Ângela Barbosa teceu estas considerações em entrevista à Inforpress, em Lisboa, a propósito do terceiro aniversário do Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), que foi inaugurado a 06 de Julho de 2019.
Frisou que o maior desafio que se coloca tem a ver com a questão orçamental, porque “é sempre complicado” organizar eventos culturais com um “orçamento pequeno”, mas que “nunca foi impeditivo” já que também contam com a parceria e o apoio dos artistas cabo-verdianos, bem como de organizações que “prezam” a cultura cabo-verdiana.
“Os maiores ganhos são, inegavelmente, uma maior visibilidade para a cultura cabo-verdiana e para os nossos artistas. Sendo uma organização do Estado de Cabo Verde, que não tem fins lucrativos, o facto de dispormos de um espaço que está disponível para apoiar as iniciativas da nossa comunidade, é uma mais valia para todos, principalmente neste período em que todos enfrentamos dificuldades no que diz respeito à capacidade financeira para suportar os custos da organização de eventos culturais”, disse.
Inaugurado por ocasião da celebração dos 44 anos da independência de Cabo Verde, cerca de sete meses depois, a pandemia covid-19 começou a atingir o seu primeiro pico, um tempo que obrigou a gestão a um exercício de adaptação ao momento actual, recorrendo às novas tecnologias e às novas formas de comunicar.
Quando se iniciou o confinamento tinham a programação de “Março Mês da Mulher” já preparada, o que obrigou a reduzir tudo a uma escala pequena, com inaugurações de exposições à porta fechada e cancelamento de todos eventos presenciais, um momento que serviu também para analisar de que forma se poderíamos continuar a levar a programação do CCCV ao público, levando a concentração a uma programação essencialmente digital e com rubricas variadas.
“Gravámos vídeos de dança e outras performances, pintura e gastronomia, inclusive convidamos artistas que residem fora de Portugal, como foi o caso do Mano Preto, do Raiz di Polon, em Cabo Verde, e do Mito Elias, que reside na Austrália. Isto mostra também o caráter abrangente e a versatilidade do CCCV, que está localizado em Portugal, mas existe para toda a diáspora cabo-verdiana”, sublinhou.
Desde a sua criação, CCCV tem funcionado “sem grandes sobressaltos”, segundo Ângela Barbosa, cumprindo a sua agenda e levando a cabo uma programação variada, que abarca várias áreas da cultura cabo-verdiana, lusófona e africana.
Além da programação própria estruturada de acordo com datas importantes para Cabo Verde, o CCCV tem acolhido eventos de vários parceiros, desde escritores, artistas plásticos, músicos, organizações cabo-verdianas e de países amigos, entre outros momentos culturais.
Ângela Barbosa conta que além da programação de 2022 em curso, também o ano de 2023 está no “bom caminho”, com projectos que envolvem a língua, a música e a dança, sendo que nos próximos tempos a gestão do centro quer envolver “ainda mais” a comunidade cabo-verdiana, indo ao seu encontro.
“A Embaixada, através do Serviço de Promoção das Comunidades esteve sempre próxima, sempre marcou presença em eventos da comunidade como as festas religiosas e outras celebrações e mesmo nos momentos menos bons. Agora queremos que o CCCV seja parte integrante da vida da nossa comunidade, porque a nossa cultura é que nos une em torno de Cabo Verde, não importa a ilha de onde se é originário, Cabo Verde é di nos (Cabo Verde é nosso)! Queremos que a nossa comunidade tenha presente que existimos”, constatou.