Governo "mudou de paradigma". Oposição desconfia de "governação à direita"

PorAndre Amaral,27 fev 2019 12:41

Governo e MpD garantem que a economia nacional está a crescer e que os cabo-verdianos têm hoje melhor qualidade de vida. PAICV acusa, uma vez mais, o governo de não ter ideias e de basear a sua governação no trabalho do governo anterior. UCID alerta para problemas sociais, com “crianças e idosos a viverem em situações deploráveis”.

O Primeiro-Ministro disse hoje, no debate mensal na Assembleia Nacional, que o objectivo do governo é fazer aumentar o PIB de Cabo Verde em 31% até ao final do mandato, em 2021, passando o PIB per capita dos actuais 6.744 dólares para os 8.865.

A redução do desemprego para 8,8% e da pobreza absoluta para 28,2% até ao final do mandato. A taxa de desemprego, segundo o governo, era, em 2016, de 15% enquanto a pobreza absoluta era de 35%.

“Mudamos de paradigma de uma economia formatada pela ajuda externa e pelo excessivo peso ineficiente do Estado, para a afirmação inequívoca da vontade de um Estado fomentador da iniciativa privada, parceiro e mais eficiente. É este o caminho que escolhemos e estamos seguindo”, garantiu Ulisses Correia e Silva no seu discurso de abertura do debate. “Mudamos de paradigma na relação do Estado com as famílias e com os cidadãos: basear a relação do Estado não no sentido da assistência, da dependência ou do condicionamento, mas da concretização de direitos e da constituição de obrigações. Direito ao trabalho, ao rendimento e à protecção social. Direitos que deverão andar de mãos dadas com as obrigações de cidadania responsável”.

Para o PAICV, no entanto, após quase três anos de governação, o primeiro-ministro “ainda não apresentou qualquer ideia nova” e, acusa o maior partido da oposição, tem baseado o seu trabalho no “prosseguimento de políticas e na inauguração de obras” deixadas pelo governo anterior.

“O MpD para poder ganhar as eleições fez uma campanha à esquerda e depois resolveu governar à direita. O primeiro-ministro que se apresentou ao país como sendo o senhor da solução já se revelou. Rapidamente traduziu o discurso de o meu partido é Cabo Verde para o meu partido é o meu grupo com quem partilho interesses”, acusou Janira Hopffer Almada.

Quanto às políticas de emprego e às promessas de criação de 45 mil postos de trabalho feitas durante a campanha eleitoral, a presidente do PAICV acusou o primeiro-ministro de se ter esquecido da promessa feita “clamando que o emprego não cai do céu”.

A apoiar as políticas do governo o MpD, pela voz do deputado João Gomes, disse que o seu partido fez campanha “assumindo compromissos com os cabo-verdianos e está a cumpri-los para desespero da oposição”.

Passados “dois anos e nove meses de governação, o executivo liderado por Ulisses Correia e Silva tem sabido corresponder às elevadas expectativas dos cabo-verdianos e já apresenta resultados positivos em todas as áreas de governação”, defendeu aquele deputado do MpD.

Acusando o PAICV de, enquanto governo, ter promovido políticas assistencialistas durante os 15 anos de governo, João Gomes garantiu que este governo “rompeu com essas práticas e as suas políticas são direccionadas para o rendimento”.

Promotora deste debate com o primeiro-ministro, a UCID foi a última a fazer a intervenção inicial.

António Monteiro, presidente da UCID, destacou que o tema hoje em debate, questões sociais e ambientais, “tocam em quase todas as áreas da governação actual”.

“De Santo Antão à Brava encontramos crianças e idosos a viver em situações deploráveis”, acusou o deputado da UCID. Para António Monteiro, o objectivo deste debate não é “exigir que se dê tudo às pessoas, mas somente garantir um mínimo de dignidade aos que mais precisam”.

Um dos destaques que a UCID fez foi para o facto de “crianças viverem em casas sem as mínimas condições enquanto centenas de habitações financiadas pelo dinheiro dos contribuintes são vandalizadas”.

“O governo tem, com a disponibilização do PRRA, condições para atacar esta fragilidade social dando prioridade absoluta às famílias com mais dificuldades”, defendeu António Monteiro.

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Autoria:Andre Amaral,27 fev 2019 12:41

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  19 nov 2019 23:21

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