Na declaração política de balanço de 2022, proferida hoje, dia em que arranca a última sessão parlamentar do ano, Rui Semedo, avaliou que as respostas do Governo, perante as sucessivas crises que Cabo Verde tem enfrentado, durante o ano, foram na “perspectiva da intensificação da propaganda e a exploração” do marketing como instrumentos para “anestesiar” as pessoas e vender uma “realidade falsa”.
“As pessoas viveram em grandes dificuldades, o nível da pobreza aumentou, a taxa de desemprego disparou para níveis incomportáveis, o desemprego jovem subiu para níveis máximos, os preços dos produtos elevaram-se para patamares altíssimos e viver com dignidade passou a ser uma miragem”, referiu.
Na declaração política , o PAICV apontou que a agricultura não mereceu a devida atenção, a água continua a escassear e as promessas da sua disponibilização não estão a sair do papel. A pesca continua a ser um "parente pobre" e durante este ano, como indicou o líder do PAICV, não registou nenhum investimento público para melhorar o desempenho do sector.
“A economia marítima, no seu todo, parece estar à espera de melhores dias com oportunidades perdidas, investimentos adiados e potencialidades desaproveitadas.As respostas às exigências de normalização das diversas carreiras profissionais continuam a ser adiadas com impactos negativos na motivação de várias categorias profissionais”, considerou.
PAICV considerou que o país continuou a ter muitos desperdícios em termos de recursos humanos, recursos materiais e recursos Financeiros no meio de “muita intransparência” na gestão dos recursos públicos.
“A Administração, que deveria ser isenta, está a ser dirigida com base em privilégios de grupos ou de clãs de referência para o recrutamento de dirigentes para a Administração directa ou indirecta do Estado. Os transportes teimam em não se libertar das assombrações e maus-olhados, apesar de todos os exorcismos e de todas as esconjuras”, disse.
Rui Semedo apontou que a criminalidade “campeia solta” e a insegurança como um dos problemas mais graves do país, reclamando medidas urgentes sob pena de se comprometer o futuro de Cabo Verde.
“A democracia ressente da falta de diálogo e da negociação políticas e está condicionada pela arrogância que parece ter se instalado na cultura e nas atitudes dos actuais detentores do poder. A declaração de contingência para São Vicente, nestas condições, é mais uma facada no coração da democracia. São Vicente pode ser ajudado a resolver os problemas da chuva sem este expediente de contingência”.
Perante todas as dificuldades, o PAICV sublinha que Cabo Verde é um país especial pelo facto de ser um país que “enfrenta com sucesso os desafios”.
O PAICV destacou os feitos da selecção sénior masculino de andebol no campeonato africano das nações, o 4º lugar do power ranquing do apuramento para a Copa Mundial da FIBA, no basquetebol, as medalhas de prata no campeonato do Mundo dos paraolímpicos. As sete medalhas conquistadas pelos pugilistas no campeonato da Zona II de Boxe e ainda entre vários outros ganhos o lembro que Cabo Verde se sagrou campeão do mundo do fisiculturismo e vice-campeão na categoria do Men’s Physique.
“Uma forma de pagar seria, e esta é uma proposta, constituirmos um fundo nacional para a participação de Cabo Verde nas competições internacionais para, primeiro garantir que nenhum cabo-verdiano, em condições de competir, ficasse de fora das competições internacionais, segundo, que todas as equipas de todas modalidades possam participar, sem sobressaltos e sem humilhações, nos compromissos internacionais e terceiro, para que haja uma fonte estável para financiar os compromissos internacionais”, propôs.
Ainda em resumo dos ganhos do ano corrente, PAICV lembrou das actividades culturais que engrandecem o país, como o caso do poeta José Luiz Tavares, que foi galardoado com dois prémios: um seleccionado para a primeira edição das bolsas de Residência Literária Eça de Queiroz e segundo, o prémio Ulysses 2022 e a escritora Dina Salústio agraciada com o Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia 2022.
Outro registo, apontado pelo PAICV, é a recente vitória da modelo Stephany Amado como 1ª Dama e Miss Internacional África.
Em comunhão com a época festiva, o PAICV disponibilizou-se para o diálogo e entendimento sobre as questões nacionais, e garante que, acima de tudo, colocando em primeiro lugar os supremos interesses dos cabo-verdianos que esperam dos políticos “uma atitude patriótica e responsável”.
“O PAICV acredita que se pode fazer política diferente nestas ilhas e que há espaço para se fazer mais e melhor para acudir as populações sofredoras para além de uma relação saudável com todos que queiram contribuir para um Cabo Verde mais desenvolvido, mais justo, mais solidário e com oportunidades para todos”, destacou.