Ulisses Correia e Silva, que discursava esta manhã, no arranque do debate parlamentar sobre “Mudanças climáticas e os choques externo”, aponta três prioridades para aumentar a resiliência do arquipélago.
“Primeiro eixo e a primeira grande prioridade: a transição energética para reduzir a dependência do país na importação de combustíveis fósseis e atingir a neutralidade carbónica. Segundo eixo: a estratégia da água e da resiliência do sector agrário para reduzir a dependência do país das chuvas. Terceiro eixo: a estratégia de desenvolvimento rural assente na diversificação da actividade económica nos municípios rurais, e na transformação de cidades e localidade em lugares mais atractivos para viver, visitar e investir”, aponta.
A agricultura é o sector mais afectado pela escassez de água e pelas mudanças climáticas, num país em que 32% da população vive em zonas rurais. Tendo em conta essa realidade, o primeiro-ministro garante que o seu executivo pretende que o sector agrário seja menos dependente das chuvas.
“Estamos a implementar uma estratégia de água assente nos seguintes: aumento da produção de água dessalinizada do mar para o consumo humano, dessalinização de água salobra para agricultura, massificação do uso das energias renováveis na produção de água para agricultura, afectação da água dos furos, poços e nascentes apenas para actividade agrícola, aumento significativo da reutilização das águas residuais na agricultura, massificação da rega gota-gota”, enumera.
Aumento da capacidade de prospecção e perfuração a grandes profundidades, investimento em auto-tanques para o transporte de água para o consumo doméstico e animais nas zonas mais distantes das fontes de água são outras medidas apontadas.
Ulisses Correia e Silva diz que são programas estruturantes que têm sido acompanhados de programas de mitigação, para fazer face a situações de emergência provocadas pela seca.
“Um fundo nacional de emergência foi criado, medidas têm sido tomadas e investimentos realizados para desenvolver o empreendedorismo no mundo rural. Modernizar a produção, criar cadeias de valor de determinados produtos, certificar a qualidade dos produtos, ordenar e fazer a manutenção de perímetros florestais, preservar a biodiversidade, aumentar o investimento na investigação agrária e rever os bens de domínio público marítimo do Estado”, refere.
O chefe do Governo realça que Cabo Verde está a melhorar progressivamente a sua capacidade de resposta às mudanças climáticas, apesar de vários desafios que tem pela frente.
O debate com o primeiro-ministro foi o primeiro ponto da segunda sessão parlamentar do mês de Outubro que arrancou hoje, na assembleia nacional. O ponto alto será amanhã, com o debate sobre a situação da Justiça.