Num cenário optimista traçado no estudo Grandes Opções do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Turismo (GOPEDS - Turismo) em Cabo Verde o governo prevê um crescimento de 12% ao ano do sector, “tendo em consideração a tendência recente do ritmo de crescimento e os investimentos avultados em pipeline e em projecção, tanto nas ilhas de Boa Vista e Sal como em São Vicente e na Praia”.
Segundo este estudo, a que o Expresso das Ilhas teve acesso, o governo prevê igualmente que mesmo “numa hipótese de uma tendência evolutiva mitigada” que significa “uma oscilação no crescimento médio anual entre 9% e 12%, estes valores seriam tendencialmente na casa dos 10-11%, o que é, per se, um crescimento acelerado, quase três vezes superior à média de crescimento anual do turismo a nível mundial”.
Mesmo numa óptica de uma taxa de crescimento mais moderado, prossegue o estudo, “no mínimo, o País registaria mais de 1 milhão de turistas/ano até 2021, contribuindo para quase 13 mil empregos directos e cerca de 38 mil empregos indirectos, sendo mais de 6 mil novos empregos directos e mais de 13 mil novos empregos indirectos, para um total de quase 20 mil novos empregos directos e indirectos”, comparado com os números de 2016.
“Equacionando estas tendências de criação de emprego com a evolução demográfica da população activa no País, esbarra-se com o facto de se atingir o pleno emprego antes de 2025”, diz ainda o estudo.
No entanto, o estudo também lança um alerta para o facto deste crescimento do emprego vir a criar assimetrias entre a procura e oferta de emprego no país uma vez que estes seriam criados essencialmente nas ilhas do Sal e Boa Vista.
“Dada a assimetria entre a oferta e a procura da mão-de-obra no país, o rápido nível de crescimento do turismo nas ilhas de Sal e Boa Vista, a curto e médio prazo, só agrava ainda mais o êxodo de trabalhadores dos municípios com excesso de mão-de-obra, nomeadamente do interior de Santiago, da ilha de Santo Antão e da ilha do Fogo, embora com menor incidência nas ilhas de S. Nicolau e Brava”, avança o documento. “Perante este cenário, a Governação precisa de estudar medidas que apliquem políticas de desconcentração e descentralização para fixar populações com trabalho local no segmento de turismo rural e ecológico, para além de outras medidas para criação de emprego nas comunidades”, prossegue o estudo que avança igualmente com uma solução: “Esta situação resultará certamente na escassez de mão-de-obra nas ilhas importadoras, o que só poderá resultar na necessidade de importação de mão-de-obra estrangeira, como acontece em tantos outros País, como no Médio Oriente, Singapura, Macau, Maurícias e Seychelles, entre muitos outros”.