“Temos constatado o crescimento acentuado e contínuo da evacuação para o exterior, nomeadamente para Portugal. Só em 2025, o número de evacuações contratualizadas com Portugal é de 300 doentes por ano, entretanto temos aumentado sucessivamente o número de doentes evacuados. Actualmente, estamos a evacuar o triplo. Isto é, 300% mais do que o previsto no contrato”, disse
Segundo Jorge Figueiredo, entre as especialidades que mais pesam no orçamento do Estado destacam-se a cardiologia, oncologia e oftalmologia, que juntas representaram 627 mil contos de 2023 ao primeiro trimestre de 2025.
Ainda assim, mais de 400 pacientes continuam em lista de espera para evacuação, sublinhou.
Esta realidade, segundo o ministro, demonstra a urgência de reforçar a capacidade de resposta interna do Sistema Nacional de Saúde.
“Isso determina claramente a necessidade de investirmos a nível nacional para respondermos com qualidade a esta situação”, frisou.
Como resposta ao problema, o Governo decidiu avançar com a construção do Hospital Nacional de Cabo Verde, uma infraestrutura que será a referência hierárquica máxima do sistema de saúde nacional.
O hospital será moderno, equipado com novas tecnologias e contará com recursos humanos altamente qualificados, com serviços especializados que actualmente não existem ou são insuficientes no país.
“O hospital irá fornecer serviços médicos e cirúrgicos altamente especializados e contribuir para reduzir consideravelmente o número de evacuações para o exterior”, assegurou o ministro.
Paralelamente, está em curso um plano estratégico de formação médica e em especialidades no país, com base no próprio hospital nacional. A intenção é criar um programa avançado de formação especializada, com foco em áreas ainda não existentes em Cabo Verde, promovendo a autossuficiência em termos de quadros e reduzindo a dependência externa.
“O hospital servirá também como espaço de ensino, de troca de experiências, de realização e publicação de estudos, e de absorção de novas tecnologias. Será, portanto, um centro de inovação”, explicou.
O ministro da Saúde reconheceu ainda que, apesar dos avanços registados no setor, os actuais hospitais centrais não conseguem responder a todas as exigências que motivam as evacuações.