"Cabo Verde tem avançado muito com os ODS", sobretudo nos relacionados à erradicação da pobreza, fome zero, agricultura sustentável, saúde e educação, mas "ainda persistem desafios", porque são necessários "mais dados, sobretudo relativos ao meio ambiente", considerou a coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela de Souza.
À margem da segunda reunião anual do comité de seguimento das Nações Unidas e Cabo Verde, Portela de Souza referiu que, apesar dos desafios, o país está acima da média global no cumprimento dos ODS.
Esta reunião, realizada duas vezes por ano, junta Governo, sociedade civil, sector privado e outros parceiros, com o propósito de avaliar e desenvolver o plano de trabalho conjunto.
Os resultados indicaram que, embora Cabo Verde tenha tido um bom desempenho na redução da pobreza e em diversas metas de saúde e educação, faltam dados actualizados para mais de metade dos indicadores dos ODS, com apenas 42% reportados, principalmente no sector ambiental.
De entre as estratégias definidas para 2025, destacam-se três áreas prioritárias: talento humano e protecção social com foco na saúde, educação, criação de rendimento e inclusão social, abrangendo jovens, mulheres, crianças e idosos.
Há ainda uma aposta na diversificação económica e ambiental visando a promoção da economia azul, formação de mão-de-obra e protecção ambiental, tanto marinha como terrestre.
Estão também entre as prioridades, a governança e coesão territorial, com atenção às instituições e alinhamento com o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDES II).
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, José Filomeno Monteiro, disse que é necessário reforçar as capacidades nacionais na implementação de programas, sobretudo no combate às alterações climáticas e no aperfeiçoamento de mecanismos de coordenação com as Nações Unidas e outros parceiros.
Referiu também os esforços de Cabo Verde por uma posição conjunta dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, sigla inglesa), apelando à criação de novos instrumentos de financiamento, adequados às suas vulnerabilidades.
"No nosso caso, mais do que a vulnerabilidade, é a ausência de resiliência por causa dos custos da insularidade e pela dispersão territorial", que colocam os países numa posição difícil, disse.
O ministro reforçou a importância da aprovação do índice multidimensional de vulnerabilidade e a futura introdução do índice de resiliência, defendendo que estes mecanismos são cruciais para garantir justiça e equidade no acesso ao financiamento e no reconhecimento das especificidades dos SIDS.
"Alguns países ainda resistem, mas nós vamos continuar com a advocacia, porque este é um mecanismo de capital importância para os SIDs e outros grupos vulneráveis", reiterou.
Os ODS são 169 medidas, agrupadas em 17 grandes objectivos (nas áreas social, ambiental, económica e institucional) escolhidos pela Organização das Nações Unidas, que propôs como meta implementá-los até 2030.
Erradicação da pobreza, “fome zero” e garantir boa saúde e bem-estar para todos são os três primeiros grandes objectivos da lista.