O chefe do Governo foi questionado na noite desta segunda-feira, pelos jornalistas de São Vicente, sobre os recentes casos de assassinatos na ilha, aparentemente sem resolução, assim como episódios de criminalidade em Santo Antão e Sal, supostamente ligados ao narcotráfico.
“Nem todos os crimes são iguais. Há crimes mais complexos. Podem estar ligados a drogas, a tráficos, a situações mais difíceis de deslindar. E às vezes levam tempo, mas são apanhados. E é nessa perspectiva também que nós não devemos dramatizar. Eu sei que, ainda por cima, em meios pequenos, qualquer situação mais delicada ou de crime que sai fora daquilo que é o nosso padrão normal de hábitos e de comportamentos, choca. E deve chocar, para não sermos indiferentes a essas situações. Mas aquilo que eu posso dizer é que continuamos a ter a questão da segurança como prioridade”, afirma.
Na noite de 24 de Abril, um homem identificado por Hélder Gomes, também conhecido por Cabeça, de 46 anos, foi morto a tiros na Zona de Chã de Cemitério, próximo à sua residência. O caso aconteceu 109 dias após ter sofrido um primeiro ataque, a 7 de Janeiro, que culminou na morte do director técnico da ITAC, Ismael Neves, de 44 anos. Nessa altura, Cabeça e a esposa foram baleados, mas foram atendidos no Hospital Baptista de Sousa e sobreviveram.
Ulisses Correia e Silva diz que, independentemente da complexidade dos fenómenos criminais, os casos devem ser resolvidos.
“O princípio tem que ser o mesmo, dar um combate forte na prevenção, sistemas policiais que sejam efectivos, garantir que questões ligadas à droga, que são crimes muitas vezes complexos pelas envolvências que têm, possam ser devidamente resolvidos. Estamos à altura de fazer a investigação policial para podermos apanhar essas situações e julgá-las. É essa a resposta que eu quero dar. Portanto, não são situações desejáveis, são situações que nós temos que dar respostas efectivas para que não aconteçam com frequência no nosso país”, refere.
Sobre o silêncio das autoridades perante estes casos, o Primeiro-ministro diz que, no geral, a polícia cabo-verdiana não comunica muito bem, quando há criminalidade mais violenta.
“Muitas vezes, essa forma de actuação é no sentido de salvaguardar a própria investigação. Mas são casos concretos que não tenho dados, mas eu creio que a nossa polícia, de uma forma geral, não comunica muito bem. Sem pôr em causa casos concretos que devem ser geridos, mas se nós compararmos, por exemplo, àquilo que acontece nos Estados Unidos, quando sempre há situações de criminalidade mais violenta ou que criam mais susceptibilidade nas pessoas, há sempre uma comunicação, não só para sossegar, mas para dizer que nós estamos atrás, estamos a acompanhar, estamos a tentar resolver”, entende.
Ulisses Correia e Silva diz que a segurança e a prevenção criminal continuam a ser uma das prioridades do Governo.