Elísio Silva sublinha que a utilização de medicamentos só deve ocorrer mediante receita médica, pelo que não podem ser distribuídos por qualquer outra entidade que não seja médica. Em entrevista exclusiva à Rádio Morabeza, o responsável afirma que à Delegacia de Saúde ainda não chegaram quaisquer fármacos provenientes dos donativos já anunciados.
“Não temos tido ruptura de stock. Através do Ministério da Saúde temos garantida a cobertura de vacinação, medicamentos essenciais e para todos os nossos doentes crónicos. Portanto, não temos tido nenhum tipo de ruptura, nem de medicamentos, nem de reagentes. Sobre as doações, ouvimos falar apenas através da comunicação social. Na delegacia de saúde não chegou nem um paracetamol, a não ser alguns amigos emigrantes em França que nos trouxeram uma maleta com medicamentos e alguns equipamentos de protecção individual, como máscaras. Quanto às outras doações, não recebemos nada. Não são as organizações que devem fazer a distribuição de medicamentos, porque estes têm prazo de validade e a sua importância, devendo ser prescritos apenas através de receita médica, independentemente de se tratar ou não de uma doação”, esclarece.
Elísio Silva alerta a população para evitar a automedicação e para não tratar os remédios como um donativo qualquer.
“Não façamos automedicação, não sejamos irresponsáveis no fornecimento de medicamentos à população. Se quisermos fazer uma doação, que seja através da delegacia de saúde. Temos farmácias para a distribuição de medicamentos em todas as nossas estruturas de saúde da ilha. Não doemos medicamentos como se fossem uma peça de roupa ou uma cesta básica. Temos de ter cuidado, porque os medicamentos têm validade e propósito”, recomenda.
O delegado de saúde de São Vicente alerta as autoridades para a entrada de remédios sem controlo, que não seja feita através de empresas devidamente licenciadas.
“Que enviem outras coisas. Medicamentos temos e fabricamos aqui. Não temos tido ruptura. Só não sei por que motivo estão a deixar os medicamentos entrar no país. As autoridades têm de tomar medidas sobre a entrada de medicamentos feita por qualquer pessoa, instituição ou ONG. Temos as empresas importadoras e, se for doação, há uma instituição própria para a distribuição”, refere.
Diversas campanhas de solidariedade, tanto em Cabo Verde como na diáspora, estão a angariar bens essenciais para apoiar as vítimas. Os donativos anunciados para São Vicente, na sequência da catástrofe provocada pelas chuvas de 11 de Agosto, incluem medicamentos.