Esta informação foi avançada em entrevista à Inforpress pelo presidente do Mindelact, João Branco, para quem o convite para estar entre os 50 convidados a este evento deve-se ao trabalho que o Mindelact vem desenvolvendo em Cabo Verde desde a década de 90.
“São 50 espectadores convidados de 25 países de todos os continentes que se vão encontrar neste congresso. A grande novidade é que é a primeira vez na história do teatro, em todo mundo, que há um congresso internacional especificamente dedicado à problemática dos espectadores, ao outro lado do teatro, a quem recebe a obra de arte”, clarificou João Branco que é também programador, investigador e encenador de artes cénicas.
Segundo a mesma fonte, o Congresso Internacional de Espectadores de Teatro tem como objectivo principal o intercâmbio e partilha de experiências entre pessoas que, não só estão no lugar dos espectadores, mas também tem contribuído para uma evolução muito grande do ponto de vista do aumento do interesse pelo teatro nos locais onde desenvolvem as suas actividades.
Apesar de o encontro presencial ser a partir de 24 de Outubro, João Branco afirmou que o congresso já está a acontecer há cerca de um mês, porque o convidado reúne-se todas as semanas para discutir questões que estão relacionadas com as principais linhas de acção e de reflexão que o congresso escolheu e também para propor outras linhas de discussão.
“Todas as segundas feiras nós encontramos, debatemos vários assuntos e esses assuntos são depois colocados em resumo, no papel, e podem ou não dar origem a uma modificação no próprio programa do congresso. Portanto, a organização está a fazer algo extraordinário que é colocar os 50 participantes dentro daquilo que é a dinâmica da construção do próprio congresso”, frisou, informando que os participantes consertaram “estabelecer um espaço de diálogo no congresso onde com cada um possa falar sobre a sua experiência, no seu próprio país, para que as pessoas possam ficar informadas do que é que acontece em cada País”.
Neste momento, explicou, o congresso está a ser trabalhado em três linhas prioritárias. A primeira, avançou João Branco, é a questão da diversidade de toda a acção do processo artístico que implica também uma diversidade de públicos, a questão da participação e o papel do público no espectáculo de teatro além daquele que é o normal que é de estar sentado numa plateia a assistir.
“Por exemplo há uma linha de acção que já acontece em muitos países que são escolas de espectadores, que existem na Europa e na América do Sul, onde o espectador é preparado para o espectáculo de teatro, para reflectir sobre ele, para se informar sobre o espectáculo antes de o ver para estar preparado para receber aquele objecto artístico, o que é muito interessante” detalhou o encenador.
Conforme o presidente da Associação Mindelact há também a questão da transversalidade que, “de certa forma, faz parte da própria natureza do teatro, que é uma arte muito transversal que envolve não só outras formas de expressão artística, mas também nas suas temáticas, nas suas estéticas, no seu diálogo político e social que desenvolve em cada obra de arte”, adiantou a mesma fonte que se revelou “bastante entusiasmado por ter sido convidado a representar o teatro cabo-verdiano” e aquilo que apelidou de “movimento Mindelact que já existe há mais de 25 anos”.
Aliás, sublinhou, trata-se de um “evento inédito e com uma representatividade a nível mundial” e “estar entre as 50 pessoas, de 25 países do mundo, e ser um dos países de África a estar neste congresso é um reconhecimento do trabalho que já se fez ao longo desses anos”.