Na abertura do encontro, a secretária executiva da Comissão Económica para África (ECA), Vera Songwe, disse que a capacidade de aumentar a arrecadação de receitas é a chave para que o continente tenha a capacidade de financiar seu desenvolvimento, em particular a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e a Agenda 2063.
Segundo Songwe, uma economia típica do continente arrecada apenas cerca de 16% do PIB em impostos, com excepção de países como o Marrocos, que colectam pelo menos 25%. A África do Sul e Ruanda são outros dos países que conseguiram alavancar novas tecnologias para expandir a arrecadação de receitas.
“O potencial da África é e sempre foi promissor. Com uma população crescente em idade activa; uma terra arável abundante e uma infinidade de outros recursos, o continente tem todos os pré-requisitos para uma rápida transformação económica na próxima década ”, disse.
“No entanto, assegurar a disponibilidade de recursos públicos adequados e investimentos de qualidade para impulsionar a mudança estrutural exige políticas reactivas que promovam a sustentabilidade fiscal, optimizem os retornos da actividade económica e permitam que as economias participem plenamente num mundo cada vez mais interconectado e globalizado”.
“Estamos a procurar como podemos financiar melhor, mais rápido e mais equitativamente o nosso crescimento e como podemos garantir que as nossas populações jovens participem nesse crescimento”.
Songwe sublinhou que o continente poderia aumentar as receitas em 3% do PIB se resolver as limitações de capacidade tributária. Além disso, ao alinhar melhor as taxas e receitas com os ciclos de negócios, os países podem aumentar a receita do governo em 5% .A perspectiva de crescimento de médio a 3 a 4% para a África é insuficiente para estimular a qualidade dos investimentos capazes de gerar empregos e acelerar o crescimento inclusivo.
“Com pouco mais de uma década para atingir as metas de desenvolvimento sustentável, é imperativo que os mecanismos de mobilização de recursos internos sejam revolucionários, para preencher o défice financeiro, promover a estabilidade macroeconómica e limitar o endividamento externo”, referiu.
Songwe também destacou a importância da digitalização e da economia digital não só para o crescimento económico como para a optimização do desempenho fiscal no continente.
África tem de crescer três vezes mais para cumprir a Agenda 2063
3,2 em 2018, 3,4 em 2019, 3,8 em 2020. Estas são as previsões de crescimento económico para o continente entre o ano passado e o próximo, mas não chegam, como concluiu o ultimo relatório sobre a situação económica e social em África, apresentado esta quarta feira em Marraquexe, na abertura da 52ª sessão da Comissão Económica para África.
Já o ex-presidente do comité de especialistas Elsadig Bakheit Ilfaki Adballa, do Sudão, também pediu ao continente para abraçar a era digital para assim expandir a sua base de receita, criar emprego para os jovens e lidar com a maioria de seus desafios.
"Com o advento da era digital, África pode usar as novas tecnologias para impulsionar o desenvolvimento sustentável no continente", disse. Mais tarde, em conversa com o Expresso das Ilhas, Adballa reforçou que o continente precisa de criar “muitos Silicon Valleys nos mais diversos países. Há material humano habilitado, precisamos é dos instrumentos”
O presidente estreante, Zouhair Chorfi, secretário-geral do Ministério de Economia e Finanças do Marrocos, disse que a digitalização é uma grande oportunidade para a África.
"Nosso continente está maduro para a transformação e Marrocos está pronto para desempenhar seu papel, certificando-se de que optimizamos as ferramentas digitais em ferramentas reais para África e assim potencializar o desenvolvimento do continente", referiu.
*em Marraquexe