"O detido, ao ser contactado por pessoas interessadas em obter vistos junto da Embaixada de Portugal em Cabo Verde, ludibriava os interessados mediante uma contrapartida financeira", afirmou a PJ, em comunicado.
A PJ explicou que a detenção surge no cumprimento de um mandado de busca emitido pela Comarca da Praia decorrente de uma "longa investigação".
O Tribunal da Praia decidiu aplicar ao detido a medida de coacção de apresentação periódica às autoridades e interdição de saída do país.
A Polícia Judiciária afirmou ainda que as investigações continuam, em paralelo com outros processos semelhantes.
A procura por vistos para Portugal tem motivado casos que estão na mira das autoridades.
Em Agosto do ano passado, a PJ efectuou as primeiras detenções no país, relacionadas com burlas no agendamento de vistos para Portugal, tendo sido detidas duas pessoas suspeitas da prática de 40 crimes de burla qualificada. Em Novembro, um homem foi detido pelo mesmo crime, e, em Dezembro, mais sete pessoas foram detidas por delitos semelhantes.
No ano anterior, o procurador-geral da República, Luís Landim, disse à Lusa que havia denúncias que estavam a ajudar a concluir a investigação sobre redes que cobram por serviços de facilitação de vistos para Portugal.
Desde há vários anos que os cabo-verdianos vêm reclamando do açambarcamento de vagas para estas marcações por parte de empresas que depois cobram valores diferenciados para prestar o serviço, que, se for tratado nos balcões públicos criados para o efeito, é gratuito.
Em 2023, numa ronda por algumas dessas firmas na Praia, a Lusa constatou que estas cobravam entre mil e 20 mil escudos por processo, podendo o valor aumentar dependendo dos serviços adicionais prestados.
Na altura, o ministro das Comunidades, Jorge Santos, classificou como “traficantes” as empresas e particulares que açambarcam vagas para o agendamento de vistos para Portugal, afirmando que deveriam ser punidos.