​UCID denuncia crime ambiental em São Vicente e pede actuação da PGR

PorLourdes Fortes, Rádio Morabeza,1 set 2025 12:08

A UCID considera que houve um crime ambiental em São Vicente e espera uma actuação da Procuradoria-Geral da República neste sentido. Os democratas-cristãos justificam a posição com a falta de medidas concretas que poderiam ter minimizado o impacto das chuvas que provocaram 9 mortes na ilha.

Posição expressa pelo vereador António Monteiro, em conferência de imprensa, realizada hoje ao pé do Centro de Saúde da Bela Vista, para uma avaliação dos trabalhos de desobstrução e retoma da ilha, 21 dias depois da passagem da tempestade Erin.

“É um assunto do qual tenho falado no parlamento, na comunicação social, que é preciso prestar atenção com o que acontece em São Vicente e nada foi feito. Por exemplo, temos as bacias de retenção aqui nas ribeiras, com 6 válvulas de cunha, ou outro tipo de válvula, com um diâmetro de 215 ou 315 milímetros, poderia reduzir drasticamente a quantidade de água na Avenida 12 de Setembro. Já falei sobre isso vezes sem conta, mas ninguém se preocupou em fazer isso. Alguém se preocupou em desassorear os diques de que já falamos várias vezes? Ninguém fez nada. Portanto, não tendo infraestruturas de contenção para reduzir as energias da água quando a chuva cai, o desastre era esperado. Se tivéssemos desassoreado e tomado determinadas medidas técnicas, os estragos seriam muito menores e aqui estamos, sem sombra de dúvidas, perante um crime ambiental. E quem de direito, a PGR, deveria agir”, sublinha.

Numa outra frente, os deputados da UCID eleitos em São Vicente afirmam que a resposta para a retoma da ilha continua lenta e sem os equipamentos necessários para a limpeza da ilha.

“Em primeiro lugar, para dizer que a situação actual, nesse preciso momento em que estou a falar, já deveria estar ligeiramente melhor. E não está. Está porque nós continuamos a ter esgotos a céu aberto, nós continuamos a ter centenas de pessoas cujas casas foram terrivelmente abaladas e encontram-se com quantidades enormes de enxurradas atrás das casas e dentro do seu quintal. E não está porque o Governo está a reagir de forma extremamente lenta. 21 dias depois já era a altura de termos um posicionamento claro do Primeiro-Ministro relativamente às medidas que têm de ser tomadas para relançar a vida normal em São Vicente. E, infelizmente, até hoje, nunca se conheceu nenhuma medida assumida pelo Governo relativamente à reconstrução da ilha de São Vicente

Os democratas-cristãos apontam para a necessidade de maquinaria específica para os trabalhos de limpeza e desobstrução, nomeadamente máquinas giratórias, máquinas de arrasto, bulldozers, “para fazer a recolha das grandes quantidades de terra que estão amontoadas”.

António Monteiro aponta o dedo à falta de um plano de trabalho para as intervenções em curso e acusa o presidente da autarquia de recusar apoio técnico dos partidos eleitos na oposição.

“A Câmara funcionou de uma forma atabalhoada [na resposta à crise]. Nós, os vereadores da UCID, na quinta-feira, 5 dias depois da tempestade, dissemos ao presidente que estávamos dispostos a dar a nossa colaboração. Recusou, dizendo que, já que não assumimos pelouros, não tinha nenhuma responsabilidade para nós. Nós poderíamos ter dado o nosso contributo na situação dos esgotos. Pessoalmente, eu poderia ter tratado disso, da limpeza das ruas com os equipamentos, porque é um trabalho que, tendo em conta a minha profissão, sinto-me à vontade para o fazer. Portanto, há um esforço demasiado sobre determinadas pessoas quando esse esforço poderia ser compartilhado com outros e se poderia fazer um trabalho de melhor qualidade. A Câmara está a empurrar isto com a barriga. Não há um plano. Há dias perguntei ao presidente se tinha um relatório preliminar para apontar os estragos e possíveis caminhos para resolução desse problema, e como diz a minha mãe: ‘se ele dá um pio, uma pedra fala’”, refere.

A Câmara Municipal de São Vicente anunciou, na sexta-feira, um novo pacote de medidas pós-tempestade para apoiar os operadores locais, nomeadamente o perdão de dívidas de rendas nos mercados municipais e na Praça Estrela, além de isentar o pagamento dessas rendas, do imposto de circulação aos veículos de transporte público, isenção das licenças comerciais durante um período de 12 meses, entre outras.

A UCID congratula-se com as medidas que, no seu entender, irão “minimizar” os impactos negativos provocados pela tempestade, mas lamenta que o pacote não tenha sido discutido com as várias sensibilidades políticas na autarquia mindelense.

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Autoria:Lourdes Fortes, Rádio Morabeza,1 set 2025 12:08

Editado porAndre Amaral  em  2 set 2025 14:19

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