​Acordo de Livre Comércio em África importante para estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde – Alexandre Monteiro

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,16 jan 2021 8:56

Alexandre Monteiro
Alexandre Monteiro

O ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, disse hoje que o Acordo de Livre Comércio Continental Africano (ALCCA), que cria o mercado único africano, é um acordo importante para a estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde.

O governante, que falava entrevista à Inforpress, admitiu que no cenário actual, com a produção que o país tem actualmente, as vantagens desse acordo continental, que entrou em vigor no dia 01 de Janeiro, podem ser nulas, já que o fluxo comercial praticamente não existe.

Contudo, indicou que não se pode medir o impacto de um acordo só na realidade hoje, mas com foco nas oportunidades futuras.

Para já, indicou que Cabo Verde ambiciona ser uma plataforma comercial e industrial no Atlântico Médio no horizonte de 2030, e para a implementação dessa estratégia de desenvolvimento é fundamental o acesso ao mercado.

“Estarmos integrados no grande mercado como é o mercado africano representa um benefício importante na própria estratégia de desenvolvimento do país. Hoje o investidor que queira fazer o seu investimento em Cabo Verde vê não só o mercado cabo-verdiano ou da CEDEAO, mas o mercado continental”, disse.

Alexandre Monteiro frisou que Cabo Verde já tem alguma experiência de exportação, embora irrelevante para o continente, mas que pode ser potenciada com esse acordo, abrindo-se para mais mercados.

“Já existem exportações, nomeadamente a nível de produtos alimentares, temos experiência também a nível de produtos farmacêuticos para alguns países e podemos alargar esse mercado”, disse.

Para além de alargamento do mercado, o ministro cabo-verdiano vê nesse acordo as possibilidades de atracção de investimentos estrangeiros, contribuindo para uma mudança da realidade industrial de hoje e na densificação do tecido empresarial cabo-verdiano.

“Quando digo intensificação do tecido empresarial nacional estamos a referir a micro, pequenas e grandes empresas. Isto tudo através da possibilidade de integrar na cadeia de produção industrial regional, que é uma outra oportunidade que esse mercado de zona de livre comércio continental africano proporciona”, sustentou.

Neste sentido, adiantou Alexandre Monteiro que inclusive já há manifestações de interesse de investidores nacionais e a nível regional que querem instalar-se em Cabo Verde para produzir e colocar os produtos no mercado africano.

“Essas são as vantagens de Cabo Verde de estar inserido no mercado maior, o que acaba por contribuir para a eliminação um dos grandes obstáculos de desenvolvimento industrial que tem a ver com o factor escala, que é a dimensão do mercado”, disse.

O mercado continental, além do comércio de bens, inclui também o comércio de serviços e questões também relacionadas com investimentos, propriedade intelectual e política de concorrência que são instrumentos importantes e cujas negociações não foram concluídas, conforme indicou o governante.

Cabo Verde assinou e ratificou o acordo que entrou em vigor no dia 01 de Janeiro, criando ainda o quadro institucional que permite a sua efectivação.

O acordo pretende liberalizar o comércio no continente e tem como objectivo eliminar as tarifas aduaneiras em 90 por cento (%) dos produtos.

Entretanto, Alexandre Monteiro explicou que para a sua efectivação não basta o quadro institucional já criado, existindo a necessidade de também serem desenvolvidas sobretudo infra-estruturas de transportes e outras logísticas de actividade empresarial desde a área de comunicação, energia, serviço jurídico e outras.

“Portanto, há a necessidade também a nível de continente de desenvolvermos e criarmos essas condições para efectivação do acordo. Portanto, há muito trabalho ainda que carece de ser desenvolvido. O importante é que existe engajamento, existe interesse da parte dos países e projectos em curso para criar essas condições, assim como eliminar outras barreiras de natureza não aduaneira que também hoje influenciam e incrementam as trocas”, salientou.

O acordo permitirá a criação do maior mercado do mundo com um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado a ascender a 2,5 biliões de dólares (cerca de dois biliões de euros), de acordo com estimativas anteriores à pandemia de covid-19.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,16 jan 2021 8:56

Editado porFretson Rocha  em  15 out 2021 23:21

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