitações e interrupções de que falamos, mas também porque se pode até desenvolver uma forma de dependência, como o açúcar. Aliás, esta questão vai além do digital. Até a própria questão da alimentação, especialmente com o consumo de alimentos ultraprocessados e contaminados por pesticidas, tem um impacto significativo [na concentração]. André Cicolella, no seu livro Toxique planète: Le scandale invisible des maladies chroniques, fala de diabetes e outras doenças geralmente provocadas pela forma de vida que adoptamos e dos alimentos que nós consumimos e que acabam por interferir grandemente na capacidade de concentração das pessoas. Falamos das crianças, mas sabe-se que mesmo os adultos têm menos capacidade de concentração do que antes.

E em termos de cultura geral, como é que avalia os estudantes que chegam?

Penso que depende daquilo que se fala e do interesse dos estudantes. Há determinadas áreas em que se saem muito bem, sim.

Costuma-se também ouvir muitas críticas sobre essa questão.

Há críticas porque, muitas vezes, nos focamos naquilo que nos interessa, a nós, sem considerar os interesses dos jovens. Por exemplo, na área musical, os estudantes têm facilidade em identificar os grupos musicais…

São capazes de indicar, por exemplo, algum compositor clássico?

Talvez não, mas indicam outros que às vezes os mais velhos não conhecem. É ver o interesse deles, mas cabe às universidades, escolas e famílias promover um trabalho conjunto para cultivar o gosto pela descoberta e manter a curiosidade. Às vezes, nós mesmos acabamos por matar a curiosidade que existe nas crianças. Limitamos, o que acaba, se calhar, por os desmotivar um pouco. Deve haver um trabalho de sensibilização e orientação dos jovens em casa, nas escolas e nas universidades para aumentar o interesse deles pela cultura geral. Por exemplo, na geografia. Antigamente, estudávamos países e suas capitais em sebentas, decorávamos; hoje, os estudantes podem ter acesso a essas informações rapidamente pela internet e até aprender através de jogos educativos. É necessário orientar e aproveitar esses recursos. O conhecimento não se gera só no ambiente das escolas e universidades.

Mas então todo esse sistema que ensina e gera conhecimento – Família, escolas, universidades, ministérios, etc. – é favorável em Cabo Verde?

Eu penso que deve haver mais entendimento, articulação e cooperação entre esses diferentes elementos. Nós trabalhamos em estreita colaboração com o governo. A Universidade de Cabo Verde participou na elaboração dos programas e manuais, do 5.º ao 9.º ano e 10.º ano. Para o 11.º estão a trabalhar com outras universidades estrangeiras, mas também com professores da Uni-CV para validação de programas, etc. Além disso, a universidade participa activamente em debates, vamos às comunidades, às escolas para apresentação de conferências e estamos com as Nações Unidas em quase todos os ODS. Há todo esse trabalho, mas penso que [deveria haver] uma articulação maior para a exposição do conhecimento que se tem nas universidades.

Participaram na reforma em curso. Acha que esta vai ter bons resultados?

É necessário dar tempo para avaliar os resultados. Eu participei na elaboração do programa e manual de Francês e, logo após a implementação, houve bons retornos da utilização desses materiais. Contudo, é importante distinguir: a produção dos manuais é uma coisa, outra é a sua boa utilização. Tem a ver a dinâmica de cada professor na sala, a forma como trabalha a turma, a relação e as exigências. E há professores que se dizem desmotivados, porque não têm progressão, reclassificação, etc., e isso também tem impacto.

Para concluir, e em suma, o que é que os docentes universitários, que recebem o resultado de 12 anos de escolaridade, gostariam que quem vos antecede soubesse? Que característica e competências deveria ter o aluno que ingressa na universidade?

O trabalho que é feito numa universidade exige concentração e disponibilidade. Para tal, é fundamental desenvolver disciplina desde os níveis escolares iniciais, porque sem isso é muito difícil. É algo que já na antiga Grécia se trabalhava. A escola não servia apenas para a instrução, mas também ajudava a disciplinar a vontade. Penso que esse aspecto deve ser reforçado para que os alunos aprendam a estabelecer limites, seja na utilização de materiais, tempo de lazer ou em outras actividades. Essa disciplina ao longo do percurso escolar prepara os estudantes, permite ter a disponibilidade para ouvir, aprender, ter método de trabalho, etc. Além disso, é essencial cultivar o hábito da leitura, e a introspecção. O trabalho de se cultivarem e compreenderem a si mesmos. De saberem de onde vêm, onde querem ir, em que mundo estão, o que querem deixar como marca, como pessoa. Penso que esse trabalho é importante para não se limitarem a sonhar com um mundo idílico, irreal. Mas, como já dissemos desde o início, não é um trabalho que depende apenas da escola. É um trabalho conjunto que inclui os media, programas educativos, a participação das famílias…

Passando para o ensino superior, em concreto. Quais são os maiores desafios das universidades no geral e da UniCV em particular?

A sustentabilidade é um ponto importante para todas as universidades. Estamos num contexto em que muitos jovens têm o sonho de irem descobrir outras paragens, especialmente Europa, Estados Unidos e Brasil. Faz parte, mas devemos pensar, não em impedir que esse sonho se realize, pelo contrário, mas que Cabo Verde também crie condições para que sonhem com o futuro aqui e sua possibilidade de desenvolvimento no país. E se tiverem uma formação antes de ir procurar oportunidades no exterior não irão tão expostos. Muitos estudantes que partem, por exemplo com bolsas das Câmaras Municipais, enfrentam dificuldades e às vezes acabam desistindo dos estudos. Há alguns que nem conseguem começar. Vão porque têm essa possibilidade, e procuram um trabalho. Desenganam-se rapidamente, porque a vida é dura.

Seria bom se pudéssemos manter muito mais jovens nas universidades em Cabo Verde e se os recursos que são investidos para a formação no exterior, fossem disponibilizados às universidades nacionais. Assim, seria possível aprimorar equipamentos, laboratórios e bibliotecas, além de fortalecer a capacidade de trabalho das instituições. Por outro lado, temos também um aumento do número das universidades em Cabo Verde, neste momento são 12, e essa concorrência também pode afectar a qualidade. A UniCV, antigamente, fazia provas de ingresso para todos os cursos, as outras universidades não. Neste momento, apenas também já fazemos apenas para alguns cursos como Medicina. Também havia, antes, uma grande afluência devido ao preço menor das propinas na universidade pública. Agora temos universidades privadas com propinas mais baixas…

Quais são, actualmente, as prioridades da UniCV, neste contexto?

Actualmente, a questão das novas tecnologias e transição energética. O custo de electricidade no novo campus é elevadíssimo, iniciamos a instalação de painéis fotovoltaicos em alguns laboratórios e queremos expandir essa iniciativa. Além disso, o campus possui uma infra-estrutura extensa e moderna, incluindo um centro de convenções, auditórios e uma cantina e alugamos esses espaços.

Falaremos da Universidade numa futura oportunidade, mas muito resumidamente, como está a situação da Investigação, que sabemos ser uma vertente frágil do Ensino Superior, Na Uni-CV?

Já havia um pequeno trabalho feito a nível do ecossistema da investigação, que foi consolidado e acelerado com a nossa entrada, no sentido de dar mais visibilidade e mais importância à investigação. Isso é feito essencialmente através da participação em consórcios com outras universidades e respondendo às chamadas para apresentação de projectos. Nos últimos tempos, temos criado vários grupos e participado, com excelentes resultados em vários projectos financiados. Com o novo campus também aceleramos a realização de congressos e workshops. Recentemente, a Universidade sediou o primeiro Fórum Africano sobre a Democracia, com a presença de Achille Mbembe, vencedor do Prémio Holberg de 2024, e também a primeira Conferência Africana de Telemática. Apostamos muito nos nossos recursos humanos. E a nível de investigação temos vários projectos em curso como o IMPAR, BAIT, INCUBATOR, ARISE, RESPIRA, DUSTRISK, etc. Há uma aposta forte na investigação. Queremos transformar a Universidade, que funcionou quase sempre como uma instituição virada para o ensino, numa Universidade voltada também para a investigação, em especial investigação que tem impacto na vida das pessoas.

 Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1188 de 4 de Setembro de 2024.

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Autoria:Sara Almeida,8 set 2024 7:50

Editado porSara Almeida  em  20 set 2024 19:20

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