ONG internacional e parceiros nacionais trabalham na conservação dos ecossistemas marinhos

Projecto de 5 milhões de euros será implementado até 2028. ONG inglesa Fauna & Flora abre escritório nacional.

Facilitar a recuperação dos ecossistemas marinhos, reforçar a resiliência perante as alterações climáticas. Objectivos do PaMAR – Fortalecer a Conservação Marinha em Cabo Verde, liderado pela Fauna & Flora, organização não governamental internacional (ONG), com sede em Cambridge, Inglaterra.

Financiado em cerca de 5 milhões de euros, o projecto decorrerá até Outubro de 2028 e também visa melhorar a gestão das áreas marinhas existentes, além de abordar a eventual extensão das proteções a novos 314 quilómetros quadrados.

A implementação prática está a cargo de seis parceiros locais: Terrimar, em Santo Antão; Biosfera, em São Vicente; Projeto Biodiversidade, no Sal; Fundação Maio Biodiversidade; Projeto Vitó, no Fogo; e Biflores, na Brava.

Alícia Costa, gestora de subvenção do PaMAR, não tem dúvidas sobre a importância da iniciativa em curso.

“É um projecto muito importante para Cabo Verde, que tem uma área marinha muito extensa. O projecto visa fortalecer a proteção das áreas marinhas, através de uma colaboração com o Governo de Cabo Verde e seis parceiros locais, que estão a operar em seis ilhas diferentes. A Fauna & Flora lidera o projecto, trazendo muito conhecimento de outros países que se encontram em situações parecidas. Através dessa colaboração, o projecto espera alcançar uma melhoria real na gestão das áreas marinhas protegidas, assim como o aumento da sustentabilidade e da resiliência das comunidades costeiras”, estabelece.

O PaMAR começou há pouco mais de um ano, em Novembro de 2023. Conforme Patrícia Rendall Rocha, bióloga marinha que representa a Fauna & Flora em Cabo Verde, ao longo dos primeiros meses, as ONGs nacionais monitorizaram os ecossistemas marinhos subaquáticos.

“Neste ano de projecto fizemos a biomonitorização, ou seja, a harmonização da metodologia para fazer biomonitorização subaquática, decidir os bioindicadores, ou seja, quais as espécies que iam ser monitoradas durante o projecto. Algumas ONG fazem a monitorização, por exemplo, da garoupa, outras fazem dos tubarões”, comenta.

Paralelamente, prevê-se o reforço das competências das comunidades locais sobre conservação marinha e a implementação de iniciativas que possibilitem a diversificação dos meios de rendimento das comunidades piscatórias e outros grupos vulneráveis.

Para Marco Paulo, do Projeto Vitó, este foco nas comunidades é particularmente importante.

“É uma inovação em relação aos projectos que são implementados a nível nacional. Nós utilizamos uma estratégia mais de aproximação das comunidades, no sentido de dar voz e vez às pessoas”, sublinha.

Escritório local

O PaMAR está a ser implementado numa altura em que a Fauna & Flora decidiu reforçar a presença em nome próprio nas ilhas, com a abertura de um escritório em São Vicente. A gestora sénior de programa para São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, Mariana Carvalho, explica que o propósito é estar mais perto da sociedade civil cabo-verdiana, não em concorrência com as ONGs nacionais, mas em articulação.

“No fundo, a Fauna & Flora faz a centralização deste trabalho extraordinário que as ONG nacionais já fazem em Cabo Verde para a conservação marinha (…). Estamos aqui para facilitar essa articulação entre todos, a nível nacional. Sabemos que as ilhas têm características diferentes, acessibilidades diferentes, e o facto de haver um escritório e pessoas dedicadas a fazer a gestão deste consórcio, da informação, dos dados, da comunicação, etc., facilita toda a divulgação e a continuidade do projecto”, realça.

Presente em mais de 40 países, a Fauna & Flora chegou ao arquipélago há mais de uma década e teve a Fundação Maio Biodiversidade como primeira parceira. Janete Agues, directora executiva da ONG, considera que a presença física e permanente, assegurada a partir de agora, facilita a implementação de projectos e o acesso futuro a fundos internacionais.

“É um grande passo, porque a Fauna & Flora tem sido um grande parceiro na questão da proteção da biodiversidade marinha. Tendo uma representação aqui em Cabo Verde, facilita muito a coordenação na implementação do projecto, na equipa que faz toda a gestão e no acesso a fundos internacionais”, sublinha.

O projecto PaMAR – Fortalecer a Conservação Marinha em Cabo Verde é financiado pelo Blue Action Fund, fundo europeu com origem em cinco países – França, Suécia, Noruega, Alemanha e Irlanda. ARCADIA, fundo gerido pela própria Fauna & Flora, e Oceans 5, colaboração internacional de financiadores, são co-financiadores. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1210 de 5 de Fevereiro de 2025.

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira, Fretson Rocha,8 fev 2025 8:15

Editado porSara Almeida  em  8 fev 2025 11:20

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