Em conferência de imprensa, o líder da autarquia explicou que resolveu pronunciar-se agora sobre o caso porque estava à espera que as instituições envolvidas na operação dessem os devidos esclarecimentos sobre o que realmente aconteceu, para não dar azo a especulações.
“A Câmara Municipal não tem nada, mas mesmo nada a ver com a situação. É um conflito entre dois cidadãos deste município, muito conhecidos por todos na praça pública, que se desentenderam há muito tempo”, afirma.
“Quase todos os munícipes têm processos de terreno e casas inscritos, não só na Câmara Municipal, mas também na Conservatória dos Registos Civil, no Cartório e outras instituições. Por isso, não entendemos o real motivo desse espectáculo formado aqui, dificultando o trabalho dos funcionários, muitas audiências foram canceladas, inclusive a emigrantes e outros expedientes. Todo esse alvoroço para levarem seis folhas de papel: certidão matricial, escritura e pagamento de terreno”, explica.
Augusto Neves lembra que os processos de compra e venda de terrenos também envolvem outras instituições, pelo que não entende o facto de apenas a Câmara Municipal de São Vicente constar da nota emitida pela Polícia Judiciária. O edil fala em motivações políticas.
“Vamos respeitar esta instituição eleita pelo povo. A Câmara Municipal é uma pessoa de bem e como tal merece o respeito de todos, principalmente das instituições do Estado. Formou-se na quarta-feira um alvoroço tremendo como se um crime violento tivesse acontecido dentro da Câmara Municipal: muitas viaturas na porta, a comunicação social, só para levarem seis folhas de papel. Sou obrigado a pensar que existem motivações políticas”, considera.
Recorde-se que a Polícia Judiciária anunciou, na quarta-feira, o cumprimento de seis mandados de busca, revista e apreensão,no decurso de investigações de um processo-crime por Burla Qualificada que se relaciona com compra e venda de terrenos na ilha de São Vicente. Para além da Câmara Municipal, a nota refere que a mesma operação foi realizada a duas residências particulares pertencentes a “dois dos implicados no mesmo processo”, na vila piscatória de São Pedro e em Chã de Alecrim.
A força policial afirma que as buscas resultaram na apreensão de vários documentos, equipamentos informáticos, contratos, plantas de localização, procurações, certidões de registo predial, certidões e escrituras da Câmara Municipal de São Vicente, entre outros documentos, que serão submetidos a exame e avaliação.
A mesma nota não especifica o que é que foi apreendido na edilidade mindelense. Questionado, o presidente da câmara, Augusto Neves garante que nenhum equipamento informático foi levado dos serviços.