Em entrevista, hoje, à Rádio Morabeza, o líder associativo aponta uma série de questões que devem ser salvaguardadas na relação da empresa com os passageiros.
“Na nossa perspectiva, a regularidade e previsibilidade, mas acima de tudo a qualidade do serviço. E quando dizemos qualidade do serviço, nós queremos falar do atendimento, da forma como os consumidores são tratados em todas as etapas de atendimento do cliente ao longo do serviço de transportes, mas também queremos falar do cumprimento das leis relativamente aos passageiros, que devem ser escrupulosamente respeitadas em caso de não haver voo, na questão da informação, que deve ser também atempada. A questão também da acomodação dos passageiros em caso de não haver voo e estarem nos aeroportos”, aponta.
O líder da ADECO diz que também a vertente das bagagens dos passageiros deve ser respeitada na sua tomada e entrega, precaver para que não haja extravios e proceder as devidas compensações quando for o caso. Para além da criação da nova companhia aérea, decidiu introduzir um desconto de 40% sobre o preço dos voos internos para as ilhas do Maio, Brava e São Nicolau.
Segundo o executivo, a subsidiação vai ser suportada pelo Orçamento do Estado a partir de Outubro, para combater a insularidade. Nelson Faria aplaude, mas espera ver a efectivação da medida.
“O preçário, na nossa perspectiva, é realmente adequado e vai ao encontro do que é a expectativa e o que os passageiros nacionais podem efectivamente suportar. Vemos também com bons olhos essa subsidiação de algumas rotas, particularmente das ilhas mais isoladas, nomeadamente São Nicolau, Brava, Maio. O nosso problema não é o que está escrito, não é o que está a ser dito, mas o que será feito. Portanto, nós queremos ver isto na prática e é a prática que vamos depois avaliar”, refere.
O Governo refere que a criação da Linhas Aéreas de Cabo Verde foi motivada pela “instabilidade de operação da única companhia aérea que vinha prestando serviço no mercado doméstico” e devido “aos custos operacionais elevados, que tornam o sector pouco atrativo para a iniciativa privada”.
A ADECO lembra que o histórico não tem sido favorável para os passageiros.
“Neste momento, com o novo cenário proposto para as Linhas Aéreas de Cabo Verde, acreditando também que o regulador terá capacidade também de fazer-se presente e fazer respeitar as leis que dizem respeito aos direitos dos passageiros, auguramos que esta nova leva traga vantagens. Mas, naturalmente, se chegamos aqui foi porque o histórico não foi positivo e isso foi demonstrado em várias reclamações que nós tivemos na ADECO e várias outras avulsas em outras plataformas onde os consumidores se sentiram lesados pelos transportes interilhas”, diz.
O Governo criou na sexta-feira a companhia aérea estatal dedicada aos voos interilhas, designada de Linhas Aéreas de Cabo Verde.
De acordo com o Decreto-Lei n.º 46/2024, de 6 de Setembro, o objectivo é "garantir a estabilidade do transporte aéreo inter-ilhas, com regularidade, pontualidade, continuidade e qualidade".