José Maria Neves anunciou esta ideia durante o seu primeiro acto público, após apresentar a sua candidatura, que aconteceu no auditório da Universidade do Mindelo.
Para o candidato, o Presidente da República deve estar “mais presente” em todas as ilhas, “máxime em São Vicente”, onde há também um palácio presidencial.
“Acho que São Vicente poderá ser um palco para as reuniões do Conselho da República, que devem ser realizadas, mais periodicamente, para as reuniões do Conselho Superior da Defesa Nacional, mas também de vez enquanto Mindelo deve ser palco para o Presidente receber as cartas credenciais”, concretizou o candidato.
Ademais, justificou, ter o Palácio do Povo a acolher estas actividades é um “símbolo importante da desconcentração do poder”, sobretudo neste momento, continuou, em que é preciso “um novo pacto, um novo equilíbrio de poder entre as ilhas”.
“Termos um gabinete funcional do Presidente da Republica para que ele esteja presente em São Vicente. E acho que, uma vez por mês, o Presidente deve estar uma semana aqui para receber as autoridades locais, nacionais e estrangeiras, para estar com as pessoas, visitar empresas, analisar com a sociedade civil os principais problemas da ilha e poder expressar os consensos e buscar os entendimentos necessários para que os problemas sejam resolvidos”, concretizou José Maria Neves.
Segundo o candidato, o Presidente da República, nestes tempos da pandemia, deve “liderar o País” e “contribuir para novas soluções” para Cabo Verde, pelo que prometeu trabalhar nesta linha.
O candidato sustentou que é possível renovar, no quadro da Constituição da República, a função de Presidência e defendeu, igualmente, que Cabo Verde precisa, “mais do que nunca”, de “um Presidente aberto, todos os dias, às novidades do mundo”.
José Maria Neves lembrou que, devido ao sistema de Governo, em Cabo Verde, o Presidente da República é o promotor e defensor da cultura da Constituição. Mas, sublinhou, o Presidente não pode limitar-se a proclamar a Constituição como o seu caderno de encargos mas, sim, ter a perspectiva “muito mais ampla” do exercício dessa função.
“É um árbitro entre Governo e a oposição, entre o Governo e o parlamento, entre o Estado e autarquias locais, entre o Estado e a sociedade e quem pretende ser Presidente tem que ser um conhecedor profundo das regras do jogo democrático para poder fazer a arbitragem com equilíbrio e ponderação necessária para que todos se sintam incluídos no processo”, frisou José Maria Neves, lembrando que o presidente “não governa, não é oposição, mas também não é porta-voz do Governo”.
Segundo o candidato, esta é uma “eleição crucial” para o futuro República, pelo que pediu que “não se coloquem todos os ovos no mesmo cesto” nas eleições presidenciais de 17 de Outubro.
“Temos que encontrar também a esse nível o pluralismo necessário para que os consensos e equilíbrio sejam muito mais efectivos para a reconstrução do País na pós-pandemia”, afirmou José Maria Neves, que prometeu, se for eleito, ser “o primeiro embaixador da República”.
Prometeu ainda promover o País no mundo, através dos artistas, mobilizar apoios para as indústrias criativas, ser “aberto a todas as sensibilidades” e fazer a “pedagogia necessária” para “aumentar a confiança política” entre os partidos.