Maioria dos cabo-verdianos apoia casamento entre pessoas do mesmo sexo

PorSheilla Ribeiro,17 jan 2025 11:59

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O estudo sobre “Perceção da população cabo-verdiana acerca da comunidade LGBTIQ+” do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) revelou que 51% da população cabo-verdiana apoia o casamento civil e a união de facto entre pessoas do mesmo sexo.

“Uma proporção considerável, mais de 51% população, apoia o casamento civil e a união de facto entre pessoas do mesmo sexo. Esses resultados indicam que campanhas ajudam a quebrar estigmas e a promover uma cultura de respeito e aceitação e que o ativismo é fundamental para fomentar uma maior aceitação e compreensão das diferentes orientações e identidades sexuais”, consta no estudo.

Segundo o documento, apesar de 67% dos cabo-verdianos demonstrarem algum nível de conhecimento sobre questões LGBTIQ+, apenas 23% possuem uma compreensão aprofundada dos conceitos de género e orientação sexual.

“Esses resultados evidenciam a lacuna de informação inclusiva, muitas vezes dificultada por normas heteronormativas prevalentes. A teoria queer e a ideia de género como construção social reforçam a necessidade de campanhas educativas para expandir o entendimento”, lê-se.

Concelhos urbanos como Praia e São Vicente apresentam maior conhecimento e aceitação, enquanto concelhos como São Filipe e Sal têm níveis inferiores. Isso reflete a influência do ambiente cultural e do acesso à informação.

O estudo aponta que grupos com maior escolaridade, residentes em áreas urbanas, jovens e mulheres apresentaram atitudes mais inclusivas. Por outro lado, as populações mais velhas, menos escolarizadas e residentes em áreas rurais demonstraram maiores níveis de preconceito, frequentemente subtil e expresso através de microagressões ou indiferença.

Embora 54% dos inquiridos considerem que a sociedade cabo-verdiana é pouco ou nada tolerante com pessoas LGBTIQ+, apenas 38% reconhecem nas suas próprias atitudes uma baixa aceitação.

Ainda conforme os dados,cinco em cada dez cabo-verdianos afirma já ter presenciado actos discriminatórios relacionados com a orientação sexual ou identidade de género.

Discriminação

Áreas como escolas, locais de trabalho e serviços de saúde foram identificadas como os principais espaços onde ocorrem actos discriminatórios.

Cerca de 31% dos inquiridos relataram experiências de discriminação em ambientes institucionais, com destaque para 27% que mencionaram bullying ou falta de protecção nas escolas e 19% que enfrentaram preconceito nos serviços de saúde.

O estudo sublinha a importância da educação como ferramenta para reduzir preconceitos e promover a aceitação. A inclusão de temas de diversidade sexual e de género nos programas educativos recebeu apoio de 62,7% dos inquiridos, com maior aceitação entre mulheres e jovens. Contudo, persistem resistências, principalmente entre grupos religiosos e pessoas mais velhas.

A maioria dos inquiridos (76,2%) reconhece a necessidade de políticas públicas para promover a igualdade de direitos, mas apenas 31% consideram que as medidas existentes são eficazes. Este dado reforça a necessidade de ações governamentais mais abrangentes e assertivas, tanto na criação de leis como na sua aplicação prática.

Aproximadamente 73% da população inquirida indicou não ter problemas em conviver com vizinhos LGBTQI+, dado estável desde 2016. Essa maior abertura , segundo o ICIEH tem sido impulsionada por iniciativas como as “Paradas do Orgulho Gay” e campanhas realizadas por organizações como ICIEG.

Muitos indivíduos da comunidade LGBTQI+ enfrentam rejeição por parte dos seus

familiares, especialmente dos pais e irmãos, sendo que a aceitação é ligeiramente maior entre mães e irmãs.

“Em questões mais práticas, como aceitar um familiar próximo LGBTQI+, 45% dos inquiridos se mostraram confortáveis, indicando maior resistência quando o tema atinge esferas pessoais. Além disso, 60% dos participantes têm perceção de que as pessoas LGBTQI+ não se sentem confortáveis em revelar a sua orientação ou identidade de género para suas famílias, alegando um ambiente familiar hostil”, lê-se.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,17 jan 2025 11:59

Editado porAndre Amaral  em  17 jan 2025 18:20

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