Durante a sua intervenção na cerimónia de investidura dos novos eleitos para a Câmara e Assembleia municipais para os próximos quatro anos, Francisco Carvalho disse que é preciso aprofundar a democracia e desenvolver instituições que sejam capazes de colocar à disposição de cada cidadão mais informação e mais conhecimento para que estejam cada vez mais capazes de avaliar e exigir dos políticos.
“Esse longo caminho passa ainda pelo desafio que temos de afinar o municipalismo no nosso país. Sempre fui crítico quanto ao rumo que temos seguido, sempre defendi que o nosso municipalismo não está a servir o desenvolvimento com enfoque nas pessoas, o resultado dessas eleições é também a manifestação da concordância de uma maioria aqui no município da Praia com esta visão alternativa de municipalismo focado nas pessoas, nos seus problemas mais directos e as dificuldades que enfrentam no seu quotidiano”, referiu.
Como exemplo, citou a habitação, acesso ao solo, saneamento, ordenamento do território, ambiente, segurança e paz, reforço do empresariado, acesso a rendimento, apoio a jovens, idosos e famílias, descentralização e desconcentração, desenvolvimento rural, empoderamento das organizações da sociedade civil, confiança e aposta nos actores comunitários, aprofundamento do sentimento de pertença local e maior participação na vida colectiva.
Para Francisco Carvalho, a Praia “deu” uma nova oportunidade à política. Nesse sentido, assegurou que a nova equipa camarária estará ao serviço de todos os praienses “sem excepção” e com profundo respeito por cada um independentemente das suas posições e entendimentos políticos, ideológicos, culturais ou sentimentais.
“Estaremos a olhar para cada munícipe como uma pessoa, um ser humano, um pai ou mãe de família, um irmão ou colega de trabalho e nunca apenas como mais um número na cidade. A campanha eleitoral acabou, agora o nosso empenho será dirigido para Praia no seu todo, nesta fase de campanha vamos apenas guardar as melhores memórias e retirar as melhores lições. Uma das lições retiradas desta campanha, é o sentimento de que esta vitória é também da cidadania, tão bem representada por inúmeros cidadãos”, discursou.
Por sua vez, a nova presidente da Assembleia Municipal da Praia, Maria Clara Marques, anunciou que dentre muitas acções, a sua equipa pretende implementar a valorização da Assembleia Municipal, passando por mais autonomia.
Isto porque, justificou, “já é hora” da mesma ser mais independente para que possa exercer as suas funções “com competência e com maior tranquilidade possível”.
“Contem comigo e com as deputadas e deputados eleitos de tudo fazer com que ela cumpra o seu papel como entidade fiscalizadora e de controlo democrático. Contribuir para que a Assembleia Municipal seja o órgão vigilante e sempre disponível para cumprir a sua missão com mestria e dedicação, e em estrito senso dos normativos vigentes. As sessões plenárias serão modernizadas online, reforçando proximidade desejada e o conhecimento de informações e decisões em tempo real”, comprometeu-se.
PM garante que não há razões para mudar o relacionamento com os municípios
Durante a sua intervenção, o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, assegurou que não há razões para alterar o relacionamento com os municípios.
“Desde 2016 nós introduzimos uma nova atitude no relacionamento com os municípios. não há nenhuma razão para alterar agora. Parceria, complementaridade, subsidiaridade, respeito e transparência nas relações entre o governo e as câmaras municipais. É para continuar e com respeito pela lei, pelas regras da boa convivência democrática e é mais uma vez uma atitude que não se alteram com os resultados eleitorais”, ratificou.
Segundo o governante, “ninguém ignora a complexidade da gestão e governação de um município como a Praia”, onde reside cerca de 1/4 da população de Cabo Verde.
“Integra uma grande diversidade de situações desde a economia ao desenvolvimento social, desde a urbanização a questões ambientais. Exige por isso abordagens estruturadas e com sentido estratégico de longo prazo, para dinamizar mais a economia, criar empregos, urbanizar os bairros, massificar o acesso a bens básicos como a água, o saneamento e sair da situação de pobreza que muitas famílias ainda vivem”, discorreu.