"A crise da pandemia da COVID-19 veio colocar a saúde e a segurança sanitária no centro das prioridades”, disse esta manhã o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, durante o discurso de abertura do debate do Estado da Nação. E, assegura, a pandemia “veio reforçar a importância da transversalidade da saúde e sua presença em todas as políticas, no sentido preventivo”.
O primeiro-ministro reconheceu igualmente que a “pandemia da COVID-19 alterou profundamente o contexto internacional e nacional” e que Cabo Verde, tal como os outros países do mundo está “perante uma crise sanitária, económica e social grave, a nível mundial, sem precedentes”. “A recessão económica mundial é um facto”, acrescentou.
“Ninguém no uso das suas faculdades de bom senso nega esta realidade e os impactos que ela tem sobre um pequeno país como Cabo Verde”.
Fazendo um balanço dos quatro anos governação Ulisses Correia e Silva começou por abordar o sector da agricultura afectado por “três anos de seca severa, as piores dos últimos trinta e sete anos”.
A seca dos últimos três anos, disse o primeiro-ministro, teve “impacto na quebra da produção agrícola, no rendimento e no emprego nas zonas rurais do país, colocando seis municípios de Santiago e o norte da Boavista em situação de emergência hídrica”.
Para responder a esta emergência hídrica provocada pela falta de água, “estão em curso investimentos superiores a um milhão de contos em instalação de dessalinizadoras nas ilhas de Santiago, Boavista, Maio e Brava”.
Apontado, de seguida, para situação económica actual, Ulisses Correia e Silva recordou que Cabo Verde estava, no final do ano passado, “com um crescimento de 5,7%, num quadro de estabilidade macroeconómica e de confiança. O crescimento do primeiro trimestre de 2020, confirma a tendência de crescimento robusto a caminho dos 7%”.
Lembrando, de seguida, que foi invertido o “ciclo seis anos de estagnação económica”, Ulisses Correia e Silva abordou igualmente o sector do turismo, essencial para a economia nacional por contribuir com quase 25% do PIB para a mesma, dizendo que o crescimento do sector teve “impacto positivo no emprego e nas receitas do Estado. O sector dos transportes com um crescimento de 10%, impulsionado pelo hub do Sal e pela CVA. O desemprego a reduzir, e, particularmente do desemprego jovem. O rendimento das famílias a aumentar”.
“As políticas e os investimentos realizados desde 2016 têm sido orientados para reduzir a pobreza física e material” apesar de Cabo Verde ser ainda “um país com níveis elevados de pobreza” que a crise provocada pela pandemia de COVID-19 veio acentuar “ainda mais porque atinge o emprego”.
Regressando ao reforço do sector da saúde, o primeiro primeiro-ministro, destacou que o governo tem “aumentado o orçamento" disponibilizado para aquela área, assegurou Ulisses Correia e Silva e que permitiram “em 2017 e 2018” a aprovação dos “quadros privativos das carreiras médica e de enfermagem com melhoria do quadro remuneratório”.
“Fruto dos investimentos feitos, o rácio de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos) por cada 10.000 habitantes evoluiu de 55 em 2016, para 59 em 2019”, reforçou.
Ulisses Correia e Silva reconheceu que Cabo Verde não está “no melhor dos mundos”. “Há deficiências na prestação de serviços de saúde? Sim! Mas estamos a investir, a melhorar e a avançar”.
Recuperando o tema da COVID-19 e dos seus impactos, o primeiro-ministro apontou que a realidade vivida e provocada pela pandemia está “marcada pela incerteza quanto ao comportamento da pandemia e ao ritmo da retoma económica e da vida social. Ninguém no uso das suas faculdades de bom senso nega esta realidade e os impactos que ela tem sobre um pequeno país como Cabo Verde” e que o futuro próximo será de dificuldades “em termos sociais e económicos”. Mas, garantiu a concluir, que o governo está empenhado “na gestão da crise, em dar o máximo para responder à situação actual”.