Num discurso de meia hora, o chefe de Estado destacou a qualidade da democracia, mas defendeu que é preciso fazer melhor e reequacionar as prioridades.
“A nossa Democracia estará a realizar-se plenamente quando os jovens tiverem acesso a um emprego digno, quando a taxa de pobreza for reduzida consideravelmente ou eliminada, quando milhares de cabo-verdianos tiverem acesso a uma habitação condigna como alternativa às actuais condições precárias, designadamente as barracas, quando o direito à saúde, à educação, à segurança e o direito de acesso à cultura, entre outros, for assegurado de forma muito mais equitativa a todos e a todas. A nossa Democracia realiza-se plenamente quando as condições de mobilidade estiverem asseguradas entre as ilhas de forma a evitar a criação de ainda mais periferias, num país já por si arquipélago”, disse.
Para José Maria Neves, o combate às desigualdades e a todas as formas de exclusão e marginalização sociais devem ser um compromisso de todos.
Por isso, considera fundamental que a riqueza do país aumente e seja equitativamente distribuída.
“Quanto maior e mais sustentável for a igualdade económica e mais elevados os níveis de bem-estar, maior e mais vibrante será a participação política e tanto menos se falará, por exemplo, da compra de consciência ou, particularmente, na ‘compra de votos’. Haverá menos dependência”, referiu.
Nesta frente de combate, o mais alto magistrado da Nação considera fundamental o envolvimento dos jornalistas e órgãos de Comunicação Social públicos e privados.
“A imprensa livre, forte e independente é um dos mais sólidos garantes da Democracia. Aliás, não se concebe Democracia sem imprensa livre”, realçou.
No seu discurso, Neves voltou a chamar a atenção para “o clima de crispação política no país”, reiterando a sua disponibilidade para contribuir para a distinção do debate político e do diálogo social.
O Presidente da República não esqueceu a pandemia que, segundo diz, também afectou a saúde da democracia a nível global, mas que em Cabo Verde, mesmo durante o período em que esteve em vigor o estado de emergência, cumpriu-se a Constituição.
Um dia de regozijo, mas também de reflexão
Por seu lado, o presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, encara o 13 de Janeiro como um dia de júbilo, mas também de reflexão sobre o que os valores da liberdade e democracia representam para os cabo-verdianos.
“Não temos outro caminho senão defender e renovar a democracia, fortalecendo permanentemente as condições em que ela é exercida", afirmou.
O chefe da casa parlamentar declarou que promover o desenvolvimento e crescimento é a forma mais eficaz de lutar contra a pobreza extrema – “a maior ameaça que a nossa democracia enfrenta nos dias de hoje”.