A posição do país foi apresentada esta segunda-feira, pelo primeiro-ministro, por ocasião da apresentação do Relatório Sobre Mudanças Climáticas pelo Gabão, na 32ª Sessão Ordinária da Conferência da União Africana, em Addis Abeba, Etiópia.
Na sua intervenção, Ulisses Correia e Silva disse que é preciso forte engajamento na luta contra as alterações climáticas.
“Este é o desafio e uma ameaça que não deve deixar ninguém de fora”, realça.
Aos Pequenos Países Insulares, defende o chefe do Governo, deve ser dada maior atenção, porque são muito mais vulneráveis aos problemas ambientais globais e às mudanças climáticas. Segundo Correia e Silva, os mesmos contribuem muito pouco para o aquecimento global, mas pagam uma factura muito grande e muito desproporcional, enfrentam com maior frequência fenómenos meteorológicos e climáticos extremos, como furacões, inundações e secas, e têm fraca capacidade de enfrentar e mitigar ou anular os seus efeitos.
Entre as consequências, o primeiro-ministro aponta o aumento da aridez, da erosão e perda da fertilidade dos solos, o aumento da escassez da água, a degradação da vegetação, a intrusão salina, a degradação da costa e perda da biodiversidade.
“Isto tudo com impacto negativo na capacidade de produção agrícola e pecuária, a segurança alimentar e as assimetrias entre as regiões e o êxodo rural”, alerta.
“Por estas razões, os pequenos países insulares devem merecer proporcionalmente maior atenção, maior acesso às tecnologias e a recursos financeiros para investimentos estruturantes nas respectivas estratégias de resiliência e de adaptação às alterações climáticas e a choques externos”, defende.
Em Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva realça que está a ser implementada “uma agenda robusta de resiliência, que inclui mecanismos de alerta precoce, reforço da capacidade de resposta e de governança dos riscos e das crises, novas atitudes e práticas, visando a exploração mais sustentável dos recursos naturais, transição energética para as fontes renováveis (meta 50% em 2030), diversificação das formas de mobilização da água como a dessalinização das águas salobras e do mar e a reutilização segura das águas residuais na agricultura".
O chefe do Governo terminou a sua intervenção manifestando o interesse do país em os pequenos países insulares trabalharem e actuarem de forma conjunta e articulada na arena regional e internacional.
A 32.ª cimeira da União Africana arrancou domingo e terminou ontem em Addis Abeba, capital na Etiópia. O evento contou com a presença de 40 representantes de países africanos e de organizações internacionais.