A informação foi avançada à imprensa hoje pela secretária executiva da CCS-SIDA, Celina Ferreira, no âmbito do acto central que assinala o Dia Mundial de Luta Contra a Sida e Dezembro Vermelho.
Sob o lema "Sigamos o caminho dos direitos", o momento contou com a apresentação do Inquérito Bio-comportamental sobre o consumo da droga e a sua relação com VIH, pela secretária Executiva do CCS-SIDA.
Segundo a responsável, em Cabo Verde há uma prevalência de VIH de 2,6% nas pessoas que consomem drogas, sendo mais elevada nas mulheres por apresentarem mais vulnerabilidades sociais.
“Então, significa que, dado o comportamento sexual de múltiplos parceiros, convém referir que 20% das pessoas que consomem drogas prostituem-se para conseguir drogas e alimentar o vício. Isto constitui um fator de risco para todas as infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o VIH”, explicou.
Na população geral, Celina Ferreira avançou que existe uma prevalência de 0,6%, sublinhando que é uma prevalência fraca, mas que todos devem intervir para minimizar os riscos e resolver este problema de saúde pública.
“Temos também um padrão de consumo de drogas de policonsumo, ou seja, o início de consumo tem sido precoce, uma média de idade 17 anos. Depois há também o avanço para outras drogas que provocam mais danos na saúde nomeadamente, a cocaína, haxixe e outras drogas sintéticas”, indicou.
Celina Ferreira lamentou que os consumidores de droga seja uma população-chave ao risco de infecção pelo VIH, para quem a estratégia tem que ser de proximidade.
“Integrar essas pessoas na abordagem tanto na prevenção primária nas escolas como na prevenção secundária e também no diagnóstico e tratamento. Tratamento da dependência química e, posteriormente, para as pessoas que são positivas, tratamento do VIH, enquanto pessoa que vive com o virús”, aconselhou.
O relatório indica também que na cidade da Praia, no Sal e na Boa Vista, por serem as últimas ilhas turísticas, a situação é pior em relação aos outros pontos do arquipélago, devido ao maior consumo de álcool e drogas, e também a mobilidade entre as ilhas.
Entretanto, a secretária executiva da CCS-Sida realçou que neste momento o país está na fase de eliminação da transmissão vertical do VIH e da sífilis e a trabalhar também para eliminar o VIH no horizonte 2030.
Por seu lado, a seropositiva, Leyla Rodrigues, em declarações à imprensa, apelou às pessoas a terem mais empatia em relação aos infectadas, em vez de discriminá-los, afirmando que qualquer um está sujeito a contrair o VIH.
Já a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, refirmou o compromisso do Governo de consolidar os avanços alcançados por Cabo Verde na eliminação do VIH no horizonte 2030.
Em declarações à imprensa, após presidir o acto central do Dia Mundial da Luta contra a Sida, a ministra afirmou que o compromisso é, antes de mais, continuar a trabalhar para que haja cada vez mais respeito pelos direitos fundamentais das pessoas.
“Continuaremos a trabalhar no sentido da prevenção, educação, consciencialização, também em termos de diagnóstico precoce, e de acesso aos cuidados. Também vamos trabalhar para conseguir de facto a certificação em termos da transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho”, prometeu.
Segundo afirmou, o Governo tem evoluído “muito bem” em termos dos desafios relacionados ao VIH-Sida e acredita que com a colaboração dos parceiros, da sociedade civil, do comportamento de cada um, Cabo Verde estará a vencer mais este desafio.
Filomena Gonçalvesaproveitou a ocasião para realçar a resiliência das pessoas que vivem com VIH-Sida, assim como o papel dos parceiros e dos profissionais de saúde que, reconheceu, muito tem feito para que o país possa travar o VIH-Sida.
Relativamente aos dados apresentados hoje pelo Comité de Coordenação do Combate à Sida (CCS-SIDA) que referenciam a alta prevalência da doença em pessoas que consomem álcool e outras drogas, considerou que todos devem contribuir para uma efectiva implementação da lei do álcool.
“O inquérito nos ajuda a calibrar as medidas que estão a ser implementadas, mas também nos ajuda a tomar outras medidas para podermos acelerar o impacto. Portanto, a lei do álcool ou a lei do VIH são fundamentais para que também as pessoas tenham a consciência do quadro jurídico existente”, finalizou.