Segundo João Pereira Silva, a impossibilidade de a TACV recorrer à banca, por causa da “grave situação financeira” e a recusa do Estado, enquanto accionista único, para sustentar a tesouraria, levou à suspensão da companhia aérea nacional da câmara de compensação da IATA.
O antigo gestor da transportadora aérea nacional fez estas declarações durante a audição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para a averiguar o processo de gestão da TACV, desde 1975.
Na sua perspectiva, ao longo dos anos, o Estado de Cabo Verde tem sido o responsável pela situação da TACV.
“O passivo de 12 milhões é um passivo acumulado durante mais de 12 anos”, esclareceu, acrescentando que a partir de 2012/2013 se inverteu o ritmo de crescimento do passivo da TACV.
De acordo com João Pereira Silva, se tivesse tido a possibilidade de gerir as tarifas, conforme propôs ao accionista, a situação financeira da empresa “seria diferente”, embora não resolvesse integralmente o problema.
Questionado sobre o pessoal da TACV, admitiu que há décadas que a companhia aérea tem uma “situação caótica em matéria de gestão dos recursos humanos”.
“A TACV já tem 59 anos de existência e não sei se alguém da TACV já obteve alguma bolsa para fazer uma licenciatura em matéria de gestão dos transportes aéreos comerciais”, disse.
Pereira da Silva garantiu que durante a sua gestão foi feito um levantamento, área por área, de todos os trabalhadores da TACV, abrangendo os seus salários e funções, assim como um trabalho de cálculo sobre o número de colaboradores que poderiam ser dispensados.
“Isto não se fez porque não houve financiamento por parte do accionista”, explicou João Pereira Silva, acrescentado que o objectivo era reduzir em cerca de 30 por cento o custo com o pessoal.