São cerca de 200 os funcionários, a maioria mulheres, que estavam em 'layoff' desde Fevereiro, altura em que a empresa suspendeu actividade.Sem saber o que lhes vai acontecer, cerca de 30 funcionários manifestaram-se hoje pelas ruas da cidade do Mindelo.
Diana Lima, que tem sete anos de casa, é uma das vozes da indignação.
“Sinto-me indignada. Não nos dão nenhuma satisfação nem por consideração a todos os anos de serviço que temos aqui. Que nos digam o que vão fazer para que nós também possamos saber o que fazer porque somos mães. Tenho dois filhos. A situação é difícil. Tiramos daqui, colocamos ali, à espera do fim do mês e quando metemos o cartão não encontramos nada na nossa conta”.
O SIACSA esteve reunido recentemente com a Atunlo na Direcção Geral do Trabalho. O coordenador sindical, Heidi Ganeto, exemplifica com situações que configuram quebra de confiança nos responsáveis da empresa.
“Quando lhes dissemos que o pessoal ainda não recebeu os salários de Setembro e Outubro, a empresa disse que há uma dívida da Frescomar de cerca de 55 mil euros para com a Atunlo. Saímos da reunião e fomos contactar a direcção da Frescomar, que negou a dívida, dizendo que quem deve à empresa é a Atunlo. Já não dá para confiar no que estão a dizer”.
As actividades da Atunlo foram suspensas em Fevereiro e os mais de 200 trabalhadores foram colocados em 'lay-off', recebendo metade do salário, devido a um processo de falência voluntária em Espanha.A sugestão é que o vínculo contratual seja quebrado com o pagamento das devidas indemnizações.
“Queremos sentar e negociar formas de pagamento das indemnizações de cada um. Sabemos que já há uma fábrica aqui que quer gerir o espaço. A essa fábrica quer contratar todos esses trabalhadores. Mão não consegue por causa dessa ligação que têm com a Atunlo”, diz.
A manifestação de hoje começou em frente à fábrica, no cais do Porto Grande, passou pela Avenida Marginal com uma paragem à frente do Ministério do Mar e rumaram à Direção Geral do Trabalho.
A Atunlo foi inaugurada em 2015 como um investimento europeu para colocar o arquipélago na linha da frente das exportações de pescado.Este ano, as actividades foram suspensas em Fevereiro.
No final de Agosto, o ministro do Mar, Jorge Santos, afirmou que o Governo, juntamente com a ENAPOR, estava a acompanhar o caso, a procurar soluções que protegessem os trabalhadores e assegurassem a continuidade do processamento de pescado no país.
O SIACSA diz que continua a aguardar uma resposta do ministro do Mar, Jorge Santos, relativamente a uma carta e a um abaixo-assinado enviado pelos trabalhadores, em inícios de Outubro, a solicitar um encontro para abordar a questão.