No final da reunião do Comité de Concertação Permanente da CPLP, na qual participam todos os embaixadores dos estados-membros, o diplomata do país que actualmente tem a presidência rotativa da organização, admitiu que a Guiné-Bissau foi um dos assuntos da agenda daquele encontro.
Não só por causa da missão de observação eleitoral da CPLP àquele país, mas também para recolher alguma informação sobre a situação política no país.
"Mais para debater sobre a constituição da missão de observação eleitoral [da CPLP às eleições presidenciais] mas também para colher da parte das autoridades da Guiné-Bissau alguma informação sobre como o processo está a decorrer", referiu Eurico Monteiro.
O diplomata admitiu que "da parte de todos os estados-membros, como dos cidadãos em geral, há alguma preocupação em relação ao desenrolar dos processo político" no país.
Mas, considerou que ao mesmo tempo "existe uma enorme esperança em que haja um compromisso muito sério e muito firme para se garantir que as eleições [presidenciais]de facto vão ter lugar a 24 de Novembro", na Guiné-Bissau.
"Isto é um passo absolutamente incontornável e indispensável para o processo de normalização da vida política na Guiné-Bissau e, eventualmente, para o abaixamento de alguma tensão e crispação política que ainda possa existir", afirmou o embaixador.
E acrescentou: "Existe alguma preocupação porque se nota ainda alguma crispação política entre vários actores políticos, mas há também uma grande esperança no sentido de que os actores políticos estejam absolutamente conscientes que não há nenhuma alternativa à realização das eleições presidenciais".
Porém, Eurico Monteiro lembrou que, apesar de várias reclamações e críticas aos processo eleitoral, todos os actores políticos "acabaram por entregar a documentação e fotografias para poderem constar dos boletins de voto, o que ocorreu há poucos dias".
Isto significa que todos esses actores "estão empenhados e comprometidos" com o processo eleitoral de 24 de Novembro, concluiu.
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, convocou uma reunião do Conselho de Estado para hoje, mas acabou por a desconvocar ao final da manhã.
José Mário Vaz convocou também para hoje os partidos com assento parlamentar na Guiné-Bissau para audiências, mas só estiveram presentes o Movimento para a Alternância Democrática, o Partido da Renovação Social e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau.
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) disse que o Presidente guineense não tem poderes para convocar os partidos e o Conselho de Estado, porque o seu mandato terminou em Junho.
Num comunicado divulgado à imprensa, o partido, no poder na Guiné-Bissau, explica que recebeu a convocatória de José Mário Vaz "com estranheza" e salientou que o Conselho de Estado é um órgão inexistente no "quadro da nova legislatura ora iniciada".
"A estranheza resulta do facto de o mandato do Presidente da República ter cessado em Junho de 2019, pelo que os poderes no cargo não lhe conferem a legitimidade necessária para a audição dos partidos ou para a convocação do Conselho de Estado, sobretudo tendo em vista a demissão do Governo", salienta o partido.
Estas iniciativas do Presidente da República acontecem depois de, no sábado, ter responsabilizado o Governo por agravar a discórdia e desconfiança sobre o processo de preparação das eleições presidenciais, marcadas para 24 de Novembro, com a repressão de um protesto não autorizado pelo Ministério do Interior, em Bissau, que provocou um morto.
Em conferência de imprensa no domingo, o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes (apoiado pelo PAIGC), salientou que a pessoa que morreu não foi vítima de confrontos com as forças de segurança e que está a decorrer um inquérito para determinar o local da sua morte.
Aristides Gomes disse também que há "ameaças sérias" para a estabilização do país e criticou a posição do Presidente, que acusou de condenar, sem julgar.
Com mandato expirado e candidato, PR guineense demite governo
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu segunda-feira o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Aristides Gomes, segundo um decreto presidencial enviado à imprensa na sequência de uma reunião do Conselho de Estado. "É demitido o Governo chefiado pelo senhor Aristides Gomes", pode ler-se no decreto.
O chefe do Governo guineense já tinha denunciado a semana passada uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo o candidato às presidenciais do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15, líder da oposição).
A Guiné-Bissau tem eleições presidenciais marcadas para 24 de Novembro, devendo a segunda volta, caso seja necessária, ocorrer a 29 de Dezembro.
Na campanha eleitoral, que começa sábado e vai decorrer até 22 de Novembro, participam 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça.