“Sou candidato à presidência do PAICV”

PorJorge Montezinho,19 jan 2025 16:47

Jorge Spencer Lima - Presidente da Câmara de Comércio Indústria e Serviços de Sotavento
Jorge Spencer Lima - Presidente da Câmara de Comércio Indústria e Serviços de Sotavento

As recordações mais recentes são do Spencer Lima empresário, presidente da Câmara de Comércio Indústria e Serviços de Sotavento, ou presidente da Câmara de Turismo de Cabo Verde. Mas o seu percurso político é muito anterior, começou em 1974, e desde aí foi responsável pelo partido no Sal e na Boa Vista, foi Secretário de Estado do Comércio e Turismo, secretário-geral do PAICV, membro do Conselho Nacional e membro da Comissão Política do PAICV. E agora regressa com o objectivo de tomar as rédeas do partido.

Vai avançar para a presidência do PAICV. Porquê?

Avanço porque neste momento o PAICV precisa da contribuição de todos, para preparar o partido para o grande embate eleitoral que temos já em 2026. O PAICV está a passar uma fase de mudanças, à procura de, não diria uma identidade, mas de reforçar o seu papel no quadro da política em Cabo Verde. O PAICV é um partido do poder, mas tem que estar preparado para o poder. Portanto, há uma necessidade, neste momento, de se refazer o PAICV. Fala-se muito da necessidade da renovação dentro do PAICV, com a qual estou 100% de acordo, mas a renovação não cai do céu. Não é estalar os dedos e renova-se. É uma política para transmitir à nova geração, à geração ascendente, os conhecimentos da geração que se retira. Este país, após 50 anos de independência, tem momentos em que parece que começamos do zero. Mudam-se os partidos, mudam-se os regimes e ninguém sabe nada. Tudo começa do zero. É o país que paga por isso. Há que haver essa transversalidade entre a geração de saída, a antiga geração, a geração mais experiente e a geração nova, que entra para tomar o poder. É esse papel que quero exercer dentro do PAICV, fazer essa ponte extremamente necessária entre a geração que está de saída, a minha geração, e a geração que vai entrar, a nova geração, aguerrida, bem formada, capacitada, a quem falta alguma experiência de governação. O PAICV, depois de praticamente quase 10 anos fora do poder, necessita de ganhar espaço, essa experiência que o PAICV necessita vem das pessoas que já estiveram no poder, que sabem como gerir o poder e o que são as necessidades do poder, sobretudo uma definição clara do que a Cabo Verde precisa hoje. 50 anos depois, parece que há uma necessidade de baralhar e voltar a dar. O país está numa encruzilhada forte, precisa de a ultrapassar com sangue novo e sangue velho, para transmitir uma unidade para que de facto se faça uma nova arrancada com a geração que vai continuar.

Ou seja, acha que é um partido que deve manter os valores, mas deve ser também uma nova esquerda preparada para os tempos actuais?

Você abordou o ponto essencial do PAICV. Neste momento, o PAICV precisa manter os seus valores. Os valores originais que fizeram com que uma série de cabo-verdianos fosse lutar nas matas da Guiné para a independência de Cabo Verde. Que nos trouxeram esses valores com que montamos o país em 1975. Esses valores estão a desaparecer. Esses valores não devem desaparecer. O PAICV precisa de renovar esses valores, os valores originais, para, juntamente com a nova geração, projetar o futuro. O futuro do PAICV e o futuro de Cabo Verde. Cabo Verde está numa fase crítica de relançamento. Estamos a passar momentos muito especiais no país, é preciso uma posição clara para onde vamos, o que é que queremos e como devemos fazer. É neste aspecto que todas as gerações devem juntar as mãos para definir a nova estratégia do PAICV e a nova estratégia para Cabo Verde, para seguirmos em frente e construir aquele país que sempre sonhamos, aquele país pelo qual os nossos libertadores, os nossos combatentes de liberdade da Pátria deram o seu sangue para que Cabo Verde fosse um país livre e independente.

Acha que os outros candidatos não preenchem esses requisitos?

Tenho por norma não falar de outros candidatos, de outros adversários políticos. Não vou dizer se servem ou não. Eu falo das minhas ideias, eu falo do que preciso, do que quero e do que entendo que deve ser. As pessoas, primeiro os militares do PAICV, depois o público em geral, vão analisar. Quem melhor serve para ser o presidente do PAICV, para conduzir o PAICV nesta fase difícil.

Fase difícil depois de uma vitória autárquica estrondosa?

Neste momento, há muita euforia no seio do PAICV. Muita euforia porque o PAICV ganhou, e bem, as eleições autárquicas, e isso tem-se traduzido numa euforia dos militantes, dizendo que já ganhamos as legislativas. É preciso deitar água na fervura, acalmar. Porque está longe de ser verdade. Há uma transposição de autárquicas para as legislativas. As legislativas são outras eleições. Devem ser encaradas com muita seriedade. O PAICV deve trabalhar muito as legislativas para poder ganhá-las ao MpD e não ficar com este clima de está tudo bem, e que uma vitória expressiva nas autárquicas vai ser traduzida de uma forma clara para as legislativas onde nós vamos ganhar. Isso é absolutamente falso. As eleições são ganhas com muito trabalho, com muito suor, mas, sobretudo, com um projeto claro, que as pessoas compreendam e possam votar nele. Só a partir do último voto, da contagem das eleições, é que alguém pode dizer que já ganhou as eleições. Portanto, é preciso trabalho. O PAICV tem que voltar à cultura do trabalho, à cultura da seriedade. Contente com as autárquicas sim, estou muito satisfeito, mas agora, arregaçar as mangas e trabalhar para ganhar as legislativas. Nada está garantido. O partido do poder não está a dormir, é um partido competente, vai dar combate até o fim e temos que tomar isso com muita seriedade para podermos chegar nas legislativas e dizer: ganhamos pelo trabalho realizado, pelas conquistas que fizemos, pela melhoria que o PAICV fez, mas sobretudo pelas nossas propostas para fazer o país mudar e seguir em frente.

O partido está a viver um momento de euforia, mas também está a viver um período de alguma divisão. Não é normal aparecerem, para já, quatro candidatos à liderança do PAICV. Ou, por exemplo, um histórico como Júlio Correia, que se afastou do partido. É um partido onde os militantes parecem um pouco desavindo uns com os outros.

Sim, parece desavindo, mas penso que haver vários candidatos não é um indicador de desunião. Mostra o reforço da democracia interna do partido. Temos que encarar com toda a calma, respeitar as pessoas, respeitar todos os candidatos, e quem for capaz de passar uma mensagem positiva, uma mensagem de união, uma mensagem de calma, uma mensagem de diálogo interno e externo, essa pessoa de certeza terá o voto dos militares. Falou do meu amigo Júlio Correia, mas o Júlio Correia suspendeu, não foi de vez. O Júlio nasceu PAICV e vai morrer PAICV. Sou muito amigo do Júlio Correia, temos um diálogo e conto certamente com a colaboração, a participação e a amizade do Júlio Correia e sobretudo conto com a sua volta ao partido para juntos levamos à frente esta grande luta de retoma do PAICV, retoma dos valores do PAICV.

Júlio Correia que, inclusive, deu uma entrevista ao Expresso das Ilhas onde falou sobre política afirmando que, neste momento, os partidos políticos preocupam-se mais consigo próprios do que com o país, que os consensos têm que ser praticados e que é preciso um entendimento sobre as grandes questões nacionais. Propõe uma maneira diferente de estar na política, se for eleito?

Absolutamente. Subscrevo a 100% esta posição do Júlio Correia. Temos assistido em Cabo Verde a muitos momentos de crispação política, de desentendimento. Não é por acaso que estamos há anos a tentar eleger os órgãos externos da Assembleia Nacional. Não se consegue entendimento entre os partidos. Do meu ponto de vista, os três partidos representados na Assembleia Nacional têm que parar, pensar Cabo Verde e não nos seus umbigos, não pensar nos seus grupinhos, não pensar nos seus interesses próprios, mas sim pensar Cabo Verde. Não é por acaso que o lema da minha campanha vai ser ‘Por Cabo Verde: PAICV um partido forte e ganhador’. Por quê? Porque, acima de tudo, o primeiro objetivo é Cabo Verde. E por isso o PAICV tem que ser um partido forte, aglutinador, juntar as pessoas uma voz só, um partido só, para poder ter força necessária para, primeiro, ganhar o país, ganhar as próximas legislativas, mas não é só ganhar, não é ganhar para vir a festejar ou para voltar para os seus umbigos e satisfazer os grupinhos. Ganhar para servir Cabo Verde.

Para servir Cabo Verde como?

Há que fazer uma série de reformas fundamentais na gestão. É preciso coragem, é preciso um partido coeso, é preciso um partido unido para que pense o país e tome as medidas que tem que tomar, agradem ou não. Dou um exemplo muito rápido: a administração pública. Neste momento, parece que não há norte. Temos uma administração pública sobrecarregada. Temos uma data de institutos, de presidentes, administradores, uma administração pública gorda. Essa administração pública gorda começa no próprio governo. Não é normal que Cabo Verde tenha um governo de 20 e tal membros entre ministros e secretários de Estado. Não é normal. O governo do Cabo Verde o máximo que pode ter são 12 membros. São gastos supérfluos de organismos departamentais a mais. Temos que ser capazes de fazer uma compressão da administração pública, drástica, reduzindo os efetivos e libertar recursos para investir na própria administração pública. A administração pública cabo-verdiana tem que ser composta urgentemente, por poucos, mas bons.

Como?

Neste momento, ninguém quer cargos de chefia na administração pública. Pagam mal. Houve uma grande discussão sobre a atualização dos salários dos cargos políticos. Essa discussão foi mal feita, mas o princípio estava certo. Por quê? Porque não é a atualização dos salários só dos cargos políticos, dos ministros, dos secretários de estado e do presidente. A atualização dos salários deve ser feita em todos os escalões da administração pública. Não temos rios de dinheiro, portanto como fazer isso? É reduzir, comprimir a massa administrativa para libertar recursos, para investir na própria administração pública para que ela possa ser atrativa aos quadros. Já passamos a fase do por amor, amor, amor. Todo mundo trabalhava por amor, ninguém se preocupava com dinheiro. Acabou. A nova realidade é esta, as pessoas querem o seu salário, querem trabalhar sim, mas querem que a remuneração seja compatível com o trabalho realizado. Querem ter as suas coisas, querem ter os seus carros, querem ter as suas casas, o que é absolutamente normal. Para isso, o que têm de fazer? Trabalhar. E vão trabalhar onde são melhor remunerados. A função pública, para chamar os melhores, tem que pagar melhor. Para isso é preciso uma remodelação completa no sistema. Mas há vários sectores que temos de recomeçar. Temos que ter uma vista muito clara que Cabo Verde deve, antes de mais, ser dirigido e desenvolvido pelos cabo-verdianos. Temos que ser capazes de criar uma classe empresarial nacional, que ganhe dinheiro. Hoje, quando vemos as pessoas ganhar dinheiro, ficamos todos desconfiados. Não! Temos que estar satisfeitos, porque quem mais ganha, e estamos a falar do dinheiro lícito, mais trabalho faz e melhores empregos dá, melhores salários paga, e ganham os trabalhadores.

Falando do seu projeto e das questões sociais e económicas que afetam os cabo-verdianos. Como é que planeia abordar esses temas?

Temos duas grandes vertentes no nosso projeto. A económica e a social. Na vertente económica, continuamos com o problema de desenvolver este país com base na monocultura do turismo. O turismo é um bem necessário, representa praticamente 25% do nosso PIB. É uma área que devemos acarinhar e desenvolver. Mas é uma área que deve ser desenvolvida com outros olhos. Todo mundo fala do turismo, todo mundo fala de diversificação do turismo, todo mundo fala da necessidade de se estender o turismo às outras ilhas, mas nada se faz neste sentido. Continuam-se a canalizar o turismo para o Sal e Boa Vista, que recebem 90% do turismo. Há que fazer investimentos, encontrar soluções para que o turismo possa ir para Santiago, Brava, Fogo, São Vicente, São Nicolau, Santo Antão, Maio, para todas as outras ilhas.

Todos falam nisso.

Mas tem que ser feito numa base de uma política clara e de investimentos. E não está sendo feito neste momento. Todo mundo está muito satisfeito, atingimos um milhão de turistas por ano! Eu também estou satisfeito. Mas concluí-se que está bem, não há nenhum problema para o país, porque um milhão de turistas significa dois turistas por habitante. É um rácio bom. Essa é a leitura feita. Eu faço essa leitura de outra forma. Desse milhão de turistas, dizem as estatísticas, que 60% vão para o Sal. Estamos a falar de 600 mil pessoas/ano, que não vão para Espargos, nem para Palmeira. Estão concentrados em Santa Maria. Quer dizer que temos 600 mil pessoas por ano em Santa Maria, cidade com uma população que mal chega às 20 mil pessoas. Isso significa o quê? O rácio já não é 1 por 2, o rácio é 1 por 30. Qual é a conclusão? Santa Maria está a ficar sobrecarregada. Agora, com a chegada da EasyJet, é outro tipo de turista, o turista dos serviços complementares, dos quartos complementares, dos apartamentos complementares, que vão fazer concorrência aos nacionais nos alojamentos. O centro de saúde vai ser subcarregado. Há toda uma infra-estrutura da cidade que deve ser adaptada a essa nova visão. Por outro lado, para podermos levar o turista às outras ilhas, os TACV têm um papel fundamental. Ultimamente, começamos a ver uns sinais, mas são sinais, ainda não são melhorias. Porque para que haja turismo nas outras ilhas, os TACV têm que funcionar. Recuámos décadas. Antigamente, tínhamos, do Sal, excursões diárias, para o Fogo, São Vicente, Praia. Na Boa Vista também tínhamos excursões, tudo funcionava muito bem. De repente, tudo isso acabou. A cidade da Praia está de rastos. As ruas estão a ficar esburacadas. Não há uma atenção nesta cidade. Precisamos de infra-estruturas, qualquer coisinha e já não há lugar nos hotéis. Há uma necessidade de assumir a cidade da Praia como centro internacional de negócios. O que é que é preciso fazer? Construir um centro de convenções na cidade para atrair o turismo de negócios. Turismo sim, mas é preciso um turismo visionário para acolher os turistas em condições e que esse efeito seja para todas as ilhas de Cabo Verde.

Mas, como disse, não defende a monocultura do turismo.

Temos que começar a pensar no desenvolvimento de pequenas e médias indústrias em Cabo Verde. Não há nada. Em São Vicente já se deram os primeiros passos nesse sentido, em Santiago é zero. Passamos a vida a esquecer que somos membros de uma comunidade económica, a CEDEAO, de 300 milhões de pessoas. Quais são as vantagens que Cabo Verde tem de pertencer à CEDEAO? Neste momento, económicas, nenhumas. Zero. Sempre estivemos fora do sistema das vantagens de CEDEAO. Somos um país africano, membro da comunidade económica dos Estados da África Ocidental e como tal devemos assumir a nossa africanidade. Mas assumir a nossa africanidade não é só assumir o lado negativo, é o lado negativo e o lado positivo também. A nossa pertença à CEDEAO tem que dar resultados. Não podemos pertencer à CEDEAO só para ter as nossas fronteiras abertas. Portanto, ou temos condições para pertencer à CEDEAO, ou saímos. Quando chegou a nossa vez de assumir a presidência, fomos praticamente corridos. Não pode ser. Não pode acontecer. Se a CEDEAO não nos reconhece como membro de pleno direito, não temos nada a fazer ali. E eu sou um fervoroso defensor da África, um fervoroso defensor da nossa participação e da nossa pertença à CEDEAO. Defendo uma industrialização do país, pequenas indústrias, para podermos garantir e reforçar a pertença de Cabo Verde na CEDEAO, onde os produtos originários de cabo verde podem ser enviados para os países da CEDEAO com isenção de direitos para que sejam competitivos. Neste momento não exportamos um prego para lado nenhum, muito menos para a CEDEAO.

E quanto aos aspectos sociais?

Temos que continuar a investir. Temos que reforçar a educação. Reforçar o papel dos professores na educação dos nossos filhos. Mas as pessoas não podem trabalhar de graça. Têm que ser pagas como deve ser, para que haja qualidade da educação, para que as nossas universidades produzam quadros capazes de gerir o Cabo Verde e capazes de estar em qualquer parte do mundo. A nível da saúde tivemos muitos avanços, mas as condições não estão perfeitas. É necessário voltar a falar, voltar a discutir, ouvir as pessoas, os profissionais da saúde, os médicos, os enfermeiros, as perspectivas que eles querem. Fala-se muito do novo hospital da cidade da Praia… Vem, não vem… Aparece, não aparece, será que aparece. Ou a questão do salário mínimo. O salário mínimo foi aumentado, mas acho que esse salário mínimo ainda precisa de algum retoque. Estamos com um salário mínimo de 19 contos na função pública, a minha posição é que deve ser 20. Ninguém deve ganhar em Cabo Verde menos de 20 contos. É um enorme trabalho a ser feito. Vamos celebrar os 50 anos de Independência de Cabe Verde. Já não podemos estar a chorar. E ninguém venha falar de colonialismo. Acabou. Temos 50 anos. O responsável por Cabo Verde somos nós, os cabo-verdianos. Não há mais choro. Não há mais olhar para trás, colonização, escravatura, acabou. Isso é o nosso passado.

Qual será o seu estilo de liderança e como é que isso se poderá traduzir na capacidade de levar o partido para onde quer que ele vá?

A minha liderança será uma liderança inclusiva. Significa que não haverá nenhum excluído dentro do PAICV. Não tem militante do Scapa, do Luiz, do Francisco, do Manuel, ou do Joaquim. Tem militante do PAICV. Essa liderança inclusiva para dentro também tem de ser transformada para fora. Temos que dialogar com os outros partidos. Temos que ser capazes de criar consensos nacionais. Acabarmos com essa guerrilha institucional que existe entre os partidos. A minha posição vai ser essa. Não vou discutir, não vou fazer guerrilha, nem vou acusar ninguém do passado. Estamos a falar do futuro do país. Como dizem os brasileiros, quem vive do passado é museu, eu falo do amanhã. A maneira de fazer política terá que ser positiva, construtiva, inclusiva, onde todos têm voz. E não temos que pensar todos da mesma forma. Claro que não. Era o que faltava. Temos que pensar de forma diferente, mas no mesmo barco. Um barco é um só. Não existem dois barcos no mar alto. É um barco só que é Cabo Verde.

Que lições aprendeu com as posições anteriores que ocupou e que o prepararam agora para esta experiência?

A primeira coisa que e aprendi foi a modéstia. Não ganhamos nada com arrogância. Não ganhamos nada em ultrapassar as pessoas. Esse foi o primeiro ensinamento que aprendi dos camaradas da Libertação Nacional. O Pedro Pires, o Silvino da Luz. O meu grande chefe, o Abílio Duarte. Não só a modéstia, mas a capacidade de ouvir. Aprender a ouvir. Não tenho que ter razão a toda hora. Tenho que ser capaz de ouvir. E quando ouvir opiniões certas e corretas, aprender com essas opiniões, aprender com as pessoas, aprender com os outros. Ninguém é detentor exclusivo da verdade. Eu não sou e nunca serei. Cabo Verde está cheio de desafios que não vou poder enfrentar sozinho, tenho que contar com a capacidade dos outros cabo-verdianos, tenho que contar com as outras pessoas, tenho que ouvir as pessoas. O poder a mim não diz nada, neste momento da minha vida eu quero servir. Poder significa servir Cabo Verde.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1207 de 15 de Janeiro de 2025. 

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Autoria:Jorge Montezinho,19 jan 2025 16:47

Editado porEdisângela Tavares  em  20 jan 2025 12:03

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