O grupo teatral nasceu em Fevereiro de 1993, por iniciativa de João Branco, então um jovem professor de Ciências da Natureza recém-chegado a Cabo Verde que dava os primeiros passos nas artes cénicas.
“Fiz uma proposta à directora do Centro Cultural Português para abrir um curso de iniciação teatral e temos como data da fundação do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português o dia da primeira aula, que foi a 18 de Fevereiro de 1993”, disse, em entrevista à agência Lusa, a propósito do aniversário do grupo.
Um primeiro dia que acabaria por ser uma verdadeira surpresa para João Branco.
“Quando entrei na biblioteca do Centro Cultural Português tinha quase 50 inscritos. Era tanta gente que tivemos de dividir o curso em duas turmas para não deixar ninguém de fora. Foi uma surpresa muito grande”, disse.
“Foi um momento muito especial e considero, até hoje, que aquelas pessoas que lá foram no dia 18 de Fevereiro são as fundadoras do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português”, acrescentou.
A primeira peça apresentada pelo grupo foi “Fome de 47”, baseada num texto que retractava as dramáticas fomes em Cabo Verde ainda durante o período colonial.
“Fazia de colonialista português e de mau da fita. Foi o meu primeiro papel interpretado em Cabo Verde, mas não havia outro actor branco”, lembra João Branco.
A partir deste primeiro espectáculo surge o projecto de artes cénicas do Centro Cultural Português do Mindelo com as valências de formação e produção, que se mantém até hoje.
“A partir daí nunca mais paramos”, disse João Branco.
O grupo de teatro produz uma média de mais de dois espectáculos por ano, mas para assinalar o aniversário a ambição é estrear três peças e repor seis, um programa que João Branco reconhece ser “muito ambicioso”.
“Crónicas do Mindelo”, do escritor mindelense Rocca Vera Cruz, em Março, “Tudo junto Separado”, com base num texto de Lisa Reis, vencedora do concurso de dramaturgia do instituto Camões, em setembro, e “A Metamorfose” de Franz Kafka, em Novembro, são as estreias previstas.
Às estreias, junta-se a reposição se seis espectáculos produzidos ao longo dos 25 anos do grupo, entre as quais, a mais antiga é “Cloun Creolus Dei”, estreada em 1999 e já reposta em 2004.
A ideia de João Branco é conseguir juntar alguns dos atores fundadores e da “velha geração” do grupo, que há dez anos se tornou numa estrutura de produção, que a cada espectáculo convida um elenco.
“A mobilidade em Cabo Verde é enorme, há muito pouco emprego e podemos estar a investir numa formação de dez elementos e três meses depois só ter dois e no ano seguinte não ter ninguém. Agora que estamos a comemorar os 25 anos se quiser fazer um espectáculo que foi feito há cinco anos não tenho praticamente ninguém do elenco”, considerou.
A internacionalização tem sido também uma aposta do colectivo, que no ano passado apresentou sete espectáculos em Portugal e no Brasil.
“Foi um ano dedicado à internacionalização, tivemos muitos convites e como eram espectáculos de pequeno formato, permitiram-nos ter essa possibilidade de viajar”, disse.
“Este ano vamos concentrar-nos nas comemorações e queremos que sejam feitas em Cabo Verde para o nosso público, o público do Mindelo e também da Praia, onde prevemos ir duas vezes”, acrescentou.